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domingo - 24/07/2016 - 07:09h

Olhos da alma – além do infinito

Por Marcos Pinto

“Para a  nossa  avareza  o  muito  é  pouco.  Para  a  nossa  necessidade, o  pouco  é  muito”.(Sêneca)

Na  amplitude  assustadora do  silêncio  sepulcral   oscilam  os  olhos  da  alma,  filtrando  na retentiva  do  desconhecido  mistérios  envoltos  no além do  infinito.  Surge  o   espectro  da  interrogação,  ampliando  os  horizontes  do  pensamento.

Busca-se,  de   forma  incontida, algo    transcendental,  exorcizando  fatos  e  pessoas   que  há  muito  já  dobraram as esquinas do  tempo, sumindo  na  ribanceira  do  esquecimento.  As  profecias  ancestrais    arreganham os  dentes   da  realidade  crucificante, evidenciando  nos vincos  da  face  atormentada   um  remorso  adormecido,  que  já não  pode  fugir  aos  escrúpulos  da  consciência.

As garras  de  um  pecado profundo  sintomatiza  um  merencório  e  dolente  peso  de  consciência.  O  destino   imprevisível   rasga-lhe  as entranhas  do   passado,  num lance  de  cobrança  improrrogável, sem  deixar espaços  para  evasivas  e  titubeios.

Não  há  como  empreender  fuga.  A  realidade  quer se  acobertar  na  senilidade  assediante.  O  passar  dos  anos  fez  surgir um  muro indevassável, sem  saída, construído com  a   asquerosa  argamassa  dos  mais  profundos  pecados..  A  inflexível  cobrança  dos  desiígnios  do destino  já  não  permite  diminuir  o atroz  e  mortificante  peso  da  consciência.

Pulsa-lhe  um  coração  tardiamente  arrependido . obrigando-o   a  ver  passar a  procissão  espectral  de  todas as  injustiças,  cometidas  de forma vil  e  covarde  contra  indefesos  semelhantes.   A  ânsia  de  acumular  riqueza  material   impedira-lhe  de   ver  e  sentir  as   virtuosas   manifestações   cristãs., focando  o  bem  comum.  A  sequidão  da   avareza    impregnou-lhe  na  alma  a  aridez   dos  tormentos  infindáveis.   Deus  mostrara-lhe  o  caminho  farto e  fértil,  que a  ganância   e  o  egoísmo  impediram-no  de  ver.

Dói-nos  a  constatação   de  que  o  TER  tem se  sobreposto  ostensivamente  sobre  o  SER, forjando espíritos   ensandecidos, capazes  da prática  de todos  os  males, para  atingir  interesses  os  mais  escusos  e  espúrios.   Antigamente,  predominavam   pessoas   profundamente virtuosas, que  faleciam  em  odor  de  santidade.

Hoje, escasseiam  os  sentimentos  nobres,  pisoteados  e  garroteados pela  ganância  e   egocentrismo.  Vive-se  o   teatro  da  agonia, com protagonistas  obrigados   a  dar  os  passos  numa    coreografia  de   tristeza e  dor.  O amor  jaz  no  pano  caído  e  surrado  do  teatro  real.   Sobejam  as  omissões  cúmplices  diante  tantas  injustiças, suscitando  uma  sucessão  de  tragédias  aniquiladoras   do  bem  estar coletivo.

De  sorte, que  resta-nos  a   certeza  da  existência de  muitas  almas  nobres,  detentoras  de  hábitos  tão  antigos   quanto  bons.  Diante  tantas interrogações,  depara-se  com  a  certeza de   que  a  ingratidão  traz  consigo  o  gosto  mais  amargo  da  vida.  De  nada  adianta  dar  o  mel, para  depois  submeter  ao  gosto   do  fel.

Resta-nos  protestar  contra   esse  clima  de  apreensão  e  escassez  de  bom  senso.  O  amigo e  primo François  Silvestre  e  o   Alceu   Amoroso Lima  são   dois  grandes  Pensadores que  nos  massageiam  a  alma    com  a  plenitude  dos  seus ensinamentos.

O  primeiro, enfatiza  que  “O   tempo  deixa  perguntas,  mostra  respostas  e  traz  verdades”.  O  segundo, sentencia  que  “O  passado  não  é aquilo  que  passa, mas  aquilo que  fica  do  que  passou”.  Nesse  mundo  tão  perverso  e  materialista, vivo   minha  solitude, adotando   as palavras  do   grande  Pensador  Vicente  Serejo:   “Vivo de  bem  com  a  vida, sem  culpá-la  dos  fracassos  pessoais  e  do  destino  sem   fortuna”.

Até  mais  ver.

Marcos Pinto é escritor e advogado

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Categoria(s): Artigo

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