domingo - 02/03/2025 - 23:50h

Pensando bem…

“A dualidade e a condição da vida. Sem oposto nem contrastes, a vida não é vida.”

Jigoro Kano

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domingo - 02/03/2025 - 15:50h
Oscar 2025

Estou aqui na torcida

Fernanda Torres venceu atrizes de expressão internacional e consagradas (Foto: reprodução)

Fernanda Torres e filme concorrem em três categorias (Foto: reprodução)

Dia de Oscar, premiação máxima do cinema e “Ainda estou aqui” concorre.

Raro eu ver algum filme, mas adoro a Fernandinha Torres desde “Os normais”, sitcom que me levava às gargalhadas.

Concorremos a Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz.

Simbora!

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*O Oscar será oficialmente transmitido pela TNT, e pela Globo na TV aberta. Além da TV, no entanto, você vai poder conferir a premiação nas plataformas de streaming HBO Max e Globoplay. Começará às 20h30 deste domingo (02)

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Categoria(s): Cultura
  • Repet
domingo - 02/03/2025 - 12:38h

Hoje é Carnaval

Por Odemirton Filho

Arte ilustrativa

Arte ilustrativa

Na minha juventude eu gostava de brincar o carnaval. Era tempo de viver a vida sem qualquer preocupação, a não ser os estudos. A adolescência, creio, brinda-nos com os melhores momentos de nossas vidas.

Eu brincava o carnaval lá no clube Creda, em Tibau. Os meus pais compravam as senhas para que pudesse curtir os quatro dias; “compravam a mesa”, como se dizia.

No finalzinho dos anos oitenta, ainda se tocavam as marchinhas de carnaval, porém, o axé começava a despontar como ritmo a animar os foliões.

Lembro que quando tinha uns dez ou doze anos, os meus pais me levaram para um baile de carnaval na ACDP, no início dos anos oitenta. Acredito que foi um dos últimos bailes realizado no clube. Sentia um cheiro de perfume no ar, nem sabia o que era, e, sentado à mesa, tomava guaraná Antarctica. Meus pais, juntamente com amigos, divertiam-se pra valer.

Bandeirinha, um amigo de meu pai, gostava de cantar (desculpe o trocadilho), “bandeira branca, amor… Ele pensava que cachaça era água, mas cachaça não é água não ….

Tio Espínola (de saudosa memória) e tia Adna chegavam mais cedo lá em casa, na rua Tiradentes, e tomavam umas pra carregar as baterias, antes de irem para o clube com os meus genitores.

Disse meu pai que os carnavais no clube Ypiranga e da ACDP eram maravilhosos. À época, era comum os famosos “assaltos” nas casas de algumas pessoas, e os anfitriões serviam comida e bebida à vontade aos presentes.

O saudoso colaborador deste Blog, Paulo Menezes, também escreveu sobre os carnavais de outrora. Segundo ele, “os blocos de salão mais famosos da época eram: Hi-fi, Sky e Os vips. A recepção era com muita bebida e salgadinhos de finos paladares. Não faltava também o “Lança-perfume Rodouro”, aromatizando o ambiente e embriagando-nos ao tempo que nos transportava para um mundo de sonhos e fantasias”.

Era o tempo das marchinhas de carnaval. Aliás, “ô abre alas, que eu quero, eu sou da Lira, não posso negar, Rosa de Ouro é que vai ganhar…” foi a primeira, de autoria de Chiquinha Gonzaga, em 1899.

Ao lado de amigos, eu passava o dia na praia. Às vezes, quando o dinheiro acabava, e não dava pra comprar cervejas, deixávamos no “prego”, pois o dono da barraca era nosso “chegado”. “As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, eu passo a mão, na saca, saca rolha, e bebo até me afogar”.

À noite era no clube Creda. A turma jovem lotava o espaço, e todos eram nossos conhecidos. Eram quatro noites de folia. Somente tempos depois o clube Álibi foi inaugurado.

Quando o carnaval da cidade de Aracati começou a ganhar fama, eu e alguns amigos, acompanhados por nossas namoradas, íamos até lá, numa das inúmeras aventuras da adolescência. “Chegou à turma do funil, todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto…

Hoje, entretanto, a história é outra. A maturidade já não me anima a brincar o carnaval; curto os dias de momo ao lado da minha família, escutando músicas do meu gosto, acompanhado de umas boas doses, é claro, porque ninguém é de ferro.

Leia também: Um Carnaval que não será igual ao que passou (Paulo Menezes, 14/02/2021)

Enfim, peço desculpas por trazer à baila essas reminiscências, mas “eu quero matar a saudade (…) não me leve a mal, hoje é carnaval …

Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos

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Categoria(s): Crônica
domingo - 02/03/2025 - 11:36h

Desdém

Por Bruno Ernesto

Tronco amarrado no jardim de Dona Lourdes, minha mãe Foto do autor da crônica)

Tronco amarrado no jardim de Dona Lourdes, minha mãe Foto do autor da crônica)

Manhã de sexta-feira de carnaval, passei para falar com minha mãe antes do feriadão começar e poder me certificar quais plantas do jardim dela precisam de um cuidado adicional.

Embora esteja chovendo copiosamente, todo cuidado é pouco.

Apressada para poder pegar a estrada, saiu me apontando os jarros que ela queria mais atenção.

Olhou, olhou. Puxou um, outro. Trocou de lugar um jarro com uma muda de cróton.

Tinha várias novidades.

Ergueu um pequeno jarro contendo uma planta de folhas bem verdes, listras brancas – quase como estivesse sido feitas com um lápis giz -, e uma pequena flor amarela bem no topo.

– Cuidado com essa. Essa precisa só de um gole d´água. Não sei o nome dela.

Para facilitar a vida – eis umas das vantagens da inteligência artificial -, utilizo um aplicativo gratuito (PlantNet) instalado no celular que identifica rapidamente a flora. Basta fotografar e escolher como identificar: pela folha, flor, fruto, casca e hábito.

Era uma pequena zebra.

Percorremos o jardim e ela a me apontar cada planta, como se fosse uma médica apontando cada paciente em seu leito numa troca de plantão.

Me chamou para perto do portão pequeno e me apontou outras novidades, cujos nomes ainda não decorou.

Mais uma vez me vali do aplicativo: Dois Amores e uma Euphorbia Lactea Cristata, uma suculenta esquisita, popularmente conhecida como cacto monstro.

Apontando para o cacto, disse preocupada que o neto caçula, meu sobrinho Lucas – um príncipe de quase dois anos de idade e dono de uma personalidade que vai lhe ser muito útil -, já anda investigando o jardim, e vez ou outra aponta as mãozinhas no cacto monstro.

Entretanto, o que me chamou a atenção foi que ali, bem ao lado do cacto mostro, no meio da folhagem bem verde, se destacava uma flor com cinco pétalas, aveludada e bem vermelha. Única flor.

Como gosto de registrar as florações, cuidei de tirar algumas fotos dela e ao mudar de ângulo, percebi que, embora se tratasse de uma rosa-do-deserto, ela não era aquela típica rosa-do-deserto que se assemelha a um baobá em miniatura.

Seu caule era alongado e lembrava o do buquê-de-noiva, e estava amarrada num velho cabo de vassoura, já bem enferrujado e que serviu como guia quando a muda foi plantada naquele jarro.

Bem onde estava amarrado, o barbante laçado apertou-lhe o caule de tal forma que o marcou definitivamente, mas não impediu o seu crescimento. Certamente dificultou.

Como resultado, brotou uma única e solitária flor. A planta, porém, com desdém, caprichou.

Mais ou menos como devemos ser na vida.

Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 02/03/2025 - 10:30h
Cosa Nostra

Os negócios da máfia italiana no Rio Grande do Norte

Por Allan de Abreu da revista Piauí

Negócios são vultosos e enredo é marcado por fraudes e mortes (Arte ilustrativa)

Negócios são vultosos e enredo é marcado por fraudes e mortes (Arte ilustrativa)

Era quase noite em Palermo, capital da Sicília, quando dois jovens, um deles com uma faca, entraram em uma pequena loja de produtos de limpeza na Via Altofonte. Depois de renderem os funcionários, os assaltantes levaram 4,5 mil euros que estavam na caixa registradora. Era 29 de agosto de 2019. Cinco dias depois, no mesmo horário, novo roubo na mesma loja: dois rapazes, fingindo estarem armados, levaram mais 2,8 mil euros.

O caminho natural do dono da loja seria procurar a polícia. Mas não foi o que aconteceu. Francesco Paolo Bagnasco preferiu telefonar para Giovanni Caruso, um membro da Cosa Nostra, organização mafiosa que desde o século XIX controla boa parte das relações socioeconômicas na Sicília. Ao analisarem imagens captadas por uma câmera de vídeo, os mafiosos identificaram três assaltantes (um deles havia participado dos dois roubos).

Na tarde de 7 de setembro, quatro dias após o segundo assalto, os três ladrões foram sequestrados e levados para um galpão. Caruso notificou o seu chefe, Giuseppe Calvaruso, bem como o dono da loja, e os três foram até o cativeiro, onde assistiram ao brutal espancamento dos assaltantes. Horas depois, Caruso descreveu, para outro membro da máfia, a face de um dos assaltantes, dizendo que parecia uma “peneira”. O dinheiro roubado foi devolvido a Francesco Bagnasco.

Sete meses depois, em abril de 2020, Bagnasco e outros cinco empresários recorreram a Calvaruso para adquirir nove partes de um grande armazém. Coube à máfia afastar outros pretensos concorrentes na compra do imóvel. Em troca, a Cosa Nostra exigiu uma taxa total de 90 mil euros – 40 mil a serem pagos apenas por Bagnasco por ele ter adquirido quatro partes do armazém. Foi a vez do empresário e seus sócios sentirem na pele a ira da máfia palermitana.

Em telefonema captado pela polícia italiana, Calvaruso ordenou que Caruso exigisse o dinheiro dos empresários antes que o negócio fosse formalizado em cartório. “Não tenha piedade”, disse o chefe. Bagnasco pagou, mas apenas uma parte – 15 mil euros. Em dezembro de 2020, Calvaruso reforçou as ameaças. “Se eles não me derem o dinheiro, tudo pode acontecer”, disse a Caruso. Em fevereiro de 2021, duas semanas antes da formalização do negócio no cartório, o chefe mafioso aumentou o tom das ameaças. “Se alguém ousar fazer a escritura sem ter pagado, não deixe ir ao cartório e meta um revólver na boca dele”, ordenou. Calvaruso falava de um lugar muito distante de Palermo, do outro lado do Oceano Atlântico – mais precisamente, de Natal, no Rio Grande do Norte.

Parte do dinheiro extorquido dos empresários custeou as despesas de familiares dos membros da Cosa Nostra que estão presos. Outra parte foi enviada ao Rio Grande do Norte, onde, ao longo de dezessete anos, sob o comando de Calvaruso, a máfia siciliana investiu 800 milhões de reais no mercado imobiliário por meio de uma engenhosa máquina de transferir e lavar dinheiro. Durante esse tempo, a Cosa Nostra deixou no estado nordestino um rastro de golpes milionários, fraudes cartorárias, corrupção, grilagem de terras e dois assassinatos.

Não se sabe ao certo por que a máfia siciliana escolheu o Rio Grande do Norte para limpar seu dinheiro sujo. Mas há algumas pistas: a relativa proximidade com a Europa e o boom imobiliário na cidade nos anos 2000, impulsionado em parte por investidores da Espanha, Portugal e Itália que desejavam replicar nas praias potiguares condomínios e hotéis do Mar Mediterrâneo. Outro atrativo é o turismo sexual. Não à toa, em 2005 a Polícia Federal desvendou um esquema de tráfico de drogas e aliciamento de mulheres para a prostituição em Natal, comandado pela Sacra Corona Unita, organização mafiosa italiana baseada na região de Puglia, Sudeste da Itália.

Laços históricos

A Cosa Nostra tem laços históricos com o Brasil. Basta lembrar que Tommaso Buscetta, um dos principais líderes da organização, esteve ao menos três vezes no país entre os anos 1960 e 1980. Preso em São Paulo, em 1983, foi extraditado para a Itália, onde fez um acordo de delação com a Justiça, quebrando pela primeira vez o voto de silêncio sobre as atividades da Cosa Nostra. Seus depoimentos embasaram o Maxiprocesso de Palermo, que resultou na condenação de 475 mafiosos.

Giuseppe Calvaruso tem cabelos castanho-claros, repartidos ao meio, e baixa estatura, o que lhe rendeu o apelido, entre os mafiosos sicilianos, de u curtu (o curto, literalmente, ou o baixote). Em 47 anos de vida, a maior parte atuando como empresário da construção civil, adquiriu o respeito da cúpula da Cosa Nostra, sobretudo depois de ter ajudado na fuga de Giovanni Motisi, no fim dos anos 1990. Motisi foi um dos mais sanguinários assassinos de aluguel de Salvatore “Totò” Riina, mafioso que aterrorizou a Sicília e foi o mandante dos assassinatos, em 1992, dos juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, responsáveis pelo Maxiprocesso de Palermo. Em 1993, Riina foi preso. Morreu em 2017, aos 87 anos.

Por causa do envolvimento na escapada de Motisi (que segue até hoje foragido), Calvaruso foi denunciado à Justiça por associação criminosa e detido em 2002. Acabou sendo solto quatro anos depois – condenação tão breve que ele próprio zombou dela. “Esse juiz idiota vai me dar quatro anos. Ele deveria me dar quarenta anos, não quatro. Eu vim aqui, vim mijar e vou embora”, disse, em conversa interceptada pela polícia. Em 2008, porém, foi preso novamente, dessa vez por participar de um plano para restabelecer um comitê reunindo os principais capi (chefes) da máfia.

Cada município da Sicília (ou, no caso das maiores cidades, cada bairro ou distrito) possui um líder mafioso, chamado capomandamento (mandamento é uma região controlada por determinado clã criminoso). Antonino Rotolo, o capomandamento de Pagliarelli, está preso desde 2006. Quem o substitui desde 2015 é Calvaruso, mas na condição de “regente”, como se chama o líder temporário. Ao assumir o posto, Calvaruso pôs seu conhecimento empresarial a serviço da Cosa Nostra, com uma atitude muito diferente da do violento Riina.

Em conversa interceptada pela polícia italiana, o regente disse ter à disposição cerca de 1 bilhão de dólares para investir. Em nome da Cosa Nostra, negociou a compra de um empreendimento imobiliário na Ilha de Vulcano, perto da Sicília, e intensificou as obras de um resort à beira-mar em Marsala, no extremo Oeste siciliano. “Agora, os mais eficientes membros da máfia caminham com uma pasta, e não com uma arma”, compara um policial antimáfia de Palermo, que pediu anonimato à piauí, por não ter autorização para dar entrevistas.

Lavagem de dinheiro

Quando Calvaruso assumiu o comando em Pagliarelli, a lavagem de dinheiro da máfia no Brasil já estava a todo vapor. A Polícia Federal brasileira, que também investigou o esquema, calcula que a organização mafiosa desembarcou em terras potiguares em 2008, quando Antonino Spadaro, o Nino, viajou pela primeira vez a Natal. Ele é filho de Tommaso Spadaro, famoso capo do distrito de Kalsa, em Palermo. Morto há seis anos, Tommaso fez fortuna com o contrabando de cigarros. Já o filho, um homem parrudo de calvície resplandecente e nariz protuberante, decidiu investir no tráfico de drogas, crime pelo qual foi preso no aeroporto de Milão-Malpensa em dezembro de 2008, quando voltava de uma estadia em Natal.

Em fevereiro de 2009, apenas dois meses depois da prisão de Spadaro, outro italiano, Pietro Ladogana, um homem alto de queixo anguloso que, para a PF, era testa de ferro da Cosa Nostra, também desembarcou em Natal. Na capital potiguar, ele fundou três empresas do ramo imobiliário, com um capital social total de 3,8 milhões de reais, e casou-se com Tamara Maria de Barros. A brasileira seria usada como laranja pelo italiano, que colocou no nome dela boa parte dos imóveis que adquiriu. Outro laranja foi o pedreiro Carlos Antonio Lopes da Silva, que, segundo a Receita Federal, recebeu um depósito bancário de 1 milhão de reais.

Ladogana transferiu para contas no Brasil, por meio de operações regulares registradas no Banco Central, um total de 5,7 milhões de dólares, segundo a PF. O montante, aplicado na compra de ações na Bolsa de Valores de São Paulo, vinha da Europa, sobretudo da Suíça e da Croácia. A quem perguntava sobre a origem de tanto dinheiro, ele dizia trabalhar com revenda de veículos na Alemanha.

Mas Ladogana também começou a grilar terras com o uso da violência. Chegou a criar uma milícia formada por policiais militares para expulsar moradores em Extremoz, município na Região Metropolitana de Natal, onde contava com a ajuda do então tabelião do cartório local e ex-prefeito João Soares de Souza, e de servidores da prefeitura para falsificar documentos que garantissem a posse dos imóveis. Quando o então secretário de Tributação de Extremoz Giovanni Gomes contrariou os interesses do esquema, Ladogana ordenou que um dos PMs de sua milícia, Alexandre Douglas Ferreira, “desse um susto nele” – como a mulher do mafioso contou à Polícia Civil. Gomes levou um tiro de raspão na perna quando saía da festa de formatura do filho, em uma noite de agosto de 2013.

No caso de outro desafeto, o desfecho foi trágico. O empresário italiano Enzo Albanese, que dirigia um time de rugby em Natal e não tinha relações com a Cosa Nostra, descobriu as fraudes fundiárias de Ladogana, bem como desvios de parte do dinheiro da máfia para o próprio bolso, e ameaçou denunciar tudo à polícia. Em março de 2014, Albanese foi ameaçado de morte, caso ousasse delatar seus esquemas. Mas ele não recuou.

Arte ilustrativa

Arte ilustrativa

Em 2 de maio do mesmo ano, ele fechava o portão de entrada de sua casa quando o policial Ferreira se aproximou em uma moto e atirou. O italiano morreu no local. Um mês depois, a Justiça de Natal decretou a prisão preventiva de Ladogana, que foi detido no aeroporto de Roma, onde tentava embarcar para o Brasil com 120 mil euros escondidos na roupa. Acabou liberado meses depois, na Itália, e ficou no país natal.

(Divorciado da primeira mulher, Ladogana se casaria em julho de 2019 com outra brasileira, Regina Souza da Silva. A festa de núpcias foi em Bagheria, município vizinho à cidade de Palermo, em um palacete do século XVIII. A polícia italiana não tem dúvida de que a Cosa Nostra bancou a luxuosa cerimônia, que teve Nino Spadaro como um dos convidados. Dois meses mais tarde, ao retornar ao Brasil, Ladogana foi preso novamente. Tempos depois, recebeu uma pena de catorze anos de reclusão, que ele cumpre na penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Ferreira não chegou a ser julgado – a Justiça o considerou inimputável, depois que foi diagnosticado com esquizofrenia.)

Em 2016, com Ladogana encrencado na Justiça e obrigado a permanecer na Itália, Calvaruso iniciou o processo de troca do operador da lavanderia de dinheiro da máfia no Brasil. Recorreu então ao empresário Giuseppe Bruno, cuja família lavava dinheiro para a máfia desde os anos 1990 na construção civil da Sicília, de acordo com a polícia italiana.

Antes de chegar ao Brasil, Bruno mudou-se para a Suíça, para assumir o controle de uma empresa da Cosa Nostra no país. De lá, foi para Hong Kong e Cingapura, onde, a mando de Calvaruso, abriu outra empresa e quatro contas bancárias. Por meio da simulação de contratos de empréstimos e de transferências de ações entre as empresas, o dinheiro saiu das contas das firmas da Cosa Nostra na Sicília na direção dos bancos suíços, e dali para as contas bancárias recém-criadas em Hong Kong.

Em fevereiro, depois de passar alguns dias em Cingapura, onde visitou as agências bancárias das contas recém-criadas, Bruno mudou-se de vez para o Brasil, destino final do dinheiro da Cosa Nostra. Em Natal, Bruno assumiu no mesmo ano o controle das empresas de Ladogana e intensificou os investimentos da Cosa Nostra. “Pietro, fizemos um programa que você nem imagina, estamos trabalhando e conhecendo pessoas no Brasil desde que cheguei. Montamos uma máquina de guerra”, contou ele a Ladogana, que continuava na Itália.

Em um primeiro momento, Bruno e Calvaruso investiram 830 mil euros na compra de novas áreas nos arredores de Natal, inclusive uma fazenda que seria transformada em loteamento com perspectivas de ganhos milionários. “Gostaria de salientar que estamos falando de 180 hectares, onde há a possibilidade de construir cerca de 7.500 casas, que por 100 mil reais são 750 milhões de reais de faturamento, com um lucro residual de mais de 50%…”, escreveu Bruno, por e-mail, a um integrante da máfia na Sicília. No total, segundo o Ministério Público Federal, a máfia adquiriu 76 imóveis no Brasil. Parte dos recursos foi usado para engordar o capital das empresas da máfia (uma delas, a América Latina Hemisfério Investimentos Imobiliários, tinha sede em um imóvel residencial simples de Natal, mas possuía capital de 100 milhões de reais).

Apesar de movimentar quantias milionárias, Bruno levava uma vida espartana em Natal. Morava de aluguel em um bairro da periferia, possuía um automóvel popular usado e almoçava em restaurantes baratos. Assim, mantinha a discrição necessária e cumpria uma tradição de décadas da Cosa Nostra: evitar as tentações do dinheiro fácil, em respeito aos “irmãos” que cumprem pena no cárcere.

Certo dia, em um shopping de Ponta Negra, local abastado da cidade, Bruno conheceu Sara da Silva Barros, de 37 anos de idade. Logo, ela se tornaria não só a mulher de Bruno, como sua testa de ferro preferida, já que não tinha antecedentes criminais. “Sara é cem por cento limpa”, escreveu ele para Calvaruso, por WhatsApp. Foi em nome dela que Bruno e Calvaruso montaram a pizzaria e cafeteria Italy’s, na orla de Natal. “Cem pizzas por dia com uma média de 50 reais é 5 mil por dia. Por trinta dias é 150 mil. Em dois meses já se pagou”, contabilizou Calvaruso, em conversa com Bruno (a pizzaria, entretanto, não prosperou, e fechou as portas algum tempo depois). Em abril de 2022, Barros registrou um boletim de ocorrência na polícia em que acusava o marido de agressões físicas e psicológicas e admitia ser laranja do italiano.

O caminho do dinheiro

O dinheiro da Cosa Nostra fluía para o Brasil de três maneiras: por cartões internacionais pré-pagos em nome de laranjas (o dinheiro era depositado no exterior e sacado em Natal), por meio de mulas, que o transportavam na bagagem ou no corpo, e através de operações dólar-cabo – um complexo sistema de compensação bancária em que o doleiro recebe o dinheiro em determinado país e deposita valor equivalente em conta no exterior, com isso burlando os sistemas de fiscalização, pois não há transferência direta de valores entre os países.

Segundo a polícia italiana, essas operações ilícitas, com frequência semanais, eram orquestradas pelo brasileiro José Reinaldo Valandro, doleiro radicado em Roma, e pelo mafioso Nino Spadaro. Orientado pelos dois, Bruno depositava as quantias em contas bancárias indicadas na Alemanha, na Espanha, em Portugal, Luxemburgo ou Chipre. Valandro, por sua vez, transferia quantia equivalente em reais para contas no Brasil.

No caso das transferências físicas de dinheiro, seja da Itália para o Brasil, seja no caminho contrário (quando a máfia queria reaplicar o dinheiro já limpo na Sicília), a principal mula de Bruno era sua mãe, Rosa Anna Maria Simoncini, que já beirava os 70 anos. Em um primeiro momento, a idosa atuou sobretudo na Itália: apanhava o dinheiro em espécie em Roma (levado do Brasil por outros mulas) e o transportava na bagagem para Palermo. “[Quando chegar a Roma] Você deve dizer que vai continuar para Milão para fazer uma operação [médica] e voltar para Palermo no dia seguinte. Eu recomendo absolutamente que você não diga que vai pegar o navio de volta na mesma noite”, orientou Bruno à mãe, em mensagem via WhatsApp.

A partir de novembro de 2017, Simoncini passou a transportar milhares de euros em espécie da Itália para Natal, e vice-versa. Em algumas dessas viagens, Bruno orientou a mãe a ir de navio da Sicília até próximo de Roma, e só então apanhar o avião para o Brasil, a fim de despistar a polícia. Em uma delas, foi escoltada por Carlos Eduardo Ferreira de Menezes, policial civil em Natal contratado por Bruno. “Então, dez mil [euros] você dá para o Carlos, dez mil você também pode guardar na sua bolsa e o resto você coloca no seu sutiã”, ordenou o filho. O próprio Bruno transportou 130 mil euros da Itália para o Brasil, em janeiro de 2018.

O policial e advogado Carlos Menezes conheceu Bruno em 2016, quando o italiano e Nino Spadaro foram até a Delegacia de Apoio e Assistência ao Turista (Deatur), em Natal, onde o então agente trabalhava, para fazerem um boletim de ocorrência contra João Soares de Souza, tabelião do cartório de imóveis de Extremoz, e seu filho, Gustavo Eugênio Costa de Souza. Segundo Bruno, o tabelião e o filho haviam falsificado a escritura de uma área de 29 hectares adquirida pela empresa Tecnobloco Construções Ltda., da qual o italiano se dizia sócio e procurador, para revendê-la a terceiros por 16 milhões de reais.

Por causa do alegado prejuízo pela perda do terreno, Bruno e Spadaro passaram a pressionar o tabelião, que se comprometeu a pagar 1,2 milhão de reais e a entregar outra área a eles. Mas Souza só pagou 150 mil reais, e os italianos descobriram que os documentos da área oferecida eram falsos.

Na discussão com os italianos, o tabelião ameaçou Bruno e seu advogado com um revólver, dentro do cartório de Extremoz, o que motivou um segundo boletim de ocorrência contra Souza, agora por ameaça, registrado pelo então policial Menezes no fim de 2017, na mesma Deatur. A aproximação com o policial fez com que este fosse convidado a trabalhar como segurança para a viagem que a mãe de Bruno fez da Itália ao Brasil.

Em março do ano seguinte, Souza e o filho foram denunciados à Justiça por estelionato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusados de uma série de fraudes documentais. Souza morreu um mês depois, de causas naturais. Gustavo, seu filho, foi absolvido. Sem saída, Bruno ingressou com ação na Justiça contra o tabelião e o filho, e a 1ª Vara de Extremoz condenou o espólio de Souza e também Gustavo a indenizarem Bruno em 22 milhões de reais.

No fim de 2017, Menezes aposentou-se da Polícia Civil e passou a advogar para Bruno na regularização e na intermediação da compra e venda de imóveis. Aqui, as versões divergem.

Segundo o italiano, Menezes disse que poderia influenciar o juiz da 1ª Vara de Extremoz, onde tramitava o processo contra o tabelião Souza, e pediu dinheiro para repassar ao magistrado. Ele também solicitou verba para subornar policiais militares, que, em troca, fariam a vigilância dos terrenos, impedindo possíveis invasões. Como não foram constatados indícios de corrupção por parte do magistrado e de PMs, o Ministério Público denunciou Menezes e mais duas pessoas por formação de quadrilha, exploração de prestígio, estelionato e ameaça (a ação penal ainda não foi julgada).

Na versão de Menezes, ele foi alertado em 2019 por um topógrafo que era falsa a procuração por meio da qual os supostos donos da Tecnobloco Construções na Itália davam poderes para Bruno gerenciar os negócios da empresa no Brasil. Ao contatar o cartório em Roma onde o documento foi formalizado, Menezes confirmou a fraude. “Com isso, o meu acordo com o Bruno não valia nada. Fiquei no prejuízo”, diz ele à piauí. Menezes encaminhou o caso à Polícia Civil, que indiciou Bruno por uso de documento falso. A Justiça, porém, acabou arquivando a investigação, a pedido do Ministério Público, para quem a representação contra Bruno deveria ter partido dos donos da empresa na Itália, e não de Menezes.

No segundo semestre de 2019, o próprio Giuseppe Calvaruso, regente da Cosa Nostra, decidiu se mudar para Natal, a fim de cuidar mais de perto dos investimentos da máfia e fugir do cerco policial na Sicília. Em julho, o italiano foi para Cingapura, onde esteve nos mesmos bancos onde o sócio Bruno havia passado três anos antes (segundo a polícia italiana, provavelmente para alinhar novas injeções de capital no Brasil). Em novembro, desembarcou na capital potiguar.

Uma vez no Brasil, Calvaruso acelerou os investimentos da máfia. Concluiu a construção de uma casa dentro de um resort em Bananeiras, interior da Paraíba; comprou dois apartamentos em Cabedelo, município vizinho a João Pessoa; adquiriu duas empresas em Natal (uma delas dona de imóveis avaliados em quase 4 milhões de reais, no total) e fundou a pizzaria Italy’s. “Se você puder concluir [os investimentos], você salva todo mundo, acredite em mim”, escreveu a Calvaruso o seu braço direito em Palermo, Giovanni Caruso, em julho de 2020. “Conclusão: eu só tenho que me segurar, faz anos que eu sempre salvo tudo e todos”, vangloriou-se Calvaruso. “Acredite em mim, estou um pouco cansado, especialmente por viver sozinho, longe da minha família. […] Mas, se eu não resolver isso como eu digo, não voltarei [para a Itália] de mãos vazias.” As mensagens foram trocadas por meio do aplicativo Sky ECC, com forte criptografia – o que não impediu que, no ano seguinte, as polícias francesa e belga conseguissem acessar os diálogos e repassá-los à polícia italiana.

Para fincar raízes no Brasil e evitar uma possível extradição para a Itália, Calvaruso “comprou” a paternidade de um recém-nascido em Natal, em junho de 2020. O passo seguinte foi pedir a cidadania brasileira, acreditando que o país não extradita seus cidadãos. Semanas antes do nascimento da criança, Calvaruso mandou Caruso enviar 3 mil euros para ele no Brasil, por meio de cartões pré-pagos.

“Preciso disso porque tenho que resolver minha autorização de residência, caso contrário, eles não me darão o visto. É muito importante. Na segunda-feira, preciso que as transferências sejam feitas. Invente alguma coisa”, escreveu no Sky ECC. Dias depois, pelo mesmo aplicativo, reforçou seus planos a Caruso: “Na próxima semana ou mesmo nesta semana nasce o bebê, que vou registrar em meu nome. Então eles me dão uma autorização permanente. Dentro de dois anos a cidadania. […] Eles [policiais italianos] devem se esquecer de mim.”

Não se sabe se o dinheiro foi dado como pagamento aos pais do bebê ou ao cartório onde foi registrado o nascimento, para que fizessem vista grossa sobre a paternidade fraudada. Fato é que o pai biológico da criança, também italiano, não só permitiu que o filho fosse registrado em nome do mafioso como emprestou a Calvaruso o seu cartão pré-pago.

A artimanha não funcionou. Calvaruso foi preso tão logo desembarcou no aeroporto de Palermo, vindo de Natal, em 4 de abril de 2021, para passar o feriado de Páscoa com a família. Outros de seus quatro acólitos também foram presos, incluindo o braço direito Caruso. De Natal, Bruno, em conversa via WhatsApp com a mulher de Calvaruso, Rosa Rita Catalano, lamentou a prisão do chefe: “Às vezes eu rezo, pensando: mas nós merecemos tudo isso?”

Desde então, Calvaruso ocupa uma cela em uma penitenciária de segurança máxima na Ilha da Sardenha, a noroeste da Sicília. Em conversas captadas dentro do presídio, ele disse à sua mulher que tem vontade de se mudar em definitivo com a família para o Brasil: “Tenho que saber a cidade que é mais conveniente para nós… você sabe quanto é [o tamanho] do Brasil, Ro? Tanto quanto toda a Europa.”

Conversas monitoradas

Desde 2016, a polícia italiana monitorava todas as conversas mantidas por Calvaruso no seu celular, por meio de um programa espião instalado no aparelho com autorização judicial (nos autos da investigação, não fica claro qual seria esse programa). Com isso, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo reuniu informações suficientes para iniciar o rastreio do esquema de lavagem de dinheiro mantido pela Cosa Nostra no Brasil. Em 2021, os primeiros policiais italianos desembarcaram em Natal para rastrear o patrimônio amealhado pela máfia e seguir de perto os passos de Giuseppe Bruno.

No ano seguinte, em maio, o governo italiano decidiu solicitar formalmente um acordo de cooperação com o Ministério Público Federal (MPF) brasileiro para “a obtenção de dados confiáveis sobre rastreabilidade dos grandes fluxos financeiros movidos da Itália para o Brasil e informações sobre bens atribuídos a Giuseppe Calvaruso e outros”. A investigação do MPF, da PF e da Receita Federal, iniciada em outubro de 2022, não só confirmou os dados já investigados desde a Itália como encontrou novas suspeitas sobre o patrimônio do trio Calvaruso-Ladogana-Bruno no Rio Grande do Norte.

No caso deste último, os auditores fiscais constataram uma diferença superior a 4 milhões de reais entre a renda declarada e a movimentação bancária no período entre 2016 e 2020. Já Ladogana recebeu 10 milhões de reais em suas contas entre 2009 e 2016, mas declarou no imposto de renda apenas 450 mil reais, um indicativo, segundo a Receita, de que ele movimentou dinheiro de origem ilícita.

Em novembro de 2023, a PF encaminhou à Justiça os pedidos de prisões preventivas e de buscas. Em poucas semanas as requisições foram acatadas pela 14ª Vara Federal de Natal, mas a operação tinha de ser deflagrada ao mesmo tempo no Brasil e na Itália, onde havia outros participantes do esquema mafioso. A Justiça italiana demorou a conceder os pedidos de prisão (só o fez em agosto de 2024), e a PF perdeu o rastro de Bruno.

Foi graças às constantes brigas entre ele e sua mulher (embora estivessem já divorciados), quase sempre com registros de boletins de ocorrência na Polícia Civil, que uma agente da PF descobriu que Bruno estava morando em um flat em Ponta Negra, um bairro em Natal (em um dos registros policiais, Sara Barros disse que o ex-marido a obrigou, sob ameaça de morte, a assinar documentos em que ela renunciava às sociedades das empresas do esquema da máfia).

Bruno foi preso na manhã de 13 de agosto de 2024. No mesmo dia, a Direção Distrital Antimáfia de Palermo prendeu na Itália a mãe dele, Rosa Simoncini. No Brasil, nove pessoas, incluindo Calvaruso, Bruno e sua ex-mulher, Ladogana, sua ex-mulher, Tamara Barros, e a atual, Regina Souza, são réus em ação penal, ainda não julgada, na 14ª Vara Federal de Natal, acusados de associação criminosa e lavagem de dinheiro. Em dezembro passado, o inquérito da polícia italiana seguia em andamento.

O advogado de Calvaruso na Itália, Michele Giovinco, disse à piauí que a Justiça ainda não provou a responsabilidade do réu na suposta extorsão aos compradores do armazém na via Altofonte, em Palermo, nem na lavagem de dinheiro na compra e venda de imóveis no Brasil. “Não há provas processuais nas investigações italianas de transferência de dinheiro de Hong Kong ou Cingapura, nem para a Itália e nem para o Brasil”, afirmou.

Giovinco alega que Calvaruso se mudou para o Rio Grande do Norte em 2019, porque desejava deixar seu país natal. “Ele sempre disse em seus interrogatórios [à polícia] que queria ir embora de Palermo e se mudar definitivamente para longe da Itália.”

Em nota, a defesa de Ladogana informou apenas que o patrimônio dele no Brasil “foi adquirido com muito trabalho” e que o empresário nunca teve envolvimento com a Cosa Nostra. Nino Spadaro não quis se manifestar. A defesa de Bruno não foi localizada.

Assassinato

Última ponta solta dos esquemas da máfia siciliana no Rio Grande do Norte é o assassinato de Carlos Antonio Lopes da Silva, o taxista que se tornou laranja de Pietro Ladogana e era dono formal de duas empresas e de dezenas de imóveis no estado. Mesmo depois da prisão do italiano, em 2019, Silva continuou próximo dele – era uma das pessoas autorizadas por Ladogana a visitá-lo na prisão em Alcaçuz.

Na noite de 1º de março de 2023, Silva dormia em sua casa no bairro Pitangui, em Extremoz, com a mulher e as duas filhas do casal, quando ouviu a porta da entrada sendo arrombada. Pegou um bastão e conseguiu atingir um dos invasores, mas acabou levando sete tiros de pistola de outro criminoso. Morreu ao lado da sua cama.

A principal suspeita da polícia é que Silva tenha sido morto a mando de um empresário potiguar que teria grilado parte dos terrenos da Cosa Nostra no estado. Responsável pelo inquérito, o delegado André Kay, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Ceará-Mirim, não revela a identidade do suspeito para não atrapalhar as investigações. Passados quase dois anos do crime, o inquérito ainda não foi concluído.

Allan de Abreu é repórter da Piauí e autor dos livros O Delator, Cocaína: A Rota Caipira e Cabeça Branca (Record)

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Categoria(s): Reportagem Especial
domingo - 02/03/2025 - 09:32h

O direito de Shakespeare

Por Marcelo Alves

Arte produzida com recurso de Inteligência artificial para o BCS

Arte produzida com recurso de Inteligência artificial para o BCS

Um dos “mistérios” sobre Shakespeare diz respeito ao direito. Como poderia o Bardo ter tanta intimidade com o mundo jurídico, ao ponto de retratar tão fielmente os procedimentos legais da época das suas produções teatrais? Como poderia ele, com tanta precisão, debater questões como Justiça, formalismo legal, bom-senso etc.?

Formação clássica em direito, Shakespeare não possuía. Ele foi certa vez testemunha em um caso envolvendo pessoas da sua convivência, é vero. Esse, aliás, é um dos acontecimentos mais relevantes para comprovar a existência da pessoa William Shakespeare (1564-1616). Mas isso, por óbvio, está deveras longe de fazer dele um profissional/conhecedor do direito.

Esse mistério do conhecimento jurídico do Bardo tem martelado em minha cabeça desde quando, morando em Londres, tive oportunidade de assistir a duas de suas obras: “Bem está o que bem acaba” (no National Theatre) e, sobretudo, “A Comédia dos Erros” (no Globe Theatre), peça cuja trama gira em torno da condenação à morte de um comerciante de Siracusa, apenas por violar estrita proibição legal de cruzar a fronteira entre sua cidade e Éfeso. “A Comédia” trata, então, do dilema da pena de morte, do legalismo exagerado e meandros dos procedimentos legais da época.

Esse “encafifamento” só aumentou depois que eu devorei, já no papel, as duas “peças jurídicas” de Shakespeare, assim classificadas por Daniel J. Kornstein em “Kill All the Lawyers? Shakespeare’s Legal Appeal” (University of Nebraska Press, 2005): “O Mercador de Veneza” e “Medida por Medida”.

“O Mercador de Veneza”, notável “courtroom drama”, é uma crítica à vingativa visão de Justiça “olho por olho, dente por dente” e à visão formal do direito, em prol de uma Justiça de equidade, a partir de um bom-senso natural aplicado às especificações do caso. É também uma aula de direito contratual e, sobretudo, no que considero o clímax da peça, uma lição de hermenêutica inteligentemente revolucionária, embora, como sói ocorrer no bom direito, atenta à “letra da lei” e aos “exatos termos” do contrato. Já em “Medida por Medida”, onde nenhuma personagem é inteiramente boa ou má, aprendemos que “Leis para todas as faltas (…): são motivo de zombaria mais que de advertência”; e enxergamos a hipocrisia da Justiça absoluta aplicada pelos homens, uma vez que, no mundo real, de paixões e fraquezas, por não ser a medida certa, ela simplesmente não funciona. Pelo menos não no parecer do grande conhecedor da alma humana – certamente o maior de todos que, em poesia, dela tratou – que foi Shakespeare.

Há uma curiosa teoria que visa explicar essa sabença jurídica do Bardo. Segundo os autores do “Everyman’s Companion to Shakespeare” (J. M. Dent & Sons, 1978), Gareth Lloyd Evans e Barbara Lloyd Evans, existe a tese de que “Shakespeare foi assistente de advogado após deixar a escola”. Para eles, “isso, como uma defensável hipótese, não pode simplesmente ser colocada de lado. Não há prova factual, mas a evidência circunstancial é formidável: (a) durante a juventude, ele teria sido bem relacionado com os advogados de Stratford em razão dos afazeres do pai, tanto comerciais como na administração da cidade, e mesmo em litígios mais graves nos quais o volátil John Shakespeare estava envolvido, incluindo contravenções; (b) durante a vida, Shakespeare estava envolvido, como muitos do seu status social e econômico, com questões legais – em especial a compra, venda e aluguel de imóveis. Ele parece ter sido assíduo e informado nos seus negócios e tornou-se próspero; (c) suas peças são pródigas em profissionais do direito, em linguagem legal e mesmo em evidências de um bom conhecimento da ciência jurídica”.

Desconfio. Tanto quanto não gosto de teorias conspiratórias, desprecio teses mirabolantes. Prefiro acreditar que Shakespeare foi mesmo um gênio natural, autodidata, com insuperável capacidade de extrair maravilhas das suas fontes, reformulando-as nas tragédias e comédias que nos encantam até hoje.

Ele lia e relia os livros que podia, sobretudo os clássicos gregos, para fins de elaboração de suas peças, assim como as reescrevia e revisava frequentemente. Ao ler e reler os clássicos, pensar e revisar as ideias de outrem e as próprias, ele se fez autodidata na apresentação literária do bom-senso e da Justiça.

Aliás, os próprios autores do “Everyman’s Companion to Shakespeare” lembram que a grande força do Bardo não estava no seu conhecimento ou bagagem cultural – isso Milton, Francis Bacon ou mesmo Ben Jonson tinham muito mais do que ele –, mas, sim, na forma poética e insuperavelmente encantadora como ele punha esse conhecimento no papel e no palco.

Isso, para o direito, que trabalha com a linguagem, é muito mais do que muito. E não se aprende em faculdade alguma.

Crônicas anteriores

Leia também: Os roubos de Shakespeare (09-02-2025)

Leia também: As rupturas de Shakespeare (16-02-2025)

Leia também: Os mistérios de Shakespeare (23-02-2025)

Marcelo Alves Dias de Souza é procurador Regional da República, doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL e membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras – ANRL

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 02/03/2025 - 08:56h
Vencedor

Xand é todo emoção em ‘casa’

Em sua terra de coração, Apodi, Xand Avião, nome artístico de José Alexandre da Silva Filho, chorou no palco nessa sexsa-feira (28), na abertura do Carnaval apodiense.

Pequena pausa na música foi para lembrar das dificuldades e dos laços, com seu lugar. Mas, também, para incentivar:

– “Nunca desistam de seus sonhos .”

Aplausos. Um vencedor.

📽️@tcm10hd

📽️@apodiagora

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Categoria(s): Gerais
domingo - 02/03/2025 - 08:24h

Repentes memoráveis são um legado da cantoria

Por Aldaci de França

Foto ilustrativa sem identificação de autoria

Foto ilustrativa sem identificação de autoria

Se voltarmos um pouco ao passado e ouvirmos com a devida atenção a cantoria, encontraremos pérolas poéticas surgidas nos mais acalorados improvisos dos nossos repentistas nordestinos.

É evidente que, em um breve artigo não seria possível destacarmos todos os iluminados repentistas do Nordeste e seus respectivos repentes memoráveis. São momentos memoráveis, que proporcionaram alegria e admiração, a tantas plateias que os ouviram pelo interior do nosso semiárido.

De onde vem tanta inspiração? As estrofes em seus desempenhos poéticos muitas vezes eram surpreendentes. Vejamos: certa vez, Severino Lourenço Pinto da Silva, o Pinto do Monteiro, também denominado a “Cascavel do repente”, cantava com um determinado repentista que tentou subjugá-lo em uma  conclusão de estrofe, com o desfecho: “eu sou rico, você pobre, não gosto mais de você.” Pintou retrucou:

“Ainda vejo você

Pedindo esmola no trem,

Ou então num beco estreito

Onde não passa ninguém

E se passar seja um cego

Pedindo esmola também.”

João Batista Bernardo, mais conhecido como João Furiba, marcou gerações com sua poesia irreverente e dentre alguns famosos repentistas de sua época, foi parceiro também do genial repentista Pinto do Monteiro. Com ele desbravou o Nordeste e outras regiões do nosso país, deixando estrofes memoráveis por onde passaram e realizaram grandes cantorias.

Em uma das excussões, onde exibia a arte do repente, a dupla discernia sobre a natureza, se referindo ao gorjeio das aves e seus movimentos no próprio habitat, quando Furiba improvisa os seguintes versos: 

“Admiro o Pica-pau

Pelos galhos do Angico:

Ao dia é tico taco

E a noite é taco tico,

Não sente dor de cabeça

Nem quebra a ponta do bico”.

Onésimo Pereira da Costa, também de saudosa memória, identificado com o nome artístico “Onésimo Maia”, com quem duplei no Projeto Viola na Escola, na década de noventa, onde realizamos mais de duzentas apresentações em escolas públicas estaduais e municipais em Mossoró, numa parceria UERN/Prefeitura, deixou seu nome no cenário da Arte do Repente,

Foi um dos mais brilhantes repentistas do Rio Grande do Norte.

O repentista costumava se apresentar em palanques políticos e tinha uma forte ligação com os Queiroz de Jucurutu. Por vezes foi convidado pelo saudoso deputado estadual Nelson Queiroz, para cantar em reuniões políticas em sua fazenda. Em uma dessas oportunidades se encontrava a cúpula do PMDB, composta pela Governador Aluízio Alves, deputado Federal Henrique Eduardo, senador Geraldo Melo, dentre outros.

No momento, foi sugerido ao poeta improvisar versos com os convidados, como forma de presenteá-los com sua boa cantoria, e, em contrapartida, os anfitriões do deputado Nelson Queiroz, realizavam o pagamento do cachê ao poeta. Todos colaboraram e quando chego a vez do ex-governador Aluízio Alves, Onésimo agradeceu com o repente inesquecível:

“Doutor Aluízio Alves

Agora compareceu;

Foi conferir no meu bolso

O valor que ele me deu…

Aluízio é muito vivo

Pode ter levado o meu”.

São pérolas assim da cantoria nordestina, que devem ficar na memória de muitos.

Aldaci de França é poeta Repentista, escritor, cordelista e coordenador dos Festivais de Repentistas do Nordeste no Mossoró Cidade Junina

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Categoria(s): Crônica
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domingo - 02/03/2025 - 06:42h

Depoimento – V

Por Ayala Gurgel

Imagem gerada com recurso de Inteligência Artificial para o BCS

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B.O: N° 05-6492/2020

NATUREZA: AVERIGUAÇÃO DE FATO ATÍPICO

DATA DA COMUNICAÇÃO: 03 DE MARÇO DE 2020

COMUNICANTE: VALENTINA CUNHA E AZEVEDO

A menor de nome Valentina Cunha e Azevedo, treze anos, solteira, estudante, residente nesta freguesia, compareceu a esta delegacia na companhia de sua progenitora e mãe, a senhora Margarida de Almeida Cunha, e da senhora Ruth de Sá, na qualidade de representante do Conselho Municipal da Infância e Adolescência, para fornecer sua versão sobre a investigação em aberto, a pedido do sargento Edson Nogueira, do Primeiro Batalhão do Corpo de Bombeiros desta cidade. A menor, perante mim, escrivã de polícia, e devidos responsáveis legais, disse que tudo começou na fila da comunhão quando conversava com uma amiga, outra menor, que não será aqui identificada, sobre a hóstia ser o corpo de Cristo ou se tratar apenas de uma lenda católica. Que, em virtude dessa conversa, sem qualquer intenção planejada anteriormente ou em combinado com a amiga, ela decidiu fingir que havia colocado a hóstia na boca, mas, na verdade, manteve-a escondida na mão e levou-a para casa, onde colocou-a dentro de uma caixa de acrílico, após retirar suas bijuterias, e manteve-a fechada, desde então. Que não sabia o que fazer depois que fez isso, pois não havia pensado em nada, mas decidiu deixar a hóstia guardada para ver o que acontecia. Que não lembra quantos, mas em poucos dias começou a falar para a hóstia sobre alguns dos seus sentimentos, desejos e problemas que tinha em casa ou com suas amigas. Que não ficou apenas nisso e começou a tratar a hóstia como prisioneira e passou também a exigir que lhe fizesse favores, em troca de liberdade. Que fazia ameaças como “se não me atender, vou te dar ao gato” ou “vou te vender na internet para os satanistas”, e pedia favores como “que meus pais me deixem sair com as minhas amigas e permitam que eu possa voltar tarde da noite” ou “que meus pais aumentem minha mesada”. A menor disse que não faz ideia do porquê estava fazendo essas coisas, mas se sentia bem ao fazê-las, além disso, coincidência ou não, seus desejos começaram a ser realizados. Interpelada por sua mãe, neste momento, a menor concordou em acrescentar à sua narrativa que, paralelo a isso, mudou de comportamento e adotou a moda gótica, o que desagradou a seus pais, mas não se importou. Que apenas procurou continuar com sua vida, pois estava feliz e conseguindo tudo que queria, graças à sua prisioneira. Que um mês depois, com a crítica dos pais, especialmente do seu pai, contra seu gosto e novos hábitos, a depoente começou a ficar chateada com a hóstia e exigiu dela que fizesse com que os pais se separassem, do contrário, a jogaria na privada e daria descarga. Que não sabe explicar, mas na semana seguinte, seus pais começaram a falar em divórcio. [mãe tomou a fala, interrompendo a menor, e disse que isso era verdade; que ela e o marido nunca haviam tido uma crise, até então, e naquela semana, começaram a falar em divórcio. A mãe foi instruída a não interromper a fala da menor e que poderia ser ouvida, posteriormente, caso tivesse algo a acrescentar]. A menor foi convidada a continuar e disse que começou a se sentir poderosa e feliz com tudo que estava conseguindo e, por isso, decidiu falar com a melhor amiga sobre seu segredo. Indagada, respondeu afirmativo à pergunta se a amiga à qual se refere era a mesma pessoa com a qual conversou na fila da comunhão. Disse que não havia revelado a ninguém sobre ter guardado a hóstia e as exigências que vinha fazendo, e já haviam passado dois meses e dez dias desde o início dos eventos. Que foi mais motivada por orgulho e vaidade que decidiu contar tudo à amiga. Disse que a amiga ficou em choque com a novidade e quis ver a hóstia, quem ela chamava de “minha prisioneira”. As duas concordaram em vê-la e isso seria feito no mesmo dia, após as aulas, quando deveriam se dirigir à residência da menor, o que veio a ocorrer. Ao chegarem ao local, a mãe era a única pessoa que se encontrava em casa, de modo que, além da outra menor, é a única que pode dar testemunho do acontecido. Disse que, ao abrir a porta do seu quarto, não conseguiu entrar, nem ela nem ninguém, pois exalou um odor horrível de podridão que tomou conta da casa, provocando ânsia de vômito nas três. Que até o gato da família, que se encontrava no sofá, fugiu ao sentir o fedor. Que a mãe correu em direção às duas para tomar ciência do que estava acontecendo, mas nenhuma delas teve estômago para continuar dentro de casa e enfrentar a podridão que exalava do quarto. Que acionaram o corpo de bombeiros, narraram o odor e pediram ajuda para saber do que se tratava, no que foram atendidas. A menor disse que os bombeiros entraram no quarto e encontraram um pedaço de carne em putrefação dentro de uma caixa e suspeitaram se tratar de tecido humano, razão pela qual solicitaram explicações e as envolvidas foram encaminhadas à delegacia para que prestassem esclarecimentos. A menor relatou que a caixa na qual foram encontrados os restos de tecido humano é a mesma na qual ela mantinha a hóstia prisioneira e nunca a abriu desde que a colocou lá dentro. Que não sabe explicar o que aconteceu. Era o que tinha a relatar.

Ayala Gurgel é escritor, professor da Ufersa, doutor em Políticas Públicas e Filosofia, além de especialista em saúde mental

*O texto faz parte do livro homônimo e tem como desafio transformar a escrita ordinária, informal, em literatura, tal como os clássicos fizeram com as cartas (criando a literatura epistolar). Veja abaixo, links para as postagens anteriores:

Leia tambémDepoimento (02/02/2025)

Leia tambémDepoimento II (09/02/2025)

Leia tambémDepoimento III (16/02/2025)

Leia também: Depoimento IV (23/02/2025)

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Categoria(s): Conto/Romance
domingo - 02/03/2025 - 05:34h

O imperialismo trumpista e a reconfiguração da política brasileira

Por Christian Lynch

Donald Trump ruge e tenta impor ao mundo os valores do seu modelo de poder (Foto: arquivo)

Donald Trump ruge e tenta impor ao mundo os valores do seu modelo de poder (Foto: arquivo)

O mundo vive um novo ciclo histórico de retração da globalização, e com ele ressurgem formas de dominação que pareciam superadas. O trumpismo, mais do que um fenômeno político interno dos Estados Unidos, emerge como um projeto imperialista de reordenação do sistema internacional, retomando, sob novas roupagens, o velho princípio da Doutrina Monroe e do Destino Manifesto. Ele se articula em torno de três frentes principais: a econômica, que emprega tarifas punitivas para fechar seu mercado e ao mesmo tempo obrigar os países mais fracos a abrir os deles; a ideológica, pela captura das redes sociais como instrumentos de propaganda da extrema direita, seja fascista, reacionária ou libertariana; e a política, pelo cerco a instituições e lideranças que resistam à nova ordem imposta dentro e fora dos EUA.

O imperialismo de Trump é orientado para favorecer por toda a parte a implantação de governos extremistas que lhes sejam dóceis ou subordinados. O objetivo é subordinar os demais países da América e aliados da Europa Ocidental aos desígnios de seu governo, ignorando o princípio de autodeterminação dos povos e desprestigiando governos que se recusem a alinhar-se com o autoritarismo.

Têm sido vítimas desse imperialismo relançado a Ucrânia, a Groenlândia, o Canadá, o México e o Panamá. O que não impede Trump de falar respeitosamente com governos autocráticos, que ele aliás admira: Maduro, Putin e Xi Jiping. Ou presidentes que aspiram à autocracia interna e à vassalagem externa, como Javier Milei.

Não por acaso, a família Bolsonaro vê na intervenção da Internacional Facho-Reacionária uma boia de salvação, contando com a pressão de Washington não só para impedir sua prisão, como para reverter sua inelegibilidade.

Embora não esteja entre as prioridades de Trump, sua investida contra o Brasil é questão de tempo. Bolsonaro, seu êmulo, não só foi julgado inelegível depois de derrotado, como está em vias de ser processado e provavelmente condenado pelos crimes por si cometidos. Processado e condenado por um Supremo Tribunal que resiste à pretensão de aliados de Trump de ignorar a soberania brasileira. Não por acaso, a família Bolsonaro vê na intervenção da Internacional Facho-Reacionária uma boia de salvação, contando com a pressão de Washington não só para impedir sua prisão, como para reverter sua inelegibilidade.

Aliados de Bolsonaro, como senador Marcos Do Val, já clamam por uma invasão americana. Atitude que não surpreende ninguém que compreenda o estofo colonial de que é feito o pretenso patriotismo da extrema direita bolsonarista.

É conhecida a posição de fragilidade em que se encontra Bolsonaro. Sua inelegibilidade, os escândalos de corrupção e a perda progressiva de apoio entre setores da direita tradicional fazem com que sua utilidade para o trumpismo se torne incerta. Sua eventual prisão não necessariamente gerará uma reação massiva de seus apoiadores. A desmobilização da direita em torno de sua figura tem sido visível desde 2022. Os próprios sucessores potenciais de Bolsonaro — Ronaldo Caiado, Tarcisio de Fritas, Ratinho Júnior — têm todo o interesse em afastá-lo do tabuleiro político, de modo a herdar seu espólio eleitoral sem carregar o ônus de sua decadência.

Que impacto sobre esse cenário poderá ter a investida de Trump sobre a política brasileira? O embate não se dará apenas no plano institucional, mas também no controle da esfera pública, já que as big techs colocaram suas plataformas a serviço do projeto trumpista. A defesa de uma “liberdade de expressão” contrária aos regramentos jurídicos de cada país não passa de eufemismo para para a propagação ideológica reacionária.

No Brasil, essa estratégia se traduzirá em tentativas de interferência no processo eleitoral de 2026, seja por meio da manipulação algorítmica, da desinformação em massa ou de pressões econômicas diretas sobre o país. Já houve precedentes, e as ações de Musk neste sentido, inclusive nas recentes eleições alemãs, não deixam dúvidas do que pode vir por aqui.

Se a esquerda souber articular um discurso que mobilize o eleitorado contra o imperialismo trumpista, poderá deslocar a polarização atual para um embate entre soberanismo e entreguismo.

Curiosamente, a investida trumpista poderá servir de boia, não para Bolsonaro, mas para a esquerda e, quem sabe, para o governo Lula, que ainda não disse ao que veio e sofre com a impopularidade. Ainda identificada com o cosmopolitismo da globalização declinante e pautada pela agenda identitária, a esquerda tem dificuldade em adaptar-se à nova conjuntura.

No entanto, à medida que o imperialismo trumpista avançar e impuser sua veleidade de subordinação, a tendência é que a esquerda passe a reivindicar a defesa da soberania nacional como eixo central de sua agenda. Se a esquerda souber articular um discurso que mobilize o eleitorado contra o imperialismo trumpista, poderá deslocar a polarização atual para um embate entre soberanismo e entreguismo.

E aí, como ocorre hoje no Canadá, quem ficaria mal das pernas seria a direita oposicionista identificada com um personagem como Tarcísio de Freitas, que tenta posar de moderado, mas se recusa a condenar o golpismo de Bolsonaro e põe na cabeça o boné do MAGA.

Também a direita terá de decidir se vai se apresentar ao eleitorado como um satélite do trumpismo, como é hoje o bolsonarismo, ou se buscará um discurso de maior autonomia, o que terá importantes repercussões eleitorais no ano que vem. Este será um imbróglio que se apresentará fatalmente nos próximos meses, conforme se desenrole o processo de Bolsonaro e seus comparsas golpistas, obrigando os atores politicos a moverem as peças do tabuleiro conforme a nova configuração da política interna brasileira, imposta pelo imperialismo de Trump.

Aguardemos o espetáculo.

Chrystian Lynch é cientista político, editor da revista Insight Inteligência e professor do IESP-UERJ

*Texto especial do Canal Meio para o BCS

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Categoria(s): Artigo / Opinião
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domingo - 02/03/2025 - 04:00h

Ouro em pó

Por Marcos Ferreira

Arte ilustrativa da – Freepick/Vecstock

Arte ilustrativa da – Freepick/Vecstock

Estou deveras atrasado. Pois todos os meios de comunicação de Mossoró já divulgaram a ocorrência. A notícia (perdoem o lugar-comum) correu ligeira como um rastilho de pólvora. De qualquer modo, como a gente costuma ter a pretensão de contar as coisas de modo desejosamente invulgar, quem sabe artístico, vou descrever o que se passou na última quinta-feira em um supermercado bem pertinho do Conjunto Walfredo Gurgel, a uns quinze minutos de caminhada da minha casa.

Aqui, todavia, eu me reservo o direito de não citar o nome da bodega onde aconteceu a invasão. Não farei, portanto, propaganda gratuita do estabelecimento comercial em que presenciei o ataque de oito ou dez homens fortemente armados. Um dos fora da lei, sujeito atarracado, usando um boné verde-musgo que deixava entrever o cabelo grisalho e um bocado crescido escapando pelas laterais, portava o que me pareceu um fuzil ou metralhadora. Os demais empunhavam pistolas e revólveres. Mandaram todo mundo deitar no chão e jogar para eles os nossos celulares.

Presumi que nenhum de nós, deitados de bruços no piso gelado, sofreria qualquer tipo de violência física. Eu estava certo. Não encostaram um dedo em ninguém. O indivíduo atarracado, decerto de meia-idade, foi arrastando os celulares com os pés para junto de um expositor de bananas. Exigiu, com voz alta e firme, que ficássemos de cabeça abaixada. Imagino que nenhum cliente desobedeceu.

— Não olhem para mim! — rosnou o assaltante, que se virava a todo momento para a porta automática do supermercado. Quem ia chegando ele apontava a arma e mandava que ficasse na mesma condição de todos nós: no chão. Os recém-chegados, sem exceção, tiveram que depressa entregar seus celulares.

Bateu-me logo o receio de que levassem os aparelhos, alguns talvez arranhados pela forma como o elemento amontoou os telefones. Ficar sem meu celular em decorrência daquele assalto, obviamente, representava um transtorno administrativo e financeiro. Todos ficamos de cara no piso, a exemplo dos operadores de caixa e de um policial militar à paisana, que foi pego de surpresa e rendido. O pê-eme fazia um bico como segurança da loja. Ficou sem a arma e também sem o celular.

O samango era um cidadão de cabeça quase raspada, gorducho, cara redonda e rosada, orçando pelos cinquenta anos de idade. Deitou-se à minha esquerda, quase roçando meu braço. Pude notar que tinha a testa porejando suor e demonstrava um nervosismo que o deixava com as mãos visivelmente trêmulas.

Eu, apesar de me ver em uma situação como aquela, sentia-me, para a minha própria surpresa, por demais sereno, tranquilo. Tudo naquela perigosa empreitada, a meu ver, indicava que os invasores não estavam ali para machucar quem quer que fosse. O objetivo dos caras, que possuíam grandes bolsas de lona e mochilas às costas, não tardou para ser alcançado. Encheram as sacolas de lona e as mochilas com todos os pacotes de café dispostos nas prateleiras do inflacionado produto.

Presumo que a operação inteira não chegou a dez minutos. Saíram tão rápido como entraram. Nenhum dos telefones foi levado. Exceto a arma do policial. Catei o meu celular entre os outros e me mandei para casa, deixando no reduto da carestia as minhas poucas compras reunidas em uma cestinha de plástico de cor laranja. Quando umas quatro ou cinco viaturas da polícia enfim chegaram, os ladrões de café já estavam muito longe do alcance dos militares. Por via das dúvidas, só voltei ao supermercado depois das sete da noite. Preciso informar, embora falhando na sequência da narrativa, que o roubo do ouro em pó se deu por volta das quinze horas e trinta.

Aqui entre minhas vizinhas, especificamente na redação do Fofocas News, a queixa é grande em virtude do alto custo de um pacote de café. Dependendo da marca e do tipo da rubiácea, ninguém pode sequer chegar perto. Mesmo aqueles mais ordinários receberam aumentos de preço mais que absurdos.

Porém, desafiando o alto custo do ouro em pó, a tradição não morreu por inteiro nas nossas tardes-noites nas calçadas de Sayonara e Rucilene. É verdade que uma ou outra redatora do Fofoca News aderiu ao chá. Mas não é fácil trocar o pretinho cheiroso de outrora, mesmo com os preços pela hora da morte.

Rucilene, por exemplo, não deita fora a borra do café feito de manhã. Guarda para a tarde e mistura com uma ou duas colheres de uma marca mais em conta. O problema é que sai tão fraquinho que é possível enxergarmos o nome Duralex no fundo da xícara. Desse jeito, segundo protesta a redatora-chefe dona Raimundo, é melhor ficarmos no chá. Maria dos Navegantes, no entanto, não se dobra em face da prática de preços abusivos. Ela já vendeu até um rim para não abrir mão do café.

Nossa querida vizinha Cilene Freitas, também repórter do Fofoca News, convenceu o esposo, o senhor Arimatéia Garcia, a abraçar a proposta de um chazinho de camomila, erva-cidreira, chá-mate ou de capim-santo.

Aqui em casa, felizmente, volta e meia os amigos que me visitam me trazem de presente um ou dois pacotes do ouro em pó, além de umas bolachas, pães, bolos e queijo. É uma fartura total. Só tomara que os elementos que roubaram o café do supermercado não descubram isso. Que Deus me livre e guarde.

Marcos Ferreira é escritor

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Categoria(s): Crônica
sábado - 01/03/2025 - 23:52h

Pensando bem…

🦋🦋“Repreende o amigo em segredo e elogia-o em público.”

Leonardo Da Vinci

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sábado - 01/03/2025 - 21:22h
Grossos

Prefeita puxa festa de Carnaval em trio-elétrico

A prefeita Cínthia Sonale, de Grossos, puxa festa de Carnaval na cidade em cima de trio elétrico, neste sábado (01).

O artista Marcynho Sensação dita o ritmo e ela não perde o tom.

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Categoria(s): Gerais
sábado - 01/03/2025 - 19:24h
BR-405

BR-405 está com vários trechos perigosos

Quem fizer trajeto pela BR-405, de Mossoró ao Médio e Alto Oeste, deve ter cuidado redobrado.

Pista de rolamento está com incontáveis buracos, crateras, colocando em risco a vida de milhares de pessoas.

Em alguns pontos, a buraqueira é atenuada por pessoas anônimas, que colocam areia e metralha.

📽️Vídeo cedido por um webleitor (01/03/2025).

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Categoria(s): Gerais
  • Repet
sábado - 01/03/2025 - 17:50h
Renascer

Comunidade Católica Shalom realiza retiro de Carnaval

Banner de divulgação

Banner de divulgação

A Comunidade Católica Shalom convida Mossoró e região para o Retiro Aberto de Carnaval, Renascer!

Tema e Proposta

Tema: “Se creres, verás a glória de Deus”

Um Carnaval diferente, repleto de alegria verdadeira e duradoura.

Detalhes do Evento

– Data: 02 a 04 de março

– Local: Colégio Mater Christi

– Entrada: Gratuita

Programação

– Momentos de pregação

– Santa Missa

– Adoração ao Santíssimo Sacramento

– Fraternidade, show com a banda Sopragod

– Espaço kids, com abordagem diferente para o público infantil.

Mais informações: @ShalomMossoro no Instagram.

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Categoria(s): Gerais
sábado - 01/03/2025 - 05:44h
Veja escala

MPRN atua em regime de plantão durante o Carnaval 2025

Arte de divulgação do MPRN

Arte de divulgação do MPRN

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) funciona em regime de plantão de atendimento no período da festividade do carnaval.

Entre os dias 1º (este sábado) e 5 de março (quarta-feira), os procuradores e promotores atuam através de escala definida pelo Conselho Superior do Ministério Público.

O plantão é destinado exclusivamente para atendimento de demandas de urgência.

São considerados casos urgentes exemplificativamente: habeas corpus, comunicação e pedido de relaxamento de prisão em flagrante, decretação, revogação ou relaxamento de prisão preventiva ou temporária, liberdade provisória, medidas cautelares e diligências probatórias no processo penal, medidas cautelares e antecipatórias no processo civil, comunicação de apreensão de adolescente em flagrante e realização de sua oitiva em caso de não liberação pela autoridade policial

Para informações sobre o plantão, o contato deverá ser feito pelo telefone (84) 99972-5298.

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Veja AQUI a escala de plantonistas do MPRN para esse período.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público
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sábado - 01/03/2025 - 04:32h
Veja calendário

IPVA 2025 no RN tem primeiro vencimento previsto para março

Banner de divulgação (Reprodução do BCS)

Banner de divulgação (Reprodução do BCS)

O primeiro vencimento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) 2025 no Rio Grande do Norte está programado para março. A Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ-RN) estabelece calendário com os prazos de vencimento do imposto ao longo do ano e o cronograma tem início no dia 10 próximos.

Alcança os veículos com placa de numeração final 1 e 2, e se estende até dezembro, com vencimentos variando conforme a terminação das placas dos veículos e opção por parcelamento.

Os contribuintes podem optar pelo pagamento do imposto em cota única com 5% de desconto, ou pelo parcelamento em até sete vezes, desde que o valor total seja superior a R$100. Além disso, os usuários do aplicativo Nota Potiguar podem obter até 10% de desconto adicional, com base na quantidade de pontos acumulados no ano anterior, o que pode resultar em um abatimento total de até 15% sobre o valor do tributo.

Os proprietários podem consultar e imprimir a guia do IPVA diretamente no site do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN-RN), ou através do link //www2.detran.rn.gov.br/externo/consultarveiculo.asp, ao informar a placa do veículo e o número do Renavam. Além disso, é possível fazer o download do documento pelo aplicativo Nota Potiguar, para os usuários cadastrados.

Novidades

Entre as novidades para 2025, destaca-se a redução da alíquota do IPVA para veículos movidos a Gás Natural Veicular (GNV), de 3% para 1,5%, Além disso, foi implementada a inclusão de veículos elétricos na cobrança do imposto, com uma alíquota inicial de 0,5%, que aumentará progressivamente até atingir 50% das alíquotas gerais. A frota atual dos elétricos e híbridos no estado está estimada em mais de dois mil veículos.

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Veja o calendário/final de placa abaixo:

Reprodução do BCS

Reprodução do BCS

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Categoria(s): Administração Pública
sexta-feira - 28/02/2025 - 23:54h

Pensando bem…

“Metas são sua bússola. Sem objetivos, você fica à deriva.”

Brian Tracy

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sexta-feira - 28/02/2025 - 23:44h
Não é não!

OAB Mossoró por Elas no Carnaval alerta e protege as mulheres

Banner de divulgação da campanha

Banner de divulgação da campanha

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Mossoró está promovendo a ação “OAB Mossoró por Elas no Carnaval – Alegria sim, assédio não!”, para orientar e acolher mulheres que passem por situações de assédio, violência sexual ou agressões durante o período do carnaval.

A iniciativa tem como objetivo proporcionar apoio jurídico e acolhimento para as mulheres que se sintam vulneráveis ou que sofram qualquer tipo de violência durante a folia. Para isso, a subseção disponibiliza uma equipe de plantão multiprofissional, composta por advogadas e psicóloga, que pode ser acionada por meio de um QR Code, na imagem contida abaixo que estará disponível para prestar auxílio e as orientações necessárias.

“O Carnaval é um momento de festa e celebração, não tendo espaço para a insegurança. A violência contra a mulher não pode ser tolerada!
Com essa iniciativa, queremos garantir que nenhuma mulher se sinta sozinha ou sem respaldo jurídico diante de situações de assédio”, afirma Lorena Gualberto , presidente da OAB Mossoró.

A OAB Mossoró se coloca perante a sociedade com mais esse serviço pelos direitos das mulheres e soma na luta contra o assédio, defendendo que é possível sim, aproveitar o carnaval de forma segura e respeitosa, combatendo qualquer forma de violência contra as mulheres.

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Para mais informações, acesse o QR Code na imagem abaixo:

QR Code (Reprodução do BCS)

QR Code (Reprodução do BCS)

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Categoria(s): Gerais / Justiça/Direito/Ministério Público
sexta-feira - 28/02/2025 - 23:32h
Republicanos

Justiça Eleitoral cassa dois vereadores por fraude em cota de gênero

Arte ilustrativa

Arte ilustrativa

Do G1 RN

Dois vereadores de Alexandria, no Alto Oeste potiguar, tiveram os mandatos cassados por uma decisão da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte, que identificou que o partido Republicanos no município não cumpriu a cota mínima de 30% de candidaturas femininas nas eleições de 2020.

Os vereadores afetados são Carlos Alberto Sarmento de Oliveira (conhecido como Carlinhos Sarmento) e João Victor da Silva Magno (João Victor de Ciaca).

Apesar da decisão do juiz João Makson Bastos de Oliveira, da 41ª Zona Eleitoral, eles deverão seguir nos cargos, à espera de uma decisão da segunda instância, caso recorram ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte.

O juiz considerou que o partido praticou fraude ao não cumprir a cota mínima de gênero. Por lei, cada partido precisa garantir a representação de pelo menos 30% de cada gênero (seja feminino ou masculino) na lista de candidatos.

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O partido Republicanos inscreveu 7 candidatos em 2024, sendo cinco homens e duas mulheres, o que corresponde a 71,43% de candidaturas masculinas e 28,57% de candidaturas femininas.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público / Política
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sexta-feira - 28/02/2025 - 22:40h
Operação Divisas Carnaval

Fazenda faz apreensão de mais de R$ 3 milhões em cargas irregulares

Mercadorias foram apreendidas num curto espaço de dias (Foto: reprodução)

Mercadorias foram apreendidas num curto espaço de dias (Foto: reprodução)

Um volume superior a R$ 3 milhões em cargas apreendidas e mais de R$ 1 milhão recuperado para os cofres do estado. Esse foi o saldo da Operação Divisas Carnaval, uma força tarefa realizada pela Secretaria Estadual da Fazenda do Rio Grande do Norte (SEFAZ-RN), em conjunto com as Polícias Militar (PM) e Rodoviária Federal (PRF) para combater a sonegação fiscal e prevenir ilícitos nas rodovias na semana que antecede o Carnaval.

A mobilização teve início na última segunda-feira (24) e encerra hoje em todo o estado.

O foco do trabalho dos auditores e técnicos da Fazenda Estadual foi identificar a entrada e circulação de produtos sem documentação fiscal pelas principais vias do RN, sobretudo estradas que cruzam regiões de divisa com estados vizinhos.

Comprar, vender e transportar mercadorias sem notas fiscais é classificado como crime contra ordem tributária. Além de ilegal, a sonegação prejudica o comércio local, impondo concorrência desleal aos empresários potiguares.

Resultados 2024

O balanço da operação foi divulgado nesta sexta-feira pela Sefaz. Ao todo, foram contabilizadas 275 cargas retidas ao longo da semana por estarem sem documentação. Entre os itens apreendidos durante a fiscalização, o maior volume foi de bebidas, artigos de confecções e cosméticos, avaliados em mais de R$ 3 milhões. A ação evitou a evasão de mais de R$ 1 milhão devido à tentativa de driblar o recolhimento do tributo devido.

A Sefaz também divulgou os resultados de 2024, onde foram 10604 apreensões com um total de R$ 112 milhões de mercadorias apreendidas. Um aumento significativo e superior a 30% em relação a 2023.

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Categoria(s): Administração Pública
sexta-feira - 28/02/2025 - 22:22h
Novo Caged

Construção se destaca na oferta de empregos no mês de janeiro

Setores privado e público, na construção civil, têm destaque (Foto ilustrativa)

Setores privado e público, na construção civil, têm destaque (Foto ilustrativa)

O setor da Construção foi o principal impulsionador da geração de empregos no Rio Grande do Norte registrando um saldo positivo de 781 novas oportunidades de trabalho, é o que apresenta o Boletim Econômico divulgado na manhã desta quinta-feira (27) pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico a partir de dados extraídos pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego.

No Boletim, é possível observar que o segmento de infraestrutura se destacou positivamente, impulsionado pelas obras de recuperação e melhoria das rodovias estaduais conduzidas pelo governo do estado gerando 445 novas oportunidades de emprego, e, o segmento da construção de edifícios foi responsável pela criação de 321 postos de trabalho.

Na agropecuária, as principais atividades foram a agricultura, pecuária e serviços relacionados, e, pesca e aquicultura. Na indústria, as atividades de água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, e, eletricidade e gás.

Nos serviços, os destaques foram para administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais.  E no comércio, destaque para comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e para o comércio por atacado.

Em relação aos municípios com maior saldo de empregabilidade em janeiro, os cinco primeiros são: Currais Novos – 276, Janduís – 252, São Gonçalo do Amarante – 151, Espírito Santo – 111 e Ipanguaçu – 108.

É destacado também no documento o saldo negativo de 628 postos de trabalho no estado para o período. Dentre alguns dos motivos, o encerramento da safra do melão e o desligamento das contratações temporárias de fim de ano.

Interessante destacar que, esse movimento negativo no saldo de empregos se repetiu na região Nordeste que fechou janeiro com -2.671 postos de trabalho.

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Categoria(s): Economia
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