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domingo - 08/08/2021 - 11:24h

Pasárgada existe

PasárgadaPor Inácio Augusto de Almeida 

E eu pensando ser Pasárgada apenas fruto da criatividade fulgurante do Manuel Bandeira.

Chegava mesmo a comparar a cidade, que julgava imaginária, com a Atlântida de Platão, onde a perfeição existiu até as paixões humanas influenciarem o comportamento dos reis mitológicos e terminasse tragada pelo mar para mostrar quão perigosos são os sentimentos humanos quando divorciados da razão.

Para minha alegria Pasárgada existe.

Pasárgada existe!!!

E lá ninguém precisa ser amigo do rei para ter direito a tudo que quiser.

Tratamento médico imediato e com especialistas. Exames realizados no mesmo dia. E se alguma cirurgia for necessária é feita imediatamente. Em Pasárgada equipes se revezam em plantões diuturnos. Tratamento odontológico a qualquer hora do dia e da noite.

Medicamentos distribuídos gratuitamente e nunca acontece de faltar um só.

Insulina existe em quantidade exagerada e para não perder prazo de validade Pasárgada faz doação de lotes deste medicamento para cidades circunvizinhas.

Em Pasárgada tem tanta creche que a matrícula das crianças é feita pelas mães enquanto cuidam dos afazeres domésticos.

Equipes da Educação vão de casa em casa e tudo providenciam.

Aulas iniciadas e crianças, já uniformizadas, esperam o transporte escolar na porta de casa.

Transporte escolar que funciona com pontualidade britânica.

Ruas tão bem cuidadas e iluminadas que lembram os salões onde valsas vienenses são dançadas nos contos de fadas.

Emprego sobra em Pasárgada.

Comitivas se deslocam a outras cidades e nos auditórios de bancos fomentadores de desenvolvimento   deixam claro que prescindem de qualquer tipo de financiamento público para desenvolver projetos de bilhões de dólares.

Com emprego pleno, saúde de primeiro mundo e educação de qualidade; a violência inexiste.

É comum ver pessoas nas madrugadas de Pasárgada com cadeiras nas calçadas.

Sinto a dor de uma picada de abelha ou de algum outro inseto.

Percebo o rádio ligado e me dou conta de que adormeci embalado pela propaganda oficial.

Não fossem os mosquitos, carro fumacê nem no sonho apareceu, eu ainda estaria em Pasárgada.

Olho pela janela e vejo o lindo céu azul de mais uma manhã cheia de luz e calor desta Mossoró tão bonita.

Inácio Augusto de Almeida é jornalista e escritor

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    Grande Inácio, sensibilidade não lhes falta!
    Flunciência no texto.
    Um abraçaço com emoção!

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Vamos agradecer ao Odemirton por enviar meu texto semanal.
      E ao Carlos Santos o espaço que nos cede.
      Um dia viveremos em Pasárgada.

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