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segunda-feira - 19/06/2023 - 22:48h
Política

PT recruta gente nos bairros para pressão em Câmara Municipal

Ocupação da Câmara Municipal de Mossoró por sindicalistas - 09-06-2023O comando do PT mossoroense diligencia recrutamento de militantes, servidores públicos e diversas pessoas que em bairros periféricos, para ocupação da Câmara Municipal de Mossoró nessa terça-feira (20). Meta é evitar votação pela terceira vez de projetos do Executivo, que estariam contrariando interesses do funcionalismo.

A concentração deve começar cedo, por volta de 6 horas, em área do próprio Centro da cidade – Praça Rodolfo Fernandes. Transporte e outras providências estão sendo cobertas, pois manifestantes sairão de vários bairros.

A sessão ordinária do Legislativo tem início regimental definido para as 9 horas.

Duas pessoas que conversaram com nossa página passaram detalhes – alguns que não podemos publicar, inclusive com cópias/prints de diálogos – sobre essa operação.

Sigilo mantido. É nosso dever e respeito às fontes.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 21:46h
Infraestrutura

Governadora promete reconstrução de trecho de RN estratégica

Governadora recebeu delegação comandada por prefeito (Foto: Sandro Menezes)

Governadora recebeu delegação comandada por prefeito (Foto: Sandro Menezes)

A governadora Fátima Bezerra (PT) esteve reunida na tarde desta segunda-feira (19) com o prefeito de Guamaré, Artur Teixeira, e anunciou financiamento para a parte que compete ao governo do estado na reconstrução da rodovia estadual RN-401. A obra será possível a partir de uma parceria com a empresa petrolífera 3R Petroleum, que assumiu recentemente a exploração do Polo Potiguar.

Há cerca de um ano ficou acertado que o governo estadual se responsabilizaria por 70% da rodovia, trecho de 8,4 km. O restante, 3,6 quilômetros, será de responsabilidade da prefeitura. A licitação para a parte da prefeitura será aberta nos próximos dias. A obra deve ser iniciada no segundo semestre.

A RN-401 tem importância singular para a região, servindo como porta de entrada para turismo, assim como para o transporte de insumos e produtos da exploração do petróleo.

Além da governadora, participaram da reunião o secretário de Infraestrutura, Gustavo Coelho; a diretora do DER, Natécia Nunes; o deputado estadual Hermano Morais (PV); o presidente da Câmara Municipal de Guamaré, Eudes Miranda, e o secretário de Articulação Política de Guamaré, Hélio Willamy.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 20:38h
"Guerra total"

Marleide assume protagonismo para se tornar viável à prefeitura

Marleide em foto de campanha à vereança, quando obteve 1.528 votos (Reprodução/Arquivo)

Marleide em foto de campanha à vereança, quando obteve 1.528 votos (Reprodução/Arquivo)

A greve geral marcada (veja AQUI) para começar segunda-feira (26) vai colocar nas mãos do PT, de Mossoró, um mecanismo de força que a legenda há tempos lutava para ter. É a chave para lhe proporcionar o protagonismo oposicionista e busca da viabilidade eleitoral. Ou não.

Com a articulação e liderança pessoal ostensiva da vereadora Marleide Cunha (PT), o petismo se dedica a rebaixar a vigorosa popularidade do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) e a alta avaliação de seu governo. E uma greve em tom de “guerra total”, que pode se arrastar por dias ou muitas semanas, é o começo de um projeto ousado de poder.

Os envolvidos nessa disputa sabem que tirar o prefeito do patamar atual e torná-lo “derrotável”, não é uma tarefa para um ato só nem de êxito imediato. Mas, é preciso começar.

Ao mesmo tempo, com habilidade e em luta interna contra a deputada estadual Isolda Dantas (PT), líder local da sigla, Marleide vira surpresa de verdade desse estopim da corrida sucessória. Se alguém hoje pode ser apontada como o nome do PT – em Mossoró, é ela mesma.

Tratada como vereadora à reeleição, sua liderança do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (SINDISERPUM) eclipsa Isolda Dantas e a torna a pessoa mais próxima de polarizar com o prefeito, aquilo que nenhum outro conseguiu até agora. Nem mesmo a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP), que espera um “cavalo passar selado” à sua porta, como comenta aqui e ali com eleitores seus.

Com Marleide é diferente. Ela montou no próprio corcel. Saiam da frente.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 14:00h
Turismo

Paulinho Freire quer incluir Pingo da Mei Dia em calendário nacional

Paulinho é autor da proposição (Foto: Arquivo)

Paulinho é autor da proposição (Foto: Arquivo/Elpídio Júnior)

O deputado federal Paulinho Freire (União Brasil) apresentou na Câmara o Projeto de Lei (PL no. 3035/2023) para incluir no Calendário Turístico Oficial Brasileiro o “Pingo da Mei Dia”, evento que acontece anualmente no mês de junho em Mossoró. O Pingo abre o Mossoró Cidade Junina (MCJ), sempre no primeiro sábado desse mês.

A festa tem a particularidade de começar ao meio-dia e consta na sua programação apresentações artísticas em trios elétricos, e seus brincantes caracterizados com trajes típicos da cultura nordestina.

Cerca de 200 mil pessoas participaram desta que foi a 15° Edição do Pingo da Mei Dia. Considerado o maior “bloco junino” do país, o evento encanta o público com sua alegria e diversidade cultural.

“O Mossoró Cidade Junina é a maior festa de São João do Estado, e o Pingo é a sua grandiosa abertura! Precisamos ampliar seu alcance por todo o país para valorizar a sua força cultural e fomentar ainda mais o turismo na terra da resistência”, declara Paulinho Freire.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 12:48h
O outro lado

Greve geral do sindicalismo “é política e eleitoral”, aponta Allysson

O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) confronta o sindicalismo que decidiu nesta segunda-feira (19), uma greve geral na Prefeitura de Mossoró, a partir do próximo dia 26.

Para ele, o movimento é “político e eleitoral”.

Fala diretamente para o servidor, mostrando alguns importantes benefícios garantidos em seu governo, que inexistiam antes.

Leia também: Sindicatos decidem fazer greve geral a partir do dia 26;

Leia tambémAllysson esclarece PL 17/2023 e empareda oposição e sindicato;

Leia tambémMarleide Cunha cobra retirada de projetos e se preocupa com atestados médicos.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 10:38h
Mossoró

Sindicatos decidem fazer greve geral a partir do dia 26

Isolda discursa para participantes que decidiram pela greve geral (Fotomontagem do BCS)

Isolda discursa para participantes que decidiram pela greve geral (Fotomontagem do BCS)

Quatro sindicatos de servidores municipais de Mossoró, em assembleia geral conjunta nesta manhã de segunda-feira (19), decidiram realizar greve geral.

A paralisação ocorrerá a partir do próximo dia 26 (segunda-feira). Exigem que o Executivo mossoroense retira de pauta da Câmara Municipal de Mossoró os projetos de lei complementar 17 e 57. Na ótica sindical, eles causam prejuízos aos servidores municipais.

Sob a liderança da vereadora e sindicalista Marleide Cunha (PT), conduzem essa movimentação o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (SINDISERPUM), Sindicato dos Servidores da Saúde de Mossoró (SINDSSAM), Sindicato de Guardas Municipais do Estado do Rio Grande do Norte (SINDGUARDAS/RN) e Sindicato dos Agentes de Transito e Transportes Públicos de Mossoró (SINDATRAN).

A participação especial foi da deputada estadual Isolda Dantas (PT), que discursou durante assembleia.

Veja tambémAllysson esclarece PL 17/2023 e empareda oposição e sindicato;

Veja também: Marleide Cunha cobra retirada de projetos e se preocupa com atestados médicos.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 10:20h
Quinta-feira, 22

Sessão solene celebrará 150 anos da Loja Maçônica 24 de Junho

sessão soleneA Câmara Municipal de Mossoró irá homenagear os 150 anos de criação da Loja Maçônica 24 de Junho através de uma sessão solene, nesta quinta-feira (22), às 9h, no plenário do Legislativo.

A solenidade é uma iniciativa do vereador Lawrence Amorim (Solidariedade) e foi aprovada por unanimidade na Casa Legislativa.

Fundada em 24 de junho de 1873, a Loja Maçônica 24 de Junho desenvolve um trabalho filantrópico com foco na união, harmonia, fraternidade, igualdade, sendo tais características importantes para o exercício da liberdade com consciência e segurança.

Segundo Lawrence, a sessão também exaltará a importância e relevância da Loja Maçônica para a cidade de Mossoró. “A maçonaria se preocupa com o bem-estar dos seus adeptos e da sociedade como um todo, objetivando ajudar pessoas, reforçando o seu caráter, com viés moral e espiritual”, destacou.

A sessão solene será transmitida ao vivo pela TV Câmara Mossoró, no canal 23.2 TCM e pelo site da Câmara: www.mossoro.rn.leg.br.

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segunda-feira - 19/06/2023 - 09:24h
Encenação

“Chuva de bala”, um espetáculo para o mundo

Espetáculo deste ano entra em seus últimos dias (Fotos: PMM)

Espetáculo deste ano entra em seus últimos dias (Fotos: PMM)

O Espetáculo “Chuva de Bala no País de Mossoró,” que encena o ataque do bando do cangaceiro Lampião a Mossoró, no dia 13 de junho de 19927, entra em sua última semana. As apresentações finais dessa temporada serão quinta-feira (22) e sexta-feira (23), sempre às 21 horas, no adro da Capela de São Vicente. Evento faz parte do Mossoró Cidade Junina (MCJ) 2023.

Além das sessões sempre lotadas, com boa parte formada por turistas, o espetáculo prepara-se para entrar numa outra fase, prometida ainda ano passado pelo prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) – veja AQUI. O Chuva de Bala será apresentado em outras cidades e estados do Brasil, como forma de divulgar a cultura local, o Mossoró Cidade Junina (MCJ) e o próprio município.

Todo feito por artistas mossoroenses e região, a peça – com texto do escritor local Tarcísio Gurgel – foca numa situação histórica local, mas é assentada num tema de interesse e estudo no país e mundo: o cangaço. Historiadores, antropólogos e sociólogos tornam o assunto inesgotável.

Desembargadora reforça projeto do prefeito Allyson (Foto: Wilson Moreno)

Desembargadora reforça projeto do prefeito Allyson (Foto: Wilson Moreno)

“Esse espetáculo deveria ser levado para o mundo. Eu já vi várias vezes, mas esse de hoje teve tudo, de harmonia, beleza, encantamento. Eu nunca vi em canto nenhum do mundo um espetáculo a céu aberto desse jeito. Acho que este ano foi muito melhor do que os outros anos”, afirmou a desembargadora Zeneide Bezerra, do Tribunal de Justiça do RN (TJRN), após assistir o Chuva de Bala nessa última quinta-feira (15).

Magistrados do RN e juízes federais, além do desembargador Leonardo Carvalho, do Tribunal Regional Federal da 5ª região (TRF5), com sede em Recife, exaltaram o conjunto da obra na mesma noite.

“Teremos apoio cultural para garantirmos aos nossos artistas e equipes de apoio, a atividade cênica e profissional por todo o ano, vivendo da arte, do ofício que fazem tão bem e que nos encanta. Mossoró universal”, diz o prefeito ao Blog Carlos Santos. “Depois detalharemos como esse projeto vai se desenvolver”.

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Categoria(s): Cultura
segunda-feira - 19/06/2023 - 08:26h
Inelegibilidade?

TSE começa a decidir futuro de Bolsonaro essa semana

Do Canal Meio e outras fontes

Defesa de Bolsonaro garante que ele não estava consciente (Foto: CNN)

Defesa de Bolsonaro o informa diariamente sobre passo a passo dos acontecimentos (Foto: CNN)

O futuro eleitoral de Jair Bolsonaro (PL) começa a ser decidido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (22). Para muitos analistas, é certa sua condenação por abuso de poder político devido às acusações sem provas contra o sistema eleitoral em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado.

Nas últimas semanas, o ex-presidente evitou bater de frente com o TSE e deu a entender que se conformaria com o resultado, apesar de considerá-lo injusto. Se de fato for tornado inelegível, a estratégia de Bolsonaro será evitar indicar um sucessor e se agarrar à possibilidade de reverter a derrota com recursos, mantendo-se no cenário político.

Por isso, segundo aliados, o ex-presidente tem sido orientado a não apoiar pré-candidaturas, evitando dar sinal de desistência antes do fim da batalha jurídica, já que, em caso de condenação, ele pode apresentar embargos ao próprio TSE e recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). E o entendimento é de que, até a 2026, há tempo para essa briga nos tribunais.

A lógica é a mesma usada em 2018 por Lula, que só lançou o nome de Fernando Haddad (PT) quando não havia mais jeito. Essa estratégia pode fortalecer Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como um sucessor natural.

Sem uma pré-candidatura explícita, o governador de São Paulo pode manter o discurso de longo prazo em relação à reeleição estadual e evitar ataques tanto tempo antes do pleito presidencial. (Folha)

Pragmatismo

Essa postura mais pragmática de Bolsonaro seria orientação, principalmente, de Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social, que está em contato direto com a equipe de advogados do ex-presidente e encaminha diariamente análises políticas para o antigo chefe. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os filhos de Bolsonaro também estariam agindo em defesa dessa atuação mais comedida. (Globo)

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segunda-feira - 19/06/2023 - 07:48h
Futsal

Time de Apodi fica entre os oito melhores do país

Apodi venceu em casa por 2 x 1 e empatou em Arapiraca em 1 x 1 (Foto: Jederson Photo)

Apodi venceu em casa por 2 x 1 e empatou em Arapiraca em 1 x 1 (Foto: Jederson Photo)

Copa do Brasil de Futsal Sicredi 2023 tem um time do RN entre os melhores do país nessa competição. O Apodi chegou às quartas de final da competição, ao empatar nesse sábado (17), em Arapiraca (AL), com o Traipu. Placar de 1 x 1.

A NS Sport e a Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) transmitiram jogo, mas trabalho que acabou comprometido por problemas técnicos (veja AQUI).

No último dia 10, em Apodi, o time local tinha vencido o mesmo adversário por 2 x 1.

Nesse domingo (18), atletas e comissão técnica foram recebidos em carreata por ruas e avenidas da cidade.

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domingo - 18/06/2023 - 23:56h

Pensando bem…

“A arrogância que nos leva a acreditar que somos superiores aos outros tem origem no medo de sermos inferiores.”

Mark W. Baker

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domingo - 18/06/2023 - 13:56h

Santa Maria Gaga

Por Marcos Pinto

Documento que registra óbito de  Santa Maria Gaga (Reprodução do autor)

Documento que registra óbito de Santa Maria Gaga (Reprodução do autor)

O doloroso flagelo das secas tem forjado espíritos nobres e santificados em seus imensuráveis dons de resignação. Representa uma quadra de incompreensão e conflitos contextuais materiais, dominando a alma dos sertanejos em labaredas de ansiedades que atingiram e atingem dimensões cósmicas em forma de tristeza e dor. A fé revela-se consistente quanto à dinâmica de força interior que informa a dimensão do equilíbrio misterioso da alma sertaneja.

A calamitosa seca dos dois setes (1877) emoldurou as família nordestinas em um palco para uma revolução silenciosa de comportamentos, impondo desvios para uma espécie de escambo sexual. Moças ainda imberbes para conjunções carnais viam-se obrigadas a enojantes concupiscências libidinosas de inescrupulosos comerciantes, vorazes tarados diante à barata oferta da virgindade de magras moçoilas, em troca de gêneros alimentícios, geralmente farinha e carne seca, conduzidos pelas inditosas virgens para salvarem suas famílias das garras da fome seguida de morte.

Foi neste cenário de tristeza e dor que a inditosa Maria Gaga nasceu na zona rural da então povoação de Caraúbas, no ano de 1865, segundo consta no seu assento de óbito de n° 64, do livro de registro do cartório único da comarca do Apodi, lavrado aos 18 de agosto de 1911. Conta a tradição oral, que Maria Gaga aportou em Apodi acompanhando a sua família, durante a atroz seca de 1877, onde instalaram-se na margem da lagoa, no lugar conhecido como “Garapa.” No local já se achavam várias famílias oriundas de longínquos rincões, até da Paraíba.

A lagoa do Apodi representava um óasis em pleno sertão nordestino. Passados alguns dias, eis que a família de Maria Gaga resolveu fugir da inclemente seca, seguindo em demanda para Mossoró, sendo certo que Maria Gaga afeiçoara-se a uma das famílias também retirante, optando por ficar naquele aprazível lugar, no que contou com a aquiescência dos seus pais. Tempos depois a jovem Maria Gaga soube que os seus pais e irmãos haviam falecido à míngua, sob os tristes estertores da fome, durante o percurso entre Apodi e Mossoró.

Maria Gaga aprendeu a orar na infância sem perspectivas, marcando na alma sensível o sentimento de fé, que superou em essência todas as tentações ateístas surgidas durante o seu martírio existencial. A sua imensurável fé só aumentava diante tantas e cruéis dificuldades, evidenciando disciplina e amor ao próximo – uma forma subjetiva de amor a Deus. Sucediam-se as secas, aumentando os suplícios existenciais da sua extremada pobreza franciscana.

Só Deus penetrava no seu grau de sofrimento, perdoando-lhe o comércio do seu corpo para não sucumbir ao martírio da fome e da miséria. As aves de rapina, travestida em forma de sádicos comerciantes, consumavam seus instintos libidinosos sem atentar para os inevitáveis castigos divinos. Confundiam os gemidos de represadas angústias da infeliz moça, com reflexos de pecaminoso e odiento prazer.

Sugavam-lhes a alma e a mocidade em conta-gotas extraídas do seu frágil corpo magro e pálido, exposto sobre uma esteira de palha de carnaúba, estendida sobre o chão de barro batido da sua humilde choupana situada na margem da lagoa, feita com troncos de carnaubeiras e coberto com suas folhas. Dormia-se na dita esteira e cozinhava-se em rústica trempe com panela de barro tingida de preto pelo fogo dos maravalhos.

A infinita resignação imprimia-lhe características próprias da pureza espiritual, exalando odor de santidade. Da sua boca nunca se ouvia imprecações cheias de revolta. Submissa aos desígnios do destino, vibrava cheia de fé em oração estilizada em forma de simplicidade emblemática e abrangente.

Santa Maria Gaga avulta na tradição oral do Apodi como uma mulher que muito sofreu e morreu com perfil de santidade. Segundo sua fiel devota Tonha de Lucas de Bréu (do Apodi), Santa Maria Gaga tem obrado muitos milagres ao longo desses 112 anos do seu encantamento/falecimento. Conta-se que ao falecer, ao meio-dia de 18 de agosto de 1911 houve uma grande ventania que derrubou muitas árvores na cidade, como se a natureza estivesse em transe, com o triste e humilde desenlace de Santa Maria Gaga. Houve um tipo de explosão emocional coletiva, contagiando a todos.

A tradição oral não é uma construção do pesquisador. Nenhum conhecimento distancia-se da teologia quanto à real história elencada em minudências transmitidas de geração à geração, ao longo de mais de um século do encantamento da Santa Maria Gaga. O seu registro de óbito comprova a existência da sua sacrossanta trajetória. O conteúdo das narrativas da tradição oral vem do homem, das imperfeições humanas, incompatíveis com a perfeição concebível somente pela fé em um ser supremo e absoluto, onisciente e onipotente.

O último dia

Encantou-se fulminada por infarto fulminante, aos 46 anos de idade, sem que se soubesse qual a família de Caraúbas-RN que compunha. Ao falecer residia em humilde casinha de taipa que caridosa pessoa a acomodara, vizinha à residência do Sr. João Pereira de Siqueira, então chefe da repartição dos Correios e Telégrafos, e que foi o declarante do assento de óbito de Santa Maria Gaga.

Deixou-nos com um certo olhar melancólico, evidenciando santa transfiguração em forma de sutil sorriso em sua santa e pálida face. Roguemos à Santa Maria Gaga para interceder por nós em todos os nossos momentos, junto ao supremo arquiteto do universo. Minha benção, Santa Maria Gaga!

Marcos Pinto é advogado e escritor

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Categoria(s): Artigo
domingo - 18/06/2023 - 11:20h

Bivalência política

Por Marcelo Alves

Hillary e co-autora de livro - política e terror (Fotos: Evan Agostini/Invision/AP/Jean-Francois Bérubé/AP/picture alliance)

Hillary e Louise Penny em livro (Fotos: Evan Agostini/Invision/AP/Jean-Francois Bérubé/AP/picture alliance)

Por esses dias, ainda xeretando o Goodreads (o tal “maior site do mundo para leitores e recomendações de livros” – veja crônicas anteriores AQUI e AQUI) e suas sugestões de romances de suspense e mistério, dei de cara com um romance que me chamou muito a atenção – “State of Terror” (2021), por Hillary Rodham Clinton (1947-) e Louise Penny (1958-) –, em princípio não tanto pelo seu conteúdo, mas por se tratar, uma das suas autoras, da mui famosa outrora primeira-dama e secretária de Estado dos EUA. Hillary Clinton é autora de livros diversos, memórias em especial, eu tinha já ciência. Mas não sabia que ela havia se metido nessa coisa de suspense e investigações.

Madame Clinton, obviamente, entende das coisas da política como poucos, podendo, assim, ser mais que imaginativa para fins de uma ficção relacionada a conspirações dentro de um governo. Sem querer especular demais, talvez tenha sido por isso que o livro é escrito em coautoria com a canadense Louise Penny, que efetivamente é do ramo (literário-ficcional, deixo claro).

De toda sorte, isso de um político célebre se meter com a literatura, incluindo a ficcional, não é algo incomum. Dessa bivalência, temos exemplos que vêm de longe, no tempo e no espaço.

Na antiga Roma, o “divino” Júlio César (100a.C.-44a.C.) escreveu o famoso “De Bello Gallico”, até hoje obra de referência para o estudo do latim, embora ele reconhecesse invejar a poesia moderna e maledicente de Catulo (84a.C.-54a.C.). E ali teve, claro, o enorme Cícero (106a.C.-43a.C.), jurista, filósofo, político, escritor e orador, que nos deixou dezenas de obras, nunca superadas, nem ontem, nem hoje.

Na querida Inglaterra, Benjamin Disraeli (1804-1881), um dos mais importantes Primeiros-Ministros do Reino Unido, homem de solidez intelectual (com formação em direito), tem seu lugar na história da literatura do país. Ele escreveu inúmeros romances – “Vivian Grey” e a trilogia “Coninasby”, “Sybil” e “Tancred”, por exemplo – alcançando grande fama. A citada trilogia é tida pelo “The Oxford Companion to English Literature” como iniciadora da ficção política em língua inglesa. Já Winston Churchill (1874-1965), que dispensa apresentações, foi um orador brilhante, com seus discursos considerados como clássicos dessa arte (quem não se lembra de “sangue, suor e lágrimas” ou de “nunca tantos deveram tanto a tão poucos”?).

Mas ele foi também um historiador/escritor de imenso talento. Viveu das rendas de seus livros e artigos em jornais e revistas. Contados apenas os publicados em vida, sua obra passa dos 50 títulos. São destaques “A History of the English-Speaking Peoples” e “The Second World War”, que certamente tiveram um peso decisivo para a obtenção do Prêmio Nobel de Literatura em 1953.

Aqui no Brasil, numa passada rápida, tivemos o “Águia de Haia”, o polímata Rui Barbosa (1849-1923), jurista, diplomata, jornalista, filólogo, tradutor, político, orador e escritor, várias vezes candidato à Presidência da República, que foi o nosso Cícero, ouso dizer. Temos José Sarney (1930-), que, embora não tão brilhante quanto Rui, chegou à Presidência e é um ficcionista de inegável talento. E ainda Fernando Henrique Cardoso (1931), que, além de ex-Presidente do país, é um intelectual, sociólogo, cientista político e memorialista de importância deveras reconhecida.

Mais próximo de nós, Pernambuco nos deu, a título de exemplo, Joaquim Nabuco (1849-1910), entre outras coisas biógrafo/memorialista como poucos no Brasil. “Um estadista do Império” e “Minha formação” são maravilhas, sem dúvida. Aqui no Rio Grande do Norte, guardadas as proporções da nossa província, consigo lembrar dos governadores/ficcionistas Antônio José de Melo e Sousa/Polycarpo Feitosa (1867-1955) e Geraldo Melo (1935-2022), e de Elói de Souza (1873-1959), José Augusto Bezerra de Medeiros (1884-1971) e Aluízio Alves (1921-2006), que, embora não ficcionistas, escreveram livros de importância regional incontestável.

Mas disso de político escrever literatura/ficção em coautoria, com a marcante ajuda de outrem, como em “State of Terror”, não tinha ainda me dado bem conta. Tem seu lado bom, claro.

Imaginem os “insights” ou as “inside informations” que podem ter sido oferecidas por Hillary Clinton para um livro intitulado “Estado de terror”, cuja personagem principal é exatamente uma jovem secretária de Estado dos EUA? Contanto que ela não tenha vasado informação realmente sensível, que seja tudo tecnicamente público, às claras, maravilha das maravilhas.

Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República e doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL

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Categoria(s): Crônica
domingo - 18/06/2023 - 10:48h

Respeito ao princípio do in dubio pro sufrágio

Por Odemirton Filho 

Votação em urna eletrônica (Foto: Agência Senado)

Votação em urna eletrônica (Foto: Agência Senado)

De acordo com a Constituição Federal, todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, bem como, que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos.

Expliquemos.

O povo exerce o poder, indiretamente, quando elege seus representantes por meio do voto e, diretamente, quando participa de plebiscito, referendo e iniciativa popular.  O sufrágio universal significa que a todos é garantido o direito ao voto, não havendo restrição, desde que preenchidos os requisitos legais, idade, domicílio etc. O voto tem o mesmo valor para todos. O sufrágio é o direito; o voto é a materialização desse direito.

Entretanto, não é de hoje que mandatos são cassados pela Justiça Eleitoral, causando perplexidade e indignação aos eleitores, pois os seus candidatos perderam o cargo em razão de uma decisão da Justiça.

Várias são as ações de investigação judicial eleitoral por abuso de poder econômico e político, por fraude à cota de gênero, por meio de ação de impugnação de mandato eletivo ou representação por captação ilícita de sufrágio (compra de votos).

De que adianta votar, se o meu voto não vale, questiona o eleitor.

Pois bem. O princípio do in dubio pro sufrágio (em dúvida a favor do sufrágio) é exatamente isso: se não há provas robustas, se não existem elementos fáticos-probatórios que embasem a cassação de qualquer mandato eletivo, deverá a Justiça eleitoral preservar o mandato do eleito, não declarando qualquer tipo de nulidade, em respeito ao mencionado princípio.

Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu:

“Captação ilícita de sufrágio. Necessidade de robustez probatória. Provas inábeis para comprovar a prática dos ilícitos […] 1. A prática de captação ilícita de sufrágio, descrita no art. 41–A da Lei nº 9.504/1997, consubstancia–se com a oferta, a doação, a promessa ou a entrega de benefícios de qualquer natureza pelo candidato ao eleitor, em troca de voto, que, comprovado por meio de acervo probatório robusto, acarreta a cominação de sanção pecuniária e a cassação do registro ou do diploma. 2. Na espécie, a condenação do recorrente se embasou apenas em denúncias anônimas e na apreensão de drogas, santinhos e títulos eleitorais na casa dos investigados, sem que houvesse provas de que esses seriam cabos eleitorais do candidato. 3. Das provas carreadas aos autos, em especial a transcrição dos depoimentos das testemunhas, não é possível o reconhecimento da captação ilícita de sufrágio imputada ao então candidato, atraindo a incidência do princípio do in dubio pro sufrágio […] 6. Conclui–se que as provas produzidas carecem da robustez suficiente a demonstrar a ocorrência da captação ilícita de sufrágio […] de modo que resta inviabilizada, destarte, a aplicação das sanções previstas nos arts. 41–A da Lei nº 9.504/1997 […]” (AI n. 68543).

Não por acaso, reza o Art. 219 do Código Eleitoral que na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.

Por outro lado, não podemos fingir que inexistem crimes nas campanhas eleitorais. Não é de hoje que a compra de votos, o abuso de poder econômico e político, entre outros ilícitos, fazem parte do jogo, o velho toma lá, dá cá. A maioria dos candidatos e eleitores se acostumou com essa prática. Há, sem dúvida, uma culpa recíproca. Por consequência, eleições viciadas não são legítimas, maculando o processo democrático.

Quanto ao julgamento das ações eleitorais, torna-se imprescindível observar a proporcionalidade e a razoabilidade, sobretudo, quando a decisão decidir pela cassação do mandato eletivo do parlamentar ou do chefe do Executivo, em respeito ao princípio do in dubio pro sufrágio.

O poder emana do povo, diz a Constituição Federal.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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domingo - 18/06/2023 - 09:36h

Luiz Fernando Pereira de Melo

Livro aborda cenário de tensão de um "RN arcaico" (Rreprodução do BCS)

Livro aborda cenário de tensão de um “RN arcaico” (Rreprodução do BCS)

Por Honório de Medeiros

Luiz Fernando Pereira de Melo é, em essência, um genealogista. Dos melhores.

Também é um historiador, na justa medida em que suas pesquisas o levaram a encontrar, nas sombras e desvãos do passado, personagens da nossa história, a bem dizer esquecidos, que ele trouxe para nosso conhecimento, com dedicação e esmero.

Aos poucos, dessa forma, Luiz Fernando segue construindo, por vias quase oblíquas, um painel do passado do Rio Grande do Norte valioso e imprescindível, calcado em muito trabalho de campo, na consulta a velhos e carcomidos inventários, livros esquecidos e embolorados, registros arcaicos feitos pela Igreja, anotações antigas de próprio punho que chegam às suas mãos como que atraídas pela competência e talento de quem sabe lidar com essas preciosidades.

Cuida da pesquisa que é própria do genealogista e historiador que se debruça sobre esses registros, chamemo-los assim, e, também, da árdua e complexa tarefa de traduzir os textos estudados, vez que vazados em incompreensível escrita para nós, os comuns dos mortais. Missão para paleógrafos.

Além disso, vai tecendo a teia que extrai da nossa esquecida história, na medida em que interpreta esses dados todos conectando-os uns com os outros, dando-lhes o sentido e a compreensão necessárias.

O resultado não poderia ser diferente: famílias inteiras que povoaram o Rio Grande do Norte, o Nordeste, mesmo o Brasil, surgem com seus laços entre si revelados, ao mesmo tempo em que alguns dos seus integrantes, significativos e importantes para nossa história, obtêm o justo realce.

Tudo começou com Um Ramo Judaico dos Medeiros do Seridó, seguido por Os Fernandes Pimenta: Notas para o Conhecimento Familiar. Depois, veio Crônica do Sertão de Apodi: História do Período Colonial, de 1710 a 1817; Genealogia e Fatos do Sertão do Norte de Baixo; Melos de Campo Grande – Genealogia: Raízes Antigas e Ramos Familiares que delas Derivam; Prelúdio do Cangaço no Sertão do Assu: A Saga do Coronel Antônio da Rocha Bezerra; e Manuel Raposo da Câmara, Morgado Português: História Familiar, Processos da Inquisição, Raízes Judaicas e Ligações à Genealogia Paulistana.

EXEMPLO DE TUDO quanto dito acima, transcrevo, a seguir, trecho do prefácio que tive a alegria de escrever para Prelúdio do Cangaço no Sertão do Assu: A Saga do Coronel Antônio da Rocha Bezerra:

“Foi nessas eras que existiu o Coronel de Cavalaria Antônio da Rocha Bezerra, descendente, dentre outros ilustres, de Arnáu de Hollanda, filho de Henrique de Holanda Baravito de Renoburg, natural de Utrecht, casado com Margarida de Florença, irmã do Papa Adriano VI”.

“Arnáu era, por sua vez, casado com Brites Mendes de Vasconcelos, filha de Bartolomeu Rodrigues, camareiro-mor do Infante D. Luiz, filho do Rei D. Manoel, de Portugal. Sua esposa, natural de Lisboa, veio para o Brasil com os pais, acompanhando o primeiro Donatário de Pernambuco, Duarte Coelho”.

“O Coronel de Cavalaria, a julgar pelos registros a seu respeito tanto dos representantes do Governo Colonial, quanto por aqueles que usavam batina, era homem “facinoroso e perturbador do povo”, “petulante e inquietador da coisa pública”, “desobediente aos Ministros” do Rei de Portugal, “incorrigível”, entre outros apodos que lhe foram assacados pelos homens de batina”.

“Pintaram e bordaram, como se diz popularmente, na Ribeira do Sertão do Assú, sob a liderança do Coronel, dois filhos seus e um aliado, meio jagunço, meio cangaceiro, chamado Felipe Silva, principalmente por conta de uma briga feroz contra o Tenente José dos Anjos, na qual houve de tudo um pouco, desde homicídios a cárcere privado, passando por roubo de gado, em uma longa série de desrespeitos à letra da lei”.

Luiz Fernando Pereira de Melo (Reprodução da Amazon)

Luiz Fernando Pereira de Melo (Reprodução da Amazon)

“Dele, cuidou Luiz Fernando de Melo, seu descendente direto, um dos nossos maiores genealogistas e pesquisadores, autor de livros que já se tornaram referências não somente no que diz respeito à genealogia das famílias nordestinas, que se enroscam entre si desde o solo lusitano, mas, também, pelo cuidado documental com o qual fundamenta suas descobertas, e, porque não deixar claro, também pelo aprofundamento nos fatos históricos que sempre envolvem o entorno dos personagens acerca dos quais trata”.

“Chama a atenção, a partir da leitura de tudo quanto aconteceu com o Coronel e está comprovado pela farta documentação que compõe o livro, o retrato indireto de uma época, o Setecentos, ainda tão pouco conhecida, que se expõe como pano de fundo e nos mostra o Brasil em plena ebulição de um processo de transformação que deixaria para trás seus primeiros duzentos e cinquenta anos de infância, e entrava lentamente na adolescência que antecedia a mocidade do Império”.

“Como se não bastasse a história desse antepassado, importante por si somente, no resgate feito por Luiz Fernando fica demonstrada a marcante presença de sua descendência em momentos cruciais no tempo e espaço nordestinos, qual seja a Revolução de 1817; a participação na Guerra do Paraguai; bem como, até mesmo, a resistência heroica oferecida naquela que foi a mais violenta eleição política no Rio Grande do Norte, a de 1934/1935, aos desatinos do Interventor Mário Câmara e ao Governo de Getúlio Vargas”.

Eis, pois, o resultado: uma malha histórica profunda, solidamente alicerçada em pesquisas da melhor qualidade, revelando um Rio Grande do Norte arcaico, conhecido apenas em alguns recortes específicos, e suas relações com o Nordeste e o Brasil, através das grandes famílias que o povoaram.

E a redenção, digamo-lo assim, de personagens e episódios que jaziam esquecidos nas sombras do nosso passado.

Trabalho meticuloso, necessário e definitivo.

Vem mais por aí. Muito mais.

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura de Natal e do Governo do RN

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domingo - 18/06/2023 - 08:38h

O enigma de Sherlock

Por Marcos FerreiraSherlock Holmes (1)Logo que abriu o portão, por volta das nove da noite, Emília Reis avistou o corpo amarronzado no fim da garagem. Seu coração disparou de imediato. Aquele era um típico siamês, adotado ainda pequenino nas ruas, contudo se tornara bastante bonito e não menos mimado por sua tutora. Depois da separação, além da casa e do carro, ela ficara também com Sherlock. Eis o nome da vítima. Emília desceu do carro aos prantos.

— Oh, Senhor! Não me tire o meu Sherlock!

Tarde demais. Porque o Altíssimo, que tudo sabe, tudo vê e tudo pode, deve ter assuntos mais urgentes para se ocupar no Reino dos Céus.

Perto da boca do animal estava uma pequena poça de sangue. Não muito distante se encontrava um rato de médio porte também morto. Então, ao contrário das intrincadas histórias do famoso investigador (o guapo detetive Holmes) ali não existia nenhum mistério que valesse a pena ser averiguado.

A causa da morte do protegido daquela mulher era algo de uma clareza solar. O aclamado britânico não se prestaria a solucionar o óbvio, pois o sinistro se tratava de uma evidente fatalidade. Concluiria que Sherlock fenecera por envenenamento graças ao rato, que terminou de morrer nas garras do bichano.

Secretária da Universidade Estadual de Vila Negra, a jovem senhora saíra mais cedo àquela noite, visto que habitualmente deixava o serviço às dez. Nessa ocasião, acometida por uma enxaqueca que resistia aos analgésicos, largou o expediente antes do horário costumeiro. Passados quinze ou vinte minutos sobreveio o choque.

Depois de tocar em Sherlock e constatar que o corpo se enrijecera, ela desmoronou e decidiu que o enterraria no quintal. Seria isto o mínimo que ele merecia. Então, com os nervos muito abalados, sentiu que não seria capaz de realizar o sepultamento de Sherlock.

Lembrou-se do vizinho Fernando, motorista de táxi morador de uma residência defronte à sua. O problema era que Fernando quase não parava em casa, isto devido àquela atividade e à numerosa clientela. Portanto, seria uma sorte encontrá-lo. Ainda assim, desnorteada e com o rosto banhado de lágrimas, foi até lá. Bateu ao portão, chamou pela esposa do homem, com quem tinha maior intimidade, e em breve o portão foi aberto.

— Pois não, senhora Emília — falou Fernando.

— Graças ao bom Deus, você está em casa!

Ela continuava com os olhos lacrimosos.

— O que aconteceu, vizinha. Posso ajudar?

— Meu Sherlock morreu. Foi envenenado.

— Lamento. Geralmente é por conta de ratos.

— Sim. Tem um morto na minha garagem.

— O que deseja que eu faça? Pode dizer.

— Eu gostaria que o enterrasse na parte de trás do meu quintal. Desculpe lhe pedir uma coisa dessas, mas não posso simplesmente jogá-lo fora.

— Farei o que deseja. Eu tenho uma pá.

— Desculpem mesmo por incomodá-los.

— Não se preocupe. Darei conta do serviço.

No próprio instante em que Fernando abriu o portão, Navegantes, sua mulher, já estava ao seu lado e ouviu toda a conversa. A moça convidou a vizinha a entrar, ofereceu-lhe um pouco de água, todavia ela recusou, alegando que precisava acender a luz de trás. Então, de posse da sua ferramenta, Fernando foi abrindo a cova, cuja terra era um tanto fofa.

Daí a pouco, antes que o homem enterrasse o siamês, Emília entregou ao taxista uma pequena toalha e pediu que Sherlock fosse embrulhado nesta. Dessa maneira o vizinho procedeu. A cova, com aproximadamente setenta centímetros de profundidade, talvez não fosse tão funda, mas era o bastante para sepultar aquele cadáver com cerca de um ano.

No dia seguinte, antes das seis horas, a mulher se levantou ainda entristecida e foi dar uma olhada no local onde Sherlock fora enterrado. Nesse instante ela tomou outro grande susto. Pois, de maneira bizarra, havia sobre a sepultura uma bela e pequenina roseira de flores miúdas e vermelhas. Atônita, impactada, de novo foi à residência dos vizinhos, apesar de ser demasiado cedo, e narrou ao casal o que havia encontrado.

— O que quer que eu faça dessa vez? — indagou Fernando. — Continuo à sua disposição. Quero ver isso. É algo de fato inexplicável.

— Preciso que você desenterre o Sherlock, por favor! Do contrário, meus amigos, eu sei que não terei mais sossego. Como pode uma planta desse tipo nascer assim, da noite para o dia, justamente sobre a cova do meu gatinho?

— Vou buscar a pá — disse Fernando, intrigado.

O rapaz primeiramente arrancou a roseira pela raiz, que não era tão arraigada. Após foi reescavando com cuidado, paleando a terra úmida até o ponto onde se esperava encontrar o corpo do felino. Daí a pouco, para a surpresa geral, Fernando retirou do buraco (totalmente intacta) nada mais que a toalha. Não se imagina como Sherlock desaparecera. Quem sabe esse seja um mistério para o célebre detetive desvendar.

A partir de agora, talvez, o senhor Holmes decida voltar os seus talentos investigativos para o sumiço do bem-amado Sherlock e o repentino aparecimento da roseira. Como se sabe, há um provérbio que diz que os gatos têm sete vidas.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Conto/Romance
domingo - 18/06/2023 - 06:44h

O amor acaba

Por Paulo Mendes Campos

Ilustração

Ilustração

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar;

De repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite voltada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado;

Na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar;

Na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente;

No sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores;

Em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero;

Nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba;

No inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro;

Uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova York;

No coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha;

Às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo;

Às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno;

Em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

Paulo Mendes Campos (1922-1991) foi jornalista, cronista, escritor e poeta

*Crônica originalmente publicada na revista Manchete em 16 de maio de 1964, há mais de 59 anos, e em nossa página, pela primeira vez, no dia 18 de abril de 2010. Portanto, há mais de 13 anos (veja AQUI).

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Categoria(s): Crônica
domingo - 18/06/2023 - 04:00h

A autoridade do desconhecimento

Por Carlos Santos

Ilustração de Diógenes de Sínope

Ilustração de Diógenes de Sínope

Há alguns meses, num bate-papo no rol de entrada de conceituado escritório de advocacia, em Mossoró, um dos interlocutores – de cultura estelar – me nomeou de instantâneo ao seu nível, deixando-me embaraçado: “nós, intelectuais, Carlos Santos…”

– Pelo amor de Deus, não me meta nisso – obstruí logo. “Não sou intelectual coisíssima nenhuma. Sei meu lugar e esse rótulo me causa problemas, meu caro. Li mais revistas em quadrinhos do que livros. Defina-me como uma pessoa que gosta de ler, gente com alguma leitura. Fico satisfeito e nem um pouco ofendido,” justifiquei.

Rimos juntos, sob o testemunho de outros, mas minha autodefesa foi convincente: “Veja bem… então está certo.”

Compreendeu-me e percebeu que não era caso de falsa modéstia, mas de bom senso. Posso provar. Esse fardo não carrego nem me ensejará punição por apropriação indébita.

Entender que todos têm direito à opinião e a expressar o que aspira, é o mínimo que a convivência civilizada e democrática ampara como princípio e dogma. E não importa, se é a palavra do homem de profundo saber ou de alguém de menor instrução que está em jogo.

Porém, separar o manifestação de vontade de opinião é uma das grandes dificuldades que testemunhamos nesses tempos de “lacrações”, em especial nas redes sociais. O ‘efeito manada’ é a repetição do célebre conceito do ‘maria-vai-com-as-outras’. Contudo, bem mais grave a partir dessa onipresença sem fronteiras e sem medidas que é a Net.

Por isso que notícia, versão, fato e fake news (informação mentirosa) se enroscam de tal maneira, que às vezes é difícil depurar, limpando tudo, para se chegar a um ponto de equilíbrio. A verdade é um achado para poucos.

O agravante é o exercício de autoridade por aqueles que são profundos desconhecedores do assunto tratado.

Nesse momento de polêmica em termos do Projeto de Lei Complementar 17/2023, que bota sindicatos, oposição e uma parte dos servidores municipais em choque com o Executivo mossoroense, é fácil identificar quem desconhece sobre o tema. Primeira reação é atacar o debatedor em vez do conteúdo. Vale o argumentum ad hominem (argumento contra a pessoa), a falácia de quem tenta desviar o foco do que é debatido vomitando agressões pessoais.

Se não destrói o argumento, a saída é tentar demolir o argumentador.

Tem quem fale com gênio colérico sobre algo que sequer leu ou folheou por alto. E, se o fizesse, provavelmente não entenderia bulhufas.

Talvez tenhamos que convocar o filósofo cínico, Diógenes de Sínope, com sua lanterna, para realmente localizar quem tenha o domínio do caso, para dissecá-lo com segurança. Nada de achismo ou ouvi dizer.

Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos (Canal BCS)

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Categoria(s): Crônica
sábado - 17/06/2023 - 23:58h

Pensando bem…

“É preferível a companhia dos corvos a dos aduladores, pois aqueles devoram os mortos, e estes, os vivos.”

Diógenes de Sínope

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sábado - 17/06/2023 - 20:26h
Perda

Irmã do presidente da Fecomércio falece em Natal

Moizirene de Lourdes Queiros irmã de Marcelo Queiroz, falecida com câncer em 17-06-2023Faleceu neste sábado (17), em Natal, Moizirene de Lourdes Queiros Fonseca, irmã do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (FECOMÉRCIO/RN), Marcelo Queiroz.

Ela enfrentava um câncer.

Seu velório terá início às 7h, com missa às 11 horas e sepultamento ao meio-dia no Morada da Paz, Emaús, Parnamirim.

Nota do BCS – Nossa solidariedade a Marcelo Queiroz, em especial, extensiva à toda sua família, pela perda de dona Moizirene.

Que descanse em paz.

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sábado - 17/06/2023 - 19:50h
Mossoró

Lei Seca flagra dezenas de motoristas alcoolizados em Mossoró

Do Blog Saulo Vale

Embriaguez ao volante tem combate ostensivo (Foto ilustrativa)

Embriaguez ao volante tem combate ostensivo (Foto ilustrativa)

Lei Seca atuando com todo vapor em Mossoró.

Da noite desta sexta-feira (16) para a madrugada do sábado (17), 40 motoristas foram autuados sob efeito de álcool. Barreiras policias foram colocadas nas Avenidas João da Escóssia e Presidente Dutra.

Se for beber, use transporte por aplicativo.

Nota do BCS – Estou limpo há meses e sem carro. Desse problema estou livre.

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sábado - 17/06/2023 - 19:00h
Saúde

Dia Estadual de Paralisação vai acontecer dia 5

paralisação unificada da Saúde pelo piso da enfermagem dia 5 de julhoDo Blog Carol Ribeiro

Será no próximo dia 5 de julho o Dia Estadual de Paralisação 24h unificada entre os servidores da saúde do Rio Grande do Norte. A luta é em torno da implantação do Piso da Enfermagem no estado. A paralisação ocorre com indicativo de greve, decisão tomada por unanimidade.

Assembleia geral ocorrida na quarta-feira (14) definiu o seguinte:

• Definição de uma comissão para ir na Assembleia Legislativa, na próxima terça-feira (13), para solicitar uma Audiência Pública sobre o piso;

• Solicitar Audiência com o presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN);

• Paralisação estadual de 24h no dia 05/07 com ato público e assembleia com indicativo de greve;

• Solicitar reunião com as Comissões Intergestores Bipartite.

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