Por Carlos Santos
Li “A condição humana” da jornalista, escritora e filósofa germânica-judia, Hanna Arendt, nos anos 90. Eu ainda estava na redação do “Gazeta do Oeste” como seu diretor de Redação.
Queria ir além da reportagem, do reportar, o que já era muito relevante para mim. Quis compreender a política sob a complexa ótica cientificista, a partir da convivência social na antiguidade, através de milênios.
Sobre Hannah, duas paixões instantâneas: o prenome, que abracei como se minha filha fosse; o intelecto, como se meu pudesse ser.
No curso de Direito, cerca de dez anos depois, a luz fora da caverna com professores diversos, como o juiz e professor-doutor Renato Magalhães. Inspirador.
Com “Eichmann em Jerusalém – Um relato sobre a banalidade do mal” veio meu enlace definitivo com a filósofa política, que descrevia o julgamento, em Israel, de um criminoso nazista caçado por cerca de 15 anos. Seus relatos e compreensão sobre a barbárie, muito além do maniqueísmo e do holocausto, a fez vítima de seu próprio povo.
Não aceitavam seu entendimento sobre Adolf Eichmann, funcionário público de segundo escalão, do Estado nazista, com o olhar da psicologia, da psicologia social, antropologia, política e da filosofia. O mal tinha e tem várias faces. E não era e não é apenas nazista.
A partir daí, dei de cara com “A casa da rua Garibaldi”, livro sugerido pelo amigo Manoel Dantas. Nele são descritas todas as providências tomadas por Israel para traçar o paradeiro, tentar localizar e finalmente capturar Eichmann.
Isser Harel, ex-Chefe do Serviço Secreto Israelense, o Mossad, autor do livro, parece roteirista de um filme épico. Em suas linhas, sem perceber, ele confirma a leitura que Hannah Arendt fez de Eichmann no tribunal, alguns anos antes. Reitera a teoria da “banalidade do mal.”
Como segues atual, Hannah.
Do seu fã, Carlos Santos.
Carlos Santos é criador e editor do Blog Carlos Santos, no ar há mais de 17 anos.