Por Odemirton Filho
O tempo, como se diz, voa. Anda a galope. Passa tão rápido que não percebemos. Eu, por exemplo, há vinte anos trabalho na região da Costa Branca, entre as cidades de Tibau, Grossos, Areia Branca e Porto do Mangue.
Aproveito o ensejo para apreciar as lindas praias do nosso litoral. Por outro lado, visito o “sovaco da cobra”, em Grossos; o Mocó, em Areia Branca; o assentamento Brilho do Sol, em Porto do Mangue.
No meu mister de oficial de diligências, já me deparei com inúmeras situações agradáveis e desagradáveis. Ninguém, ou quase ninguém, gosta de receber em sua casa um Oficial de Justiça com um mandado judicial. Às vezes, são diligências simples, como a intimação de uma sentença ou para comparecer a uma audiência.
Outras vezes, no entanto, as diligências são executórias, como uma penhora de bens, busca e apreensão de veículos, uma reintegração de posse ou a guarda de um menor de idade. São atos processuais mais complexos, os quais exigem cautela no seu cumprimento.
Infelizmente, a maioria das pessoas não entende o trabalho do oficial de Justiça, age com desrespeito e, em alguns momentos, com agressividade. Não entende que apenas cumprimos as ordens judiciais, não nos cabendo emitir juízo de valor sobre a justiça ou a injustiça das decisões.
Entretanto, até aqui, nos ajudou o Senhor. Raramente eu encontrei uma situação mais delicada, que exigiu um posicionamento firme. Nesses casos, sempre contei com o inestimável apoio da nossa gloriosa Polícia Militar.
É claro que existem situações hilárias e delicadas, como correr por medo de um cachorro; meter o pé na lama, subir e descer dunas sob um sol escaldante, percorrer ruas e becos sem saída. Além disso, é comum encontrar pessoas que aproveitam para desabafar sobre os seus problemas, sobre um filho ou neto que estão envolvidos com as drogas.
Um dia desses, lá pra bandas da cidade de Porto do Mangue, conversei com uma mãe que perdeu dois filhos, ambos envolvidos com o mundo da criminalidade. Ela chorou. Eu, que ainda sou feito de carne, osso e, principalmente, de coração, fiquei emocionado.
Ainda tenho sonhos? Sim, tenho, pois “os sonhos não envelhecem”. Contudo, “viver é melhor que sonhar”. A maturidade me trouxe a certeza que ser feliz é fazer o que se gosta e estar ao lado de quem amamos. Simples assim.
Pois é, o tempo passou, e eu tive que me adaptar às mudanças. Fomos do processo físico ao Processo Judicial Eletrônico (PJE), das intimações pessoais as intimações por meio do aplicativo WhatsApp, das audiências presenciais as audiências por videoconferência.
E, talvez, ainda tenha um longo tempo pela estrada afora. Por isso, rogo ao bom Deus para que continue a ser a minha proteção e companhia nessas andanças.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
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