A saúde pública, no seu Sistema Único de Saúde (SUS), é algo de enorme complexidade em qualquer parte do Brasil e no envolvimento de todos os entes federados (União, estados e municípios). Contudo, em Mossoró, existem outros complicadores naturais, políticos e de submundo, que a tornam ainda mais difícil de ser administrada com eficiência.
A nova gestão municipal a cargo do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) desde o último dia 1º de janeiro, não tem em mãos apenas um desafio, mas enorme e desmedida missão: fazer a saúde municipal ser menos ruim e cruel com sua clientela, que é particularmente pobre.Inspirado no National Health Service do Reino Unido e nascido no dia 17 de maio de 1988, na 267 ª Sessão da Assembleia Nacional Constituinte, o SUS é incomum e muito mais abrangente do que o modelo primário britânico. Nossas dimensões continentais, falhas fiscalizadoras, impunidade, custo estelar dos serviços e caráter universal, além da miséria da maioria dos atendidos, explicam muito de seus problemas. Mas, não os justificam.
Especificamente Mossoró, é visível que durante décadas a municipalização plena teve avanços com capilaridade de Unidade Básicas de Saúde (UBS’s), instalação de Unidades de Pronto-Atendimento (UPA’s), a expansão de especialidades etc. Porém, é nítido que os gestores até aqui foram coniventes com a formação de quadrilhas, o desvio de recursos milionários, sabotagens (incluindo quebra de equipamentos) e o faz-de-conta de expedientes médicos.
O que o jovem engenheiro Allyson Bezerra prometeu em campanha é factível. Por exemplo: que cada UBS tenha realmente médico de plantão, cumprindo integralmente sua carga horária. Se isso não ocorreu até hoje não é apenas por falta de médico, mas resultado de cumplicidade entre ‘profissionais’ e governantes.
Muitos integrantes dessa engrenagem, de servidores a prestadores de serviços, fornecedores, políticos expurgados etc., não querem que a saúde pública funcione. Quanto maior o estresse, melhor. Quanto maior a agonia, mais resultados político-eleitorais e financeiros a grupos e organizações que precisam do SUS precário, desorganizado, deficiente.
Na Constituição do Brasil, é claro o papel e a missão do SUS. E lá, ele é perfeito, pois plasma uma necessidade do cidadão comum, em especial, de ter a saúde como “direito de todos” e “dever do Estado”.
Como não faz parte de corriolas elitistas, não foi ungido por consórcios empresariais criminosos nem é marionete de esquemas políticos longevos, o novo prefeito tem as condições mínimas para enfrentar o problema de frente. Mas, que tenha cuidado (inclusive em sua segurança física). Uma súcia habituada a viver e patinhar nesse submundo, é capaz de tudo para não largar o delicioso osso que mordisca há tempos.
Allyson Bezerra chegou ao poder por um queremismo (o povo majoritariamente disse “queremos Allyson”), lembrando movimento pró-Getúlio Vargas em 1945, de força popular espontânea. Foi ungido em meio a essa insatisfação, rotina de exploração e esgotamento de uma forma excludente, espoliadora e cínica de se fazer política.
Se, na Prefeitura Municipal de Mossoró, o prefeito eleito em 2020 for apenas repetir o que sempre foi feito, rateando espaços e fechando os olhos a tudo isso, apenas guardará lugar e cadeira à volta daqueles que combateu. Aqueles mesmo que arrotam adorar Mossoró e nunca enfrentaram os reais problemas da saúde pública local.
Por quê? Porque sempre fizeram da necessidade da massa-gente o combustível à conquista e manutenção do seu poder. Sempre trabalharam para que tudo funcionasse assim mesmo, em parceria com uma máfia ardilosa. A regra sempre foi o superfaturamento de contratos, desvio de medicamentos e outros produtos, fraudes em licitações e simulação de atendimento.
Quem mais fala mal do SUS é quem mais vive nababescamente a expensas do que arranca do SUS. E, se a saúde pública em Mossoró for mesmo caso de polícia, chamem a polícia. Não existe meio termo. O povão agradece.
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