Nunca antes na história deste país vimos tantas pesquisas eleitorais, especialmente no RN. Sobre o assunto já tratamos em algumas postagens nas últimas semanas. Não é o caso especificamente da abordagem agora.
Em particular, é hora ou passa da hora, de lidarmos com algumas nuances das pesquisas proporcionais, quando dezenas de nomes são citados a deputado estadual e deputado federal. Quem aparece, lógico que comemora. Quem não é mencionado, entende que o melhor é praguejar a sondagem.
Disputa pelo voto proporcional é a mais complexa de uma eleição e a pesquisa é de suma importância (Foto ilustrativa)
Contudo, nenhum político que se propõe a ser um vencedor abre mão de pesquisa. Em público, fala mal da que não lhe satisfaz, mas nos bastidores trabalha com números e números. Quem não tem essa ferramenta caminha com olhos vendados, só contando com o olhômetro.
É preciso entender, por exemplo, que a margem de erro nas pesquisas proporcionais é enorme, muito além do que tecnicamente os institutos apresentam para as sondagens majoritárias.
Toda pesquisa proporcional é feita com pergunta para resposta espontânea, quando o entrevistado recorre à memória. Ao pesquisador ele fala de alguma preferência prévia ou que esteja no seu inconsciente. Nenhum nome é apresentado em lista à sua escolha.
Outro ponto, é que o pesquisador joga na planilha absolutamente toda citação, inclusive de gente que sequer é candidata ou disparates ditos pelo eleitor: o nome de um cantor, um jogador de futebol, da própria mãe etc. E olhe que o número de candidatos oficiais é outro agravante, pois são dezenas.
Quem não está afeito à toda técnica científica empregada na pesquisa costuma dizer asneiras, muitas vezes para desacreditar qualquer trabalho que é realizado. “Eu nunca fui entrevistado” – é uma frase comum. E daí? Não se trata de um censo populacional, onde todos o são, mas de “amostra” dos estratos sociais.
Para coletar informações sobre eventuais patologias, o laboratório que extrai seu sangue não suga 5 litros desse componente do seu corpo. Uma gotinha é suficiente para esquadrinhar tudo. A pesquisa segue basicamente esse padrão. De uma amostragem se tem ideia do todo.
É um subconjunto finito da população de certa área pesquisada, que revela o quadro de intenções de voto. Que fique claro.
A partir desse universo de ouvidos temos o rol de tendências naquele momento, quanto às disputas majoritárias e proporcionais.
Ainda bote nessa caldeirada, a legislação carregada de regras muito confusas para qualquer mortal. Esse emaranhado de números, cálculos, exigências, determinará a relação de ganhadores da corrida eletiva.
À medida que se aproxima das eleições, uma série de pesquisas começa a sinalizar possíveis eleitos. Porém, não estranhe se surgir alguém entre os vitoriosos que praticamente não aparecia entre os mais lembrados. Cada partido tem uma disputa própria. O (os) mais votado (os), óbvio, estará em maiores condições de voto.
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Nesse estágio da campanha (duas semanas), toda pesquisa “normal” aponta mais de 60 a 65 por cento de indecisos. Essa pirâmide de dúvidas só começa a se diluir nos últimos dias, estabelecendo realmente o quadro de eleitos.
Espero ter contribuído um pouco (pois também sigo aprendendo) para a compreensão do que é uma pesquisa proporcional. A ideia é alimentar o bom debate, numa dialética para que todos nós possamos melhorar nosso conhecimento.
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