Por Odemirton Filho
Segundo a história, o alcaide era o governador de uma cidade ou vila fortificada durante a Idade Média. Posteriormente, o título designou vários cargos administrativos e, em alguns países, a denominação é atribuída a autoridade máxima de um município.
Mossoró, de igual modo, teve o seu alcaide, como Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia, às vezes, denominava-se.
Dix-huit foi eleito prefeito de Mossoró em 1972, 1982 e 1992. Porém, antes de ser prefeito, elegeu-se em 1947 deputado à Assembleia Constituinte do Rio Grande do Norte. No pleito de outubro de 1950 se elegeu deputado federal e em 1958 foi eleito senador.
Lembro-me da campanha de 1992, na qual o Velho Alcaide, então com oitenta anos, disputou a prefeitura contra o candidato da prefeita Rosalba Ciarlini, Luiz Pinto, que era o vice-prefeito, o advogado Paulo Linhares e o professor Luiz Carlos Martins.
Em 1992, estando Dix-huit com idade avançada para aguentar o ritmo de uma campanha eleitoral, não se acreditava em sua vitória. A campanha foi difícil. Uma luta renhida para vencer o pleito.
Em Mossoró de outros tempos, como em qualquer cidade do interior, os ânimos ficavam exaltados. Os comícios, passeatas e carreatas sempre fizeram parte das campanhas eleitorais.
“Curiar” o comício do adversário era costume pra ver onde tinha mais gente. A vigília na véspera da eleição “varava” a madrugada, “pastorando” os correligionários do outro candidato. Talvez em algumas cidades ainda seja assim.
Se o comício era grande, realizava-se no largo do “Jumbo”, atual Ginásio de Esportes Pedro Ciarlini Neto, e no largo da Cobal. Muitas vezes, é claro, depois da tradicional descida do grande alto de São Manoel.
À época eram permitidos os showmícios. Assim, para atrair multidões, os candidatos traziam cantores ou bandas de renome nacional. Uma verdadeira festa. E das boas. Bebida à vontade.
Certa vez, ouvi um discurso do Velho Alcaide. Um orador de primeira. Disse na ocasião que se pudesse, traria algodão para cobrir o chão de Mossoró, para pisar e não machucar a terra que tanto amava. A multidão presente ao comício foi ao delírio.
São conhecidas as suas frases. Gostava de dizer que o que sentia por Mossoró não era amor, não era paixão, era obsessão. E que quem não faz um pouco mais por sua terra, não fará nada pela terra de ninguém.
Naquela campanha, percorrer os bairros e a ruas de Mossoró não era tarefa fácil. Os seus correligionários tinham que se desdobrar, diante da natural dificuldade do candidato a prefeito.
Por outro lado, a campanha eleitoral de Luiz Pinto era só alegria. “É o pinto, é o pinto”, dizia a letra da música. As pesquisas divulgadas, internamente, davam como certa a vitória do candidato da prefeita.
Prego batido, ponta virada, pensavam os seus eleitores.
Que nada! Abertas as urnas, o velho mostrou toda a sua força, conforme mostra o resultado abaixo:
Eleições de 1992 (Fonte: Blog Carlos Santos):
– Dix-huit Rosado (PDT) – 37.188 (47,79%);
– Luiz Pinto (PFL) – 32.795 (42,15%);
– Luiz Carlos Martins (PT)– 6.557 (8,43%);
– Paulo Linhares (PSB) – 1.273 (1,64%);
– Brancos – 5.669 (6,49%);
– Nulos – 3.913 (4,48%);
– Maioria pró-Dix-huit Rosado – 4.393 (5,64%).
Daquela época, ainda ecoam na mente as músicas que embalavam a passeata, ao passar, de madrugada, próximo à minha casa, rumo ao comício da vitória.
“É o velho, é o velho”, gritavam entusiasmados os seus eleitores. Não era para menos.
Foi, sem dúvida, a coroação de uma carreira política vitoriosa.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Grande professor Odemirton Filho! gostei do texto e tomei a liberdade de fazer uma relação entre a situação e a oposição atual, mas com uma correção com relação aos que dizem: “(…)prego batido, ponta virada(…)”, atualmente, estão longe de cantar vitória antes do tempo, pois sabem a maquina que qualquer candidato de oposição enfrentará.
“a” velha Alcaide tem força, mas não é invencível.
Saudades das suas aulas e de escutar a sua opinião.
Um forte Abraço.
Excelente sua crônica Aldemirton Jr, retratou com fidelidade a paixão e entusiasmo do mossoroense por política na época. Lembro-me muito bem de tudo isso , abç.
O maior prefeito que nossa Mossoró teve até hoje, se não tivesse realizado tantas grandes obras que fez pelo seu torrão berço, pra mim duas delas já justificavam sua presença na cadeira destinada ao “VELHO ALCAIDE “, a construção da segunda ponte sobre o rio Mossoró na parte central da cidade e o projeto de revitalização do referido rio que nas diversas enchentes deixava bairros e centro da cidade submerso. É difícil falar sobre o grande velho alcaide, convivi com ele como político e empresário, inerente à negócios falávamos sobre salinas e fazendas, principalmente a velha Bamburral, aonde ele e dona Naide me receberam p almoço e café, sem o compromisso do convite, que ressalte-se isto, pois ali estive casualmente à negócios, e pelo o que ouvia do velho alcaide, a hora passava e os ensinamentos oriundos de tão grande inteligência me fazia perder a noção do tempo, o que me levava as vezes aí café da tarde, ou o almoço quando ali me encontrava pela manhã, lembro que sempre nestes momentos se encontrava com o grande Dix-Huit, o seu leal amigo/irmão, Luiz Silvério.
Odemirton, grato pelo artigo em tela, já se fazia por merecer!!!!
tricotomização *
e não revitalização.
Prof.Odemirton. Lembro muito dessa campanha. Serra Grande já com problemas de saúde. Eu tinha muito medo, nos comícios. Às vezes, ficava atrás dele e beliscava-o quando ele se entusiasmava, falando muito. Várias vezes, meu Serra Grande dizia…a minha filha está aqui atrás pedindo para que eu pare de falar, mas vou continuar…
Grande Figura humana.
Tenho um grande apresso por ele.
Dou e pós um busto do meu pai no centro de Assú
Era uma admiração recipuca entre ambos.
Verdade eu mim lembro muito bem, mas teve a campanha de 88 que era laire e laire ,era nas pesquisas lá em cima e deu Rosalba,será? Que esse ano vamos ter surpresa ?
É fácil encontrar a relação dos vereadores do PDT em 1992
NOTA DO BLOG – Nom dia, Paulo. É uma pergunta? Se for, eu tenho todo o conteúdo daquele pleito em termos de nomes e números. Só preciso encontrar.
Carlos Santos, era muito criança na época mas lembro um pouco dessas eleições. Gostaria de ver o número dos votos dos vereadores, a titulo de curiosidade, pois meu pai na época foi candidato a vereador pelo partido de Paulo Linhares.