Por Clauder Arcanjo
Até ontem, tão recente, acreditava que poderia me insurgir contra os teus olhos. De um azul tão blues, daquele azulado assim, sabe, piscina precipício.
Bem quase agora, foi ontem, eu me imaginava livre das algemas das tuas mãos. Mas, hoje, parece-me tão claro, concluo que sou escravo de ti para ser feliz em mim.
Até ontem. Porém…
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Lampejo de vida, naco de riso, em meio à lama da tragédia diuturna. Halo de luz no caldo da extensa e temida escuridão. Gota de riso na pedra rascante da dor. Teu nome? Ressurreição.
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Chega, não quero mais novidades. Estou cansado de tanta metamorfose vazia. Por favor, um gole de tradição!
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Sua filosofia recebia forte influência de Baco, pois só a professava sob os eflúvios do vinho.
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Façamos uma escada para o céu com os nossos destroços; lá nós poderemos, quem sabe, encontrar as estrelas.
Clauder Arcanjo é professor, engenheiro, escritor e editor de livros
Caro Carlos, em mais um domingo plural em que poucos sabem usar da ferramenta palavra seja ela escita/falada, mais uma vez o nosso Clauder Anjo/Arcanjo nos brinda com sua sensibilidade e sabedoria na arte de escrever simples, direto e com lampejos da bela/poesia.
Usar sob o sígno da maestria do maior e mais completo simbolo da comunicação humana, é de fato, arte para poucos, mesmo por que não há como desvincular o bom senso de quem fala e (ou) escreve da sensibilidade e do crivo de quem lê e ouve.
Já que não tenho essa capacidade e (ou) não me bate inspiração para tal, no momento me valho de Giselda Bassi, e com a devida Vênia trancrevo comentário sobre ….
O poder da palavra
Quem nunca disse algo que magoou ou ofendeu alguém? Fez um elogio ou agradeceu por um momento de atenção? Convenceu alguém a fazer o que era mais sensato? Declarou o seu amor a alguém?
Criticou!Aconselhou! Dissuadiu! Insistiu! Brigou! Xingou!
Constantemente vivenciamos momentos em que as palavras são fundamentais, necessárias, decisivas ou essenciais, para se resolver situações, buscar soluções, encontrar caminhos, esclarecer, perdoar. Até em um momento íntimo, na hora do prazer, saber se expressar faz grande diferença!
Mesmo assim, o seu interlocutor, as profere sem a devida preocupação com os efeitos colaterais que elas podem provocar sem uma responsabilidade mínima necessária às suas conseqüências. O orador leviano, não mede os resultados do seu discurso, não percebe que até mesmo quem o pronuncia, corre o risco de se enredar nele.
Escrita ou falada, a palavra, tal como um `pharmakon`- droga, em grego – tem efeito dúbio, caso não seja devidamente usada, pode causar um efeito contrário ao esperado.
Gosto de escrever e cultivo este hábito de várias maneiras, uma delas é através de meus blogs. Faço de meu diário virtual uma ferramenta bastante útil para compartilhar emoções e idéias. Porém, sinto cada vez mais o peso da responsabilidade, ao publicar uma mensagem. E depois, ao ler os comentários deixados pelas pessoas este sentimento se multiplica, pois os recadinhos deixados lá são alegres, carinhosos e estimulantes. Um deles me emocionou particularmente, dizia assim: “Através de pessoas como você é que busco um mundo melhor”.
Considero-me uma pessoa privilegiada, pois no meio em que trabalho é bastante respeitada a minha postura ética. Valorizo muito tal sentimento e sei que a maneira como as pessoas me vêem tem muito a ver com o que falo, o modo como me expresso.Pois as palavras exprimem o que temos dentro do coração, o que sentimos, os valores que carregamos.
Por isso, deve-se sempre avaliar em quais situações é melhor falar ou calar, para que não haja arrependimentos futuros. Como diz aquele provérbio chinês: “Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. É isso!
GISELADA BASSI – AUTORA.
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.