Sucessora da prefeita de direito Fátima Rosado (DEM), a “Fafá”, a ex-vereadora e ex-vice-prefeita Cláudia Regina (DEM) tem uma “herança maldita” em mãos. Só que não pode externar publicamente isso.
Resmunga para poucos interlocutores.
Como foi apoiada por Fafá, fez parte de sua base de apoio e é do mesmo sistema político, tem que engolir tudo a seco. Paga o ônus.
Cortes em vantagens salariais de servidores, retração em custo da máquina pública (como limitação de combustível para veículos automotivos), contratação de cargos comissionados abaixo do que é cobrado por correligionários e dívidas enormes deixadas pela antecessora revelam pressão do início da gestão de Cláudia.
O “buraco” é impossível de ser medido a distância, de fora para dentro e sem dados confiáveis que só mesmo o governo possui. Politicamente, a prefeita sabe que não é prudente olhar pelo “retrovisor”, culpando o que passou para explicar e justificar o presente.
Propaganda
Sabe-se que só em relação à propaganda, a dívida com agências quatro agências seria superior a R$ 2,5 milhões.
Houve atraso também nos repasses da prefeitura à Previ-Mossoró (previdência própria da municipalidade), no final da administração passada.
Muitos servidores comissionados e outros que atuavam em empresas terceirizadas, durante o Governo Fafá Rosado, continuam aguardando o novo emprego. Alguns passam situação aflitiva. Centenas deles vão continuar desempregados, pois Cláudia Regina não quer perder controle das contas.
Uma obra de enorme importância estratégica para a saúde pública do município, como a Unidade de Pronto-Atendimento do bairro Belo Horizonte (UPA), inaugurada no dia 28 de dezembro do ano passado, três dias antes de Fafá entregar o governo, continua fechada. É um monumento à irresponsabilidade e desdenha a lei.
Cláudia tenta administrar calada essa relação com quem a apoiou. É provável que leve vários meses para botar os números em dia.
Mesmo assim, é impossível que consiga o milagre de deixar todos os insatisfeitos felizes.
Tem que suportar calada. Porém não significa que tenha que se submeter a todas as pressões e eventuais chantagens de aliados.
É, enfim, uma relação que deixará sequelas – algo comum no poder.
Perto de completar 100 dias de gestão, Cláudia Regina prioriza a arrumação da “casa”. Assim, não pode e não deve fazer certas concessões, que podem se transformar em permissividade.