Causou surpresa a muita gente o anúncio no sábado (11), em Natal – veja AQUI, em reunião do Diretório Municipal do PT, do nome da deputada federal Natália Bonavides (PT) como pré-candidata à sucessão natalense 2024. Por que ainda tão distante do pleito, ela apresentou-se à disputa?

Natália finca bandeira e fecha porta a ‘companheiros’ de palanque no ano passado. Agora é PT, PT, PT (Foto: redes sociais)
A explicação começa por Brasília e o novo inquilino do Palácio do Planalto, o presidente Lula (PT). Ele e seu partido querem retomar forças e ampliar representatividade partidária nos estados, além do próprio Congresso Nacional.
No RN, por exemplo, Natal e Mossoró seguem inexpugnáveis em 43 anos de história da legenda. Nunca o partido fez um prefeito nas duas comunas.
Agora, é prioridade a ocupação dos executivos nos maiores colégios eleitorais do estado. E existem meios e nomes com vigor, consideram.
Fechando a porta
Natália Bonavides ao se ‘antecipar’, também fecha a porta a postulantes aliados do partido no pleito do ano passado, em torno das candidaturas vitoriosas da governadora reeleita Fátima Bezerra (PT) e de Lula. Casos dos ex-candidatos ao Senado Carlos Eduardo Alves (PDT) e Rafael Motta (PSB).
O PT não abre e não abrirá mão da cabeça de chapa. Natália fincou bandeira. Marcou posição. Fechou a porta, sejamos claros.
A construção semântica da “Frente Ampla” que Lula resgatou 56 anos depois, na política brasileira, põe-se ainda de pé no imaginário e noticiário político. Sobretudo, pela necessidade extrema do governo petista em conseguir grande maioria na Câmara dos Deputados e Senado e o anseios dos seus signatários, na ocupação de espaços no governo.
Contudo, na prática é PT, PT, PT a prioridade máxima de Lula e sua legenda. Ocupar prefeitura em capitais e municípios estratégicos do país é um foco muito acima da ideia nuclear da Frente Ampla de 2022, pregada por Lula como reunião de diferenças forças partidárias e ideológicas, em nome da democracia. Tudo contra o ‘mito’ Jair Bolsonaro (PL).
Agora, é PT, PT, PT. No caso do solo potiguar, Natal e Mossoró são focos preferenciais.
História
A Frente Ampla surgiu no Brasil como articulação política democrática, suprapartidária e interideológica em 1966, quando regime militar começava a recrudescer. Carlos Lacerda, um dos estimuladores do movimento ditatorial, costurou diálogo com adversários históricos: os ex-presidente João Goulart (o “Jango”) e Juscelino Kubistchek.

Renato Acher (representante de JK), Jango e Lacerda: costuras que não vingaram (Foto: Memória da Democracia)
Porém, a luta pela redemocratização e reforma partidária, suas prioridades, com realização de novas eleições livres, não prosperou. Lacerda teve seus direitos políticos cassados e foi preso, JK chegou a se exilar em Portugal, o mesmo acontecendo em relação a Jango, mas no Uruguai, até sua morte em 1976.
A Frente Ampla, versão Lula, serviu muito a si e à sua sigla, mas deverá se dissipar nos próximos meses, com chegada de novos atores e partidos. Alguns – ou muitos -, que se diga, ex-bolsonaristas. O tamanho tende a dissipá-la. O jogo agora é outro.
Ainda tivemos movimento parecido, porém com outras características e bem mais alargado e com base popular maciça, na luta pelas “Diretas, já”. Teve início em março de 1983, com objetivo da retomada das eleições diretas a presidente no país, o que só aconteceu em 1989.
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