Por Josivan Barbosa
Há pelo menos 20 anos o descarte de embalagens de defensivos agrícolas deixou de ser um problema para agricultores e para as fabricantes destes produtos, um grupo formado predominantemente por multinacionais. Com a pressão que vinha das matrizes para dar solução a embalagens contaminadas por produtos químicos, as subsidiárias brasileiras criaram o Instituto de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).
Batizado de Campo Limpo, o sistema envolve hoje 140 indústrias associadas, 4,5 mil revendedores e cooperativas e 1,8 milhão de propriedades agrícolas espalhadas por todo o país. São 320 postos fixos de recebimento de embalagens e outras quatro mil unidades itinerantes.
Quando o agricultor compra o defensivo, a nota fiscal do produto indica qual é o posto mais próximo para que ele devolva a embalagem vazia. Mas não sem antes fazer, ele mesmo, a limpeza inicial para descontaminação.
A situação atual é bem diferente e existe até especificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABN), a NBR 13.968, para a correta descontaminação das embalagens, antes que sejam devolvidas.
Todos os pontos onde os agricultores devem entregar as embalagens seguem normas técnicas específicas – as centrais não podem ter menos de 160 metros quadrados e os postos não podem ser menores que 80 metros quadrados, e passam por processo de licenciamento ambiental antes de começarem a funcionar.
O instituto conta hoje com 4.113 caminhões, de 33 transportadoras contratadas. Só em 2021 foram 14.526 caminhões para cima e para baixo com as embalagens inteiras ou plásticos prontos para a reciclagem.
A reciclagem é ampla. Não é só embalagem para defensivos agrícolas que o sistema produz. Da reciclagem do plástico saem também mais de 30 produtos – que vão de tubos para esgoto, caixas para baterias de automóveis, dormentes para ferrovias entre outros.
Agrícola Famosa
Mais um acontecimento na engenharia financeira da Agrícola Famosa. Após ter uma parte adquirida por fundo financeiro internacional e criar uma subsidiária na Europa para atuar como importadora de frutos e hortaliças, agora a Citri&Co anunciou que adquiriu a filial da Agrícola Famosa na Espanha.
Após a integração, a Famosa Partners Spain, como era denominada a subsidiária da Agrícola Famosa na Espanha, desaparece.
A integração da filial da Agrícola Famosa foi feita pela Global Melon subsidiária da Citri&Co.
Produção sustentável
A cada dia aumenta a necessidade dos produtores de melão e melancia do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE trabalharem em sintonia com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e mostrar para o resto do mundo que a produção dessas frutas nessa região é feita de forma responsável com critérios ambientais, sociais, econômicos e éticos.
Não basta só produzir com essa preocupação e responsabilidade, precisa divulgar para a Europa, Estados Unidos e Ásia.
Exportação de frutas no primeiro semestre
As exportações brasileiras de frutas alcançaram 460,2 milhões de toneladas no primeiro semestre do ano, volume 11% menor que o do mesmo intervalo de 2021. A receita com os embarques também caiu 11%, para US$ 397,5 milhões.
O volume dos embarques de manga, fruta que o Brasil mais exportou em 2021, recuou 17%, para 66,4 mil toneladas, no primeiro semestre, e a receita caiu 25%, para US$ 61 milhões.
O melão teve desempenho positivo das exportações – volume e receita cresceram 9% e 7%, respectivamente, para 94,1 mil toneladas e US$ 56,1 milhões. O Brasil ampliou suas vendas à União Europeia porque problemas climáticos reduziram a oferta da América Central, que costuma ser forte nesse período.
Os embarques de melancia cresceram cerca de 20%, para 36,2 mil toneladas, e a receita aumentou 32%, chegando a US$ 18,3 milhões.
Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi
Finalmente o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) quebra o silêncio diante da paralisação por sete anos do Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi que está com 25% das obras executadas, mas que muita coisa do que foi feito precisa ser refeita.
O MDR mudou totalmente a concepção de gestão do projeto original e abriu um processo de concessão através de uma chamada pública.
Na reta final de governo, as concessões de polos de agricultura irrigada para o setor privado tornaram-se a nova vedete do Ministério de Desenvolvimento Regional. O primeiro leilão de um perímetro público de irrigação no país, o do Baixio do Irecê (BA), ocorreu no mês passado e garantiu investimentos de R$ 1,1 bilhão nos próximos 35 anos.
Mais cinco projetos – Tabuleiros São Bernardo (MA), Baixio Acaraú (CE), Tabuleiros Litorâneos (PI), Platôs de Guadalupe (PI) e Chapada do Apodi (RN) – acabaram de ter chamada pública para a elaboração de estudos de viabilidade por meio de procedimentos de manifestação de interesse (PMIs). Eles só devem ser concedidos, porém, em 2023.
Os cuidados que precisamos ter com o nosso Tahiti
A suspensão das exportações do limão Tahiti produzido pelo país com destino à Europa pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), há cerca de duas semanas, representa um alerta para os produtores do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE que estão plantando esse citrus.
A decisão foi tomada pelo pelo ministério, após a detecção de uma bactéria no limão que causa o cancro cítrico. A identificação foi feita pela agência de controle fitossanitário da União Europeia em 42 cargas. O problema ocorre desde o fim de 2021 e é o maior descontrole já observado.
No caso da União Europeia, a ameaça de suspensão de compra dos limões com cancro cítrico se dá porque a Europa ainda é um continente livre da doença, o que intensifica as fiscalizações para impedir a entrada do patógeno.
O cancro cítrico é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. Citri que teve origem na Ásia, mas já ocorre de forma endêmica em todos os países produtores de citrus. No Brasil, foi identificado pela primeira vez em 1957 nos estados de São Paulo e Paraná.
De acordo como o Ministério da Agricultura, em 2021, o volume exportado foi de 139.904 toneladas, equivalente a 121 milhões de dólares. Já de janeiro a junho deste ano, 84,9 mil toneladas foram vendidas ao mercado europeu, 72,513 milhões de dólares.
Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa
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