Por Bruno Ernesto
Normalmente quando alguém fala que a nossa vida é como um sopro numa vela, logo nos vem à mente ser ela fugaz.
De um tempo para cá – alguns muitos anos, diria -, reavaliei essa máxima filosófica e existencial. Passei a prestar mais atenção ao meu redor.
Vejo que a vela e o vento desse ditado popular bem melhor seriam representados por uma vela estirada num mastro de um barco, e os quatro ventos da mitologia grega – criadores tanto de calmarias quanto de tempestades -, tal qual a vida de qualquer um que viva de carne e osso.
Ninguém viverá plenamente só de calmaria, alegria e moderação.
Outro dia falei que, por vezes, é melhor agir dez vezes antes de pensar e não fui muito bem compreendido por alguém cuja a vida – ela supõe -, é mais santificada que a dos outros ao seu redor. Todavia é incapaz de estender a mão para alguém necessitado num quarto ao lado.
Além de não entender o sentido da minha colocação, me teve como incauto.
Talvez um fariseu seja menos convicto e mais genuíno. Mas isso não vem ao caso. Não precisará prestar contas comigo.
Vicissitudes todos os seres viventes têm. E as suas – pois é, as suas – não são nem mais, nem menos importantes que as do outro. A diferença é saber se desvencilhar delas.
Vejo, entretanto, que o que falta é agradecer mais por tudo sem barganhar o seu perdão.
Talvez devesse prestar mais atenção ao toque do sino da igreja à tardinha, na terceira hora do Angelus, ao invés de apenas ir à missa.
Lembre-se que a hora do sim é o descuido do não.
Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor