Virou ponto pacífico para o prefeito eleito, a ser diplomado e empossado hoje, Francisco José Júnior (PSD): a ordem é eleger Francisco Carlos (PV) para presidente da Câmara Municipal.
O prefeito quer ele como presidente da Casa no mandato tampão até o dia 31 de dezembro deste ano.
A reunião de Francisco com cinco vereadores governistas que se rebelaram contra essa sua orientação, hoje, teve momentos de profundo mal-estar.
Jório Nogueira (PSD), Ricardo de Dodoca (PTB), Cícera Nogueira (PSD), Soldado Jadson (Solidariedade) e Nacízio Silva (PTN) mantiveram-se firmes. Não abrem mão do que está praticamente selado.
Eles possuem apoio uníssono da bancada da oposição (sete votos) para eleição de Jadson ou mesmo de Ricardo de Dodoca, que também apresentou seu nome à presidência.
– Eu respeito a preferência do prefeito, mas considero essa relutância em respeitar a vontade da maioria uma forma de veto a mim e aos demais colegas, que estiveram com ele antes e durante sua campanha – resmungou Jadson.
– Nós fomos excluídos de qualquer conversa sobre essa eleição por um grupo de nossa bancada, inexplicavelmente. Na oposição encontramos apoio irrestrito, que cobra apenas respeito à bancada e tem interesse em uma Câmara pacificada e não marcada por desavenças – ponderou ao Blog o vereador Jório Nogueira, que tem apoio para eleição de presidente no biênio 2015-2016.
A entronização de Chico Carlos seria uma forma do prefeito compensar e “prestigiar” o esquema da ex-prefeita Fafá Rosado (PMDB) e do atual secretário municipal da Cultura, Gustavo Rosado (PV). O “fafaísmo” não deve obter alguns cargos no governo, como pretendia. Vai influir menos do que imaginava.
A Câmara, pelo visto, pode se transformar num “puxadinho” do Palácio da Resistência (sede da prefeitura), para acomodar os “desassistidos” do esquema da ex-prefeita.
Tudo pode acontecer
Ontem à noite, a própria ala que defende um nome diferente para à presidência tampão, não selecionou Francisco Carlos. Em reunião na casa do vereador Claudionor dos Santos (PMDB) – veja AQUI -, o preferido foi Alex do Frango (PV). Teve oito dos nove votos à mesa. Carlos saiu antes do término da reunião.
Na próxima terça-feira (3), a Câmara Municipal, por força do seu Regimento Interno, deverá eleger o presidente e o 3º secretário para o mandato tampão, devido renúncia dos vereadores Francisco José Júnior e Luiz Carlos Martins (PT), que hoje tomam posse como prefeito e vice de Mossoró.
Até lá, tudo pode acontecer.
Os cinco rebelados somam doze votos, com os sete da oposição. O governismo estaria hoje com nove, mesmo assim dividido entre Alex do Frango e Francisco Carlos.
O enfrentamento adotado pelo prefeito, em nome do esquema de Fafá, pode lhe trazer consideráveis dissabores. Muitos.
Os governistas rebelados temem que, na presidência da Casa, Francisco Carlos ganhe musculatura e apoio do próprio prefeito, para alterar acordos pactuados até o momento, assumindo o perfil que o caracterizou no período de Governo Fafá Rosado, quando se indispôs com meio-mundo de gente. Nunca foi símbolo de humildade e de coabitação respeitosa com contrários à sua vontade.
A cruz de Cristo
Há informação corrente, ainda, que Gustavo pode recuar do cargo menor a que parece destinado no novo governo (veja AQUI), passando a compor com Francisco Carlos a dupla toda-poderosa que pontificou na prefeitura até final de 2012. Agora, com Francisco Carlos como presidente e ele na Direção-Geral do Legislativo.
A própria eleição da mesa diretora para o biênio 2015-2016 caminha para uma reviravolta. Jório, com eleição assegurada na atualidade, não pode acreditar em tamanho prazo de validade. “Sabe de nada, inocente”, diria um bordão de propaganda que se popularizou no Brasil.
A antecipação do pleito marcado para dezembro deste ano e a possibilidade de reeleição do presidente, que não é permitida na atualidade, seriam obtidas por Francisco com apoio do prefeito, frustrando Jório e seus aliados.
Com 14 votos, muda tudo num piscar de olhos. O Regimento Interno da Casa faz milagres, conforme a força de quem tem o poder na mão.
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Enfim, mesmo antes da posse, o prefeito consegue algo inusitado para quem até bem poucos dias simbolizava esperança e era uma espécie de signo de mudanças. Ele mete medo nos próprios aliados.
A Câmara Municipal pode ser o seu calvário. Difícil será, depois, encontrar alguém para representar Simão Sirineu, o humilde judeu que ajudou a carregar a cruz de Cristo.