Por Marcos Ferreira
Após esses anos todos, ignorando certas coisas com que a vida nos atinge, talvez uma ou outra pessoa (generosamente) diga que pareço mais bonito que meus oito irmãos. Destaco que já fomos onze. Dois morreram quando crianças. Assim, frisando essa questão numérica, preciso informar que, nos dias atuais, somos seis homens e três mulheres.
Nasci dois anos antes que os outros. Sou de 1970, completarei, se tudo der certo, cinquenta e quatro no dia 10 de abril. Superando os marmanjos, pois, agora eu seria o bonitinho. Ou o menos feio, classificação que me parece melhor.
Durante a nossa juventude, na época das primeiras namoradinhas, a vantagem no quesito beleza daqueles filhos do sapateiro Vicente e da dona de casa Marilda saltava aos olhos. Bem-apessoados, embora com uma parcela de timidez, não lhes faltavam pretendentes. Eu, porém, ainda mais tímido e sem determinados atrativos físicos, demorei um pouco até ser descoberto por uns belos olhos verdes na minha rua.
Como um cavalheiro não possui memória, não posso lhes revelar o nome da moça, que se tornou uma arquiteta bastante requisitada, foi embora para Santa Catarina e contraiu matrimônio com uma igualmente bonita mulher do universo judiciário.
É claro que ninguém avança na idade, ultrapassando os quarenta, cinquenta, sessenta anos, imune à ação do tempo. Não é possível negociar com o calendário. Desconfio, todavia, que alguns indivíduos fazem uso de um formol de efeito poderoso e chegam até mesmo aos setenta com feições ainda admiráveis. Isso pode ser observado tanto no sexo masculino quanto no feminino. Como exemplo feminino, hoje quero mencionar uma senhora que já ultrapassou os setenta anos e continua incrivelmente linda: Bruna Lombardi. Bruna nasceu no dia primeiro de agosto de 1952.
No meu caso e dos meus irmãos, algo fácil de perceber, estamos a anos-luz do superman Henry Cavill, tipo inserido num padrão de beleza praticamente consensual. De qualquer maneira, quanto àqueles rostinhos outrora bonitos dos meus irmãos, é possível que o transcorrer destas últimas cinco décadas não tenha sido tão severo comigo. Dito isto, modéstia à parte, não me considero um patinho feio. Torço apenas que nenhum deles se depare com esta crônica de viés narcisístico.
Marcos Ferreira é escritor
Gostei muito da crônica e da sua leveza, nobre escritor. Bom olhar o espelho e perceber que se está bem de aparência. Se bem que com a sua idade, nem deveria ter essa preocupação. Ainda mais sendo homem. Mulher é que se cobra demais nesse item. Acho a Bruna Lombardi muito linda, também! Mas olho pra Fernanda Montenegro e a acho linda, num tipo de beleza atemporal; que mulher inteligente! Quanto à questão do patinho feio, é muito bom se gostar e gostar do que se apresenta diante do espelho. Eu adoro me cuidar e saber que tenho atravessado as décadas, mantendo uma boa aparência! A auto-estima vai lá pra cima! No fim das contas o que vale é como a gente se sente. E se nos achamos bonitos, melhor ainda! E se as outras pessoas também percebem que estamos bem, só temos que comemorar! Um abraço meu belo escritor! Muita saúde! Viva a vida!
Envelhecer é um privilégio, asim como ” a beleza está nos olhos de quem vê”
Abraços poeta e escritor, Marcos Ferreira…