Testemunhando esse arremedo de democracia em que vivemos, logo vem à memória um conceito magistral sobre o tema, cunhado por Millôr Fernandes:
– “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.”
O protagonismo judicial invadiu a seara da política e mexe com todos os brasileiros. Assuntos de governo, de Estado e da rotina nacional estão totalmente tutelados por excessos de quem devia dar limites. “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”, lembra o Lord Action.
Alguns gargalham e vibram, outros rosnam e espumam de ódio.
Mas quase ninguém reage de forma racional. Vivemos num país dividido, de manadas ensandecidas e sentimentos primitivos que prevalecem em relação ao bom senso e respeito comum.
Quem ousa raciocinar e ponderar, pedir o mínimo de equilíbrio e zelo à Constituição, é desprezado ou enxovalhado moralmente. Típico argumento dos sem argumento.
O que ocorreu com Lula da Silva (PT) lá atrás, com turbas do contra e a favor, repete-se com Jair Bolsonaro. Quem chorava, agora dar risadas; e vice-versa.
Um ex-presidente sem qualquer condenação transitado em julgado ganha tornozeleira, é impedido de falar, de usar suas redes sociais e de ser entrevistado. Conteúdo seus já veiculados em suas mídias também sofrem garroteamento.
Por tabela, a imprensa não pode entrevistá-lo. Um réu em processo judicial gravíssimo que trata sobre denúncia de trama para golpe de Estado, simplesmente deixa de ser fonte e tem suprimido o amplo direito à autodefesa.
Amanhã, qualquer um será alcançado. Uns vão rir, outros chorar. E seguiremos sem aprender as lições que casos como esses deixam espalhados por aí, na própria superfície dos acontecimentos.
P.S – Millôr Viola Fernandes foi desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Nasceu em 1923 e faleceu em 2012 no Rio de Janeiro. Gênio, que se diga.
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