Será realizado, neste sábado (09), em Tibau, o novo curso de formação do PCdoB, com base no Programa Socialista para o Brasil.
Elaborado pela Secretaria Nacional de Formação e Propaganda e pela Escola Nacional do PCdoB, o novo curso – que tem como materiais didáticos uma apostila e um vídeo – tem o objetivo de difundir e popularizar o mais importante documento partidário.
Para Gerônimo de Paiva, Presidente da comissão provisória PCdoB de Tibau, “a formação é necessária, principalmente, nas regiões onde o Partido se expande e recebe muitas filiações”. “Temos o objetivo de assegurar a formação continuada, a fim de que a compreensão Partidária e política sejam pilares de sustentação da cidadania”.
Após a formação serão entregues certificados de realização do CPS (Curso do Programa Socialista), onde os formados terão a tarefa de iniciar outros cursos posteriores de níveis II e III, em particular para o Curso de Iniciação ao Marxismo Leninismo (CIM).
Local: E.E.SENADOR DINARTE DE MEDEIROS MARIZ, S/N, Centro, TIBAU/RN.
Data: 09/11/2013 – 8h às 13h.
Com informações do PCdoB
O ARQUEJO DE UMA OLIGARQUIA.
Menino paupérrimo, filho de um juiz de direito de uma pequenina cidade do interior maranhense nos anos 50.
Para poder continuar os estudos, Sarney migra para São Luís, passando a morar na Casa dos Estudantes, uma espécie de abrigo que naqueles anos existia para rapazes pobres vindos do interior e que desejavam continuar os estudos.
Foram anos duros para Sarney, anos em que lavava a sua própria roupa.
Dotado de uma inteligência fulgurante, orador fluente, logo se tornou líder estudantil.
Ingressa no Curso de Direto e desenvolve todo o seu talento político no vasto e fértil campo que se abria.
Na época, o Maranhão vivia sob a truculência do Vitorino Freire, que com mão de ferro e apoio do Governo Federal mantinha o estado embaixo dos tacões das suas botinas de coronel da política.
De início, sentindo que não havia clima para bater de frente com Vitorino, Sarney se junta aos comandados do Cacique da política maranhense.
O fato de o pai ser juiz facilitou a aproximação.
Nesta época Sarney passa a viver dois papeis numa mesma peça.
Nas manifestações populares em São Luís, onde aparecia como líder estudantil, fazia discursos inflamados pelo fim do caciquismo e por uma renovação na política maranhense.
Nas cidades do interior, em pronunciamentos brilhantes, defendia o continuísmo do vitorinismo.
Na época, com os meios de comunicação precários, a grande massa não tomava conhecimento deste comportamento do Salvador do Maranhão.
Em 1954 candidata-se, mas não consegue se eleger Deputado Federal e fica como terceiro suplente, porém em menos de um ano assume uma cadeira na Câmara Federal.
Sentiu que era hora de romper com Vitorino e liderar um movimento de oposição ao velho político que insistia em fazer política com métodos já totalmente ultrapassados.
Rompe e dá início a formação de uma oposição por ele liderada e que passa a ser feita de uma forma inteligente, lançando a todos uma esperança de liberdade, fim do medo e de um Maranhão feliz, onde os maranhenses viveriam felizes.
Em 1958 se elege Deputado Federal com uma votação espantosa que o eleva definitivamente à condição de líder da oposição maranhense.
Nas suas andanças pelo interior maranhense usa do seu talento para em discursos criar contos de fadas, prometendo a todos um porvir de prosperidade e paz.
Passa a ser idolatrado pelos maranhenses, que veem naquele ontem menino pobre a esperança de afastar o arrogante Vitorino Freire do poder.
Chega ao Governo com uma vitória esmagadora sobre o vitorinismo, quando conseguiu mais do que o dobro dos votos do candidato apoiado pelo até então dono do Maranhão.
Como homem da UDN, ligado a Jânio Quadros e tendo feito oposição a João Goulart, era uma figura prestigiada pela ditadura militar que se instalará no país em 1964.
Claro que nas eleições de 1965, quando venceu as eleições governamentais, contou com o total apoio dos militares, inclusive conseguindo que fosse feita uma revisão pela Justiça Eleitoral que resultou na eliminação de dois quintos do eleitorado, acabando assim com os chamados eleitores fantasmas, pilastra maior do vitorinismo.
Nasce a Oligarquia Sarney.
No poder, adota os mesmos métodos do Vitorino Freire.
Instala um regime de perseguição política nunca antes vista no Maranhão, usando para isto das ligações que tinha com os militares.
Quase todos os políticos ligados ao Vitorinismo são cassados.
Destrói assim toda e qualquer oposição ao seu governo.
Agiu de uma forma tão dura que até hoje, 2013, a Oligarquia Sarney tem uma maioria folgada na Assembleia Legislativa do Maranhão, onde dos 42 deputados, 34 são ligados ao grupo Sarney. Dos 18 Deputados Federais, 14 obedecem cegamente a sua orientação política, entre os quais o seu filho Zequinha Sarney.
No Senado, todos os três representantes do Maranhão, João Alberto, Epitácio Cafeteira e Clovis Fecury, seguem a liderança do Sarney.
No Governo do Maranhão a sua filha Roseana Sarney.
Filha que conseguiu eleger governadora do Maranhão por três vezes.
Bafejado pala sorte torna-se Presidente da República com a morte de Tancredo Neves, alcançando assim um cargo com o qual nunca sequer sonhou. Assuiu graças às antigas ligações que manteve e continuou a manter com os militares.
No cargo de Presidente carreia uma enorme soma de recursos para o Maranhão, que passa a contar com boas estradas, instalação de indústrias, construção de um grande porto, etc.
Isto consolida definitivamente a Oligarquia Sarney no Maranhão.
Lançou na política todos os seus filhos, Zequinha Sarney, Roseana Sarney e Fernando Sarney. Dos três apenas a Roseana mostrou vocação para a política. Fernando abandonou após um mandato de vereador em São Luís, Zequinha se mantém Deputado Federal como Pilatos está no credo. Roseana mostra que herdou do pai a ambição política, mas não o talento.
Com o passar do tempo e o próximo afastamento do Sarney motivado pelo peso dos anos, não há como manter o grupo unido, já que as ambições afloram.
Lobão, João Alberto, Murad e outros começam a bater cabeça, cada um querendo se tornar o herdeiro político de Sarney.
Roseana, sem muito talento político e com a saúde altamente fragilizada por incontáveis operações, extração dos ovários, útero, parte do estômago; não tem condições físicas nem capacidade política para ocupar o lugar do pai e manter a união do grupo.
Grupo ainda muito forte politicamente, mas já não monolítico.
Com uma grande estrutura política, mas sem uma completa união, caminha para uma derrota nas eleições de 2014..
Este enfraquecimento possibilitou o surgimento de uma nova estrela na política maranhense.
Flávio Dino, atual presidente da EMBRATUR, comunista, PC do B, da mais inteira confiança da Presidenta Dilma.
Para quem acompanhou o crescimento do Sarney, a impressão é de estar vendo um vídeo – tape. As mesmas promessas, a mesma bandeira de liberdade, renovação, desenvolvimento, etc.
Flávio Dino chega a lembrar e muito Sarney, diferente apenas na origem, já que nasceu numa família riquíssima.
Como Sarney é dotado de uma oratória que o torna capaz de levantar as massas e tornar-se Governador do Maranhão.
Não tenho certeza de que tudo se repetirá.
Certeza eu tenho de que a Oligarquia Sarney caminha para o seu ocaso.
Será esta a primeira de uma série de oligarquias a desaparecer?
Deus queira que sim.
NOTA DO BLOG – Inácio, bom dia. Qual origem desse texto?
Caro Carlos Santos
Terminei de escrevê-lo por volta das 6:10.
Eu VIVI no Maranhão nos anos 50/60.
Meu irmão namorou uma irmã de Sarney, a Conceição, a quem chamávamos de Concy, por sinal uma excelente pessoa. Infelizmente não se casaram, ou felizmente, nunca se sabe. Até porque como eu digo no meu romance MARANHÃO, nunca queira saber como teria sido se não tivesse sido como foi.
Por diversas vez fui a casa de Dona Kiola em companhia do meu irmão. Ela sempre estava sentada numa grande cadeira. Como eu era ainda um meninote, 14/15anos, Dona Kiola me tratava sempre por MEU FILHO e beijava a minha testa.
Sarney nunca escondeu de ninguém a sua origem humilde, coisa que na minha opinião só faz engrandecê-lo mais ainda.
Como pessoa Sarney é excelente.
Como homem público, deixa para lá.
Todos os fatos que relatei eu os vivenciei.
A proximidade do meu irmão com a Concy deu-se pelo fato de trabalharem juntos no antigo IAPTEC, Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Trabalhadores em Transportes de Carga. Depois todos estes institutos foram fundidos na ditadura militar, formando o que hoje é o INSS ou INAMPS. Como se nota, a irmã do Sarney era uma funcionária de um Instituto de Previdência e ganhava um salário equivalente hoje a uns 4 mil reais. Sei disto pelo salário que meu irmão ganhava.
Isto deixa claro que eles não eram ricos.
Muitas vezes a Concy levava a Roseana Sarney para a repartição. Era uma menina bonita, sempre com aqueles vestidos de saia rodada.
Papai era amigo pessoal de Vitorino Freire.
Muitas vezes fui ao Palácio dos Leões em companhia de papai e ficava ouvindo eles conversarem até altas horas. Às vezes eu cochilava. Vitorino falava muito baixo e praticamente não abria a boca.Nisto lembrava José Américo de Almeida. A amizade de papai com Vitorino Freire deu-se por conta de papai ser filho de Hermenegildo de Almeida, irmão de José Américo de Almeida.
Muito do que eu vivenciei nesta época eu relato no romance Maranhão.
Meu nome é exatamente o nome do pai de José Américo de Almeida, meu bisavô.
O texto é da minha lavra e as referências são fatos que eu testemunhei.
As opiniões que emiti foram fundamentadas na minha maneira de avaliar as pessoas que conheci.
Procurei, como em tudo que faço, ser o mais imparcial possível.
O objetivo que tive ao escrever o texto foi chamar a atenção de todos que as oligarquias não são eternas.
Podem ser duradouras, mas não são eternas.
Eternos são os diamantes.
Um abraço.