quarta-feira - 18/06/2008 - 11:31h

Os bois da Justiça Eleitoral

Há uma atmosfera de quase-pânico entre políticos de todo o país e seus agregados. Entre os veículos de comunicação, o temor não fica em menor grau.

No papel legítimo de impedir a propaganda indevida e o proselitismo politiqueiro, a Justiça Eleitoral dispara multas pecuniárias, em punição a quem estaria se excedendo. Pesa no bolso dos eventuais candidatos e de rádios, TV’s e jornais principalmente.

A medida do tempero está muito carregada na mão do Judiciário. Forma-se um clima antidemocrático, com o cerceamento da liberdade de expressão. Onde fica o direito da sociedade de ser informada?

Já temos uma pobreza de nomes e idéias, além de escassas vocações políticas. Raro encontrar gente bem-intencionada. Entretanto, impedir político de falar sobre política, é como determinar que um jogador de futebol só dê entrevista dissertando sobre legislação partidária, alianças eleitorais etc.

É imprescindível que exista atenção aos excessos. Esse é o "xis" da questão. Temos em evidência algumas decisões que são até burlescas.

Em Natal, por exemplo, pune-se a TV Ponta Negra por ensejar espaço para a deputada federal Fátima Bezerra (PT) falar que disputará a prefeitura. Quanta estupidez.

Sem conhecimento da sociologia política, em obediência à letra crua da lei, o judicante não percebe que a emissora é controlada pela adversária direta de Fátima, a pré-candidata a prefeito Micarla de Souza (PV). A televisão deveria ser premiada e não punida.

Sem maior flexibilidade quanto a esse aspecto, a Justiça Eleitoral pode reeditar os piores momentos da censura do Estado Novo, com o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do ditador Getúlio Vargas. Ou repetir o regime de exceção de 1964.

Enquanto fica batendo cabeça com esse varejo, a Justiça Eleitoral deixa passar a propaganda ostensiva de poderes públicos. Qualquer pessoa instruída sabe que transborda a potencialização de candidaturas através da mídia, em espaços pagos pelo erário. Uns de forma "legal" e outros sub-reptíciamente.

Qualquer dúvida quanto ao que escrevo, é só ligar a TV, passear a mão pelo "dial" do rádio ou abrir jornais impressos. Em muitos casos não se preocupam mais nem em fazer a divulgação subliminar. Onde passa um boi, passa uma boiada.

Enquanto isso, uns poucos terminam como "boi-de-piranha". São sacrificados como se fossem autores de crimes hediondos. Hediondo é desviar milhões da saúde, da educação etc para financiamento de campanha eleitoral e enriquecimento ilícito.

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Categoria(s): Blog

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