Li um texto que dizia assim: “é na velhice que os fantasmas do arrependimento e da culpa costumam aparecer com mais frequência. Quando se chega a um tempo no qual o que ainda falta viver é muito menos do que o que já se viveu, o passado, as memórias e as escolhas que não foram feitas invadem o presente e exigem uma injusta prestação de contas para a qual dificilmente nos preparamos”.
Realmente, o passar do tempo nos faz refletir sobre o que vivemos. E fizemos. Não, não se trata de remoer o passado, pois este deve ficar devidamente guardado lá atras; é preciso virar a página do livro da vida, como se diz. No entanto, tenho certeza que a maioria de nós faz essa reflexão. Às vezes, nos perguntamos: e se tivesse enveredado por outros caminhos, a vida teria sido diferente? Fiz a escolha certa naquela ocasião? Enfim, são inúmeros os questionamentos, poucas as respostas.
Decerto, muitos devem carregar no peito uma ou outra culpa pelo que fez. Por vezes, uma atitude irrefletida nos leva para o abismo do arrependimento. Fazemos mea-culpa. Se dá para remendar o malfeito, ótimo, senão, resta-nos carregar pelo resto da vida o peso da culpabilidade. Para o Direito Penal, a culpabilidade é o juízo que se faz sobre a reprovabilidade da conduta do agente. Somos ao mesmo tempo, no tribunal de nossa consciência, o juiz, o promotor, o advogado e o réu.
Entretanto, não podemos conduzir a nossa vida carregando o peso de arrependimentos. A vida impõe escolhas, temos que decidir. Talvez, acertemos, talvez, erremos. Não importa. Faz parte da jornada. Porém, não dá para conviver com essa angústia. É preciso viver, pois o passado está morto, e o futuro é incerto. O que temos é o presente, porquanto a vida é um instante, dizem por aí.
Muitos acreditam na “lei do retorno”, uma vez que pagaremos os erros cometidos por aqui, não na outra vida, para quem acredita, claro. Colhemos hoje o que plantamos ontem. Semeamos amor ou ódio? Fomos bons filhos? Fomos bons pais? Cultivamos amizades? Fizemos o bem?
Quem sabe, não devemos esperar chegar ao crepúsculo de nossa existência para fazermos uma reflexão sobre o que estamos a fazer, mesmo porque não sabemos quando será o ocaso da vida. Creio que sempre é tempo para revermos valores, principalmente, atitudes.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos