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domingo - 10/09/2023 - 11:20h

Oposição mossoroense cedeu seu lugar de contestação

Por João Paulo Jales dos SantosCabo de guerra, oposição, disputa, força política, oposição

Allyson Bezerra (UB) mantém alta aprovação por seus méritos, contudo o entorpecimento que sucumbe a oposição é um combustível a mais na popularidade do prefeito. O oposicionismo, dividido em várias correntes, é composto por feudos que não conseguem convergir. O resultado é uma falta de perspicuidade política.

Se por meses a falta de entrosamento era a regra, em que cada porção trabalhava por seu próprio propósito, a oposição parece disposta a mudar esse caráter. Tentativas de encontros para afinar interesses vem se tornando mais frequente, deixando transparecer que o ajustamento da sincronia é um trabalho de exercício parcimonioso.

A oposição costuma dizer que as diversas pesquisas que dão supermaioria de aprovação a Allyson são embustes plantados pelo Palácio da Resistência. Os quadros dizem que ouvem muitas queixas da população. É desvario aos contrários à gestão municipal acharem que as queixas dos populares sejam dum volume incomensurável nas pesquisas.

Cabe aos próprios contendores do governismo o fundamento da validação das muitas queixas a que se referem. O quanto de aprovadores do governo apoiam a administração, mas num nível considerado baixo? É uma indagação, medida através de pesquisa, para a oposição começar até mesmo a nortear seu discurso.

Caso encontre algum fundamento para o que até aqui é apenas uma crença, a mansidão com que o oposicionismo sempre buscou tratar Allyson deve ser levantado como principal motivo para que possíveis desgostosos estejam na mesma fileira dos que abonam o alcaide.  Se não há contestação qualificada que dê de conta de fazer um embate com o governo, as queixas correm o risco de se dissipar.

O ensaio duma transição de um papel de camaradagem para uma predisposição ao combate, vem de dois exemplos, da bancada de oposição na Câmara Municipal e do petismo. Na Câmara, a bancada veio a se configurar como tal em meados do ano passado, em que três quartos de seus integrantes já pertenceram as hostes governista. No petismo, a grita mais feroz contra o prefeito, a postura mordaz começou a partir da eleição passada.

O que se tem é um oposicionismo que viu perder seu lugar de contestação, que não ficou no vácuo e foi ocupado pelo poder municipal. É uma oposição tão rarefeita que não consegue dar corpo a um problema e elevá-lo a uma agenda pública, tornando-o uma questão pautada, que possa causar, ao menos, uma situação embaraçosa no estafe do executivo.

Ao contar com uma oposição definhada, o poder municipal ocupou o espaço que seria de contestação a seu governo, transformando-o em mais uma arena de defesa do prefeito. Por mais perplexidade que isso possa causar, acaba comprovando o arsenal político do alcaide, que o faz ter sustentáculos em diversas esferas da sociedade.

Quando na eleição de 2022 Mossoró viu Pablo Aires (PSB), Tony Fernandes (SD), Isolda Dantas (PT), Isaac da Casca (MDB) e Marleide Cunha (PT) amealharem, no agregado, bons resultados nas urnas, e a banda governista com uma votação aquém das expectativas, chegou-se a cogitar que o antagonismo, enfim, daria corpo alvissareiro no enfrentamento ao burgomestre, o que até aqui não passa de uma ilusão de ótica.

No oposicionismo ninguém lidera ninguém e o panorama é a falta de debate público qualificado. A agenda de questões se baseia em temas de nicho, restritos a enclaves da classe média. O que é de interesse das massas de excluídos e assalariados, a miríade eleitoral que irá bater o martelo em 2024, passa longe das discussões. O que a oposição se preocupa não passa de perfumaria no debate político-eleitoral.

Os temas pautados ganham inteligibilidade quando se observa a corrida que a oposição está preocupada, a proporcional. Com o interesse residindo na montagem de nominata à vereança, a confluência é em micro focalizar a pauta temática. No entanto, um palanque majoritário enfraquecido pode causar transtornos aos planos na proporcional.

Caberá ao flanco contrário mostrar que a corrida à prefeitura não será uma mera formalidade de cumprimento de tabela a qual Allyson terá que se submeter. Se existe bússola política que possa indicar um pleito com os elementos mínimos de competividade, cabe a oposição, por si mesma, localizar a direção do eixo para disputar o Palácio da Resistência, sede da municipalidade.

João Paulo Jales dos Santos é cientista social e graduando em História pela Uern

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Lair Solano Vale diz:

    Na Câmara Municipal o que falta é representantes do povo, com razão. Ao longo do tempo o povo foi ensinado a trocar o voto em notas de cor azul e não se preocupar em cobrar nada dos srs vereadores.
    Cada eleição quem tem mais se dá bem.
    Exceção: no máximo a turma ideológica que não ” come ” dis sindicatos.

  2. Cosme gondim de aquino diz:

    Acho que essas pesquisas de aprovação do prefeito são mentirosas ,pois o mesmo não conseguiu eleger um simples deputado estadual,onde Rosalba elegeu até o cachorro dela .

    • Wendell Stewart da Costa Silva diz:

      Eu concordo com você plenamente; e está muito difícil da pessoa dele chegar ao governo do Estado do Rio Grande do Norte.

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