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domingo - 28/07/2024 - 12:04h

Padre Sátyro e a pelada no Patamar da São Vicente

Por Jânio Rêgo

Tela do artista Laércio Eugênio

Tela do artista Laércio Eugênio

Todos os pais sabiam da implicância de Padre Satyro com a “pelada” no Patamar da Capela de São Vicente. Fazia preleção, exortava, queixava-se nas missas aos domingos.

A missa era a sua quase exclusiva obrigação litúrgica como capelão, não fosse uma novena a Santo Antônio que surgira após a famosa Resistência a Lampião. As novenas eram até divertidas, havia o incenso, o ora pro nobis e, às vezes, até quermesses além das procissões curtas e rápidas.

Padre Satyro não era de muito bolodoro católico. Mas no caso do jogo ele pegava no pé, que as bolas afrouxavam os ferrolhos das portas do templo, que atingia o reboco e a pintura das paredes, que pegava mal para a Capela. Era carão duplo em quem fosse também aluno do Diocesano, pois ele não deixava passar: “essa turma da São Vicente…”.

Os adultos, nas missas, ouviam e calavam-se. Quem ousaria privar dezenas de meninos e meninas, filhos, netos e bisnetos, de usar um patamar para o que conviesse nos dias ensolarados e chuvosos de Mossoró grande?

Nem a mais fiel beata encampou algum dia a campanha do padre que chegou a ser obsessiva e até policialesca: um dia ele pediu ao Delegado para dar um jeito naquilo. Clodoaldo usava um chapéu de massa, era careca, homenzarrão, dirigia um jeep em rondas pela cidade, e chegou a tomar algumas bolas na São Vicente, mas desistiu depois de alguns dribles que levou da meninada em pleno Patamar.

O jogo acabou-se por si, duas gerações depois dessa que lembro.

Jânio Rêgo é jornalista

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Categoria(s): Blog

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