PÃO E CIRCO
Hoje pela manhã saí perambulando pelas ruas de Mossoró.
E às pessoas que ia encontrando dirigia a pergunta:
Com quem o Brasil joga hoje?
Das 32 pessoas a quem perguntei 4 responderam com uma pergunta.
O BRASIL VAI JOGAR?
Outras 15 me disseram que não sabiam com quem o Brasil ia jogar.
Das 13 restantes, 3 disseram que era com o México, 2 com a Itália e 8 que o Brasil joga hoje com o Japão.
E você que esta lendo este comentário, você sabe com quem o Brasil joga hoje?
Você sabe onde o Brasil vai jogar?
Alguém em Mossoró saber dizer de cor a escalação da seleção brasileira?
Quem atualmente é o treinador do Brasil?
Lembra-se de alguns anos atrás quando até as criancinhas sabiam que Zagalo era o treinador da seleção brasileira. E usavam aquela expressão do Velho Lobo VOCÊS VÃO TER QUE ME ENGOLIR… Anos em que todo rapazinho sabia qual era o time do Brasil.
Éramos o país do futebol e do carnaval.
E como a economia ia bem, dava para distribuir pão e usar o futebol como circo.
Assim tudo seguia tranquilamente e as tenebrosas transações aconteciam sem que ninguém delas se desse conta.
Famílias fizeram fortunas da noite para o dia.
Em cada estado da federação surgiram oligarquias.
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Taiguara e outros se esforçavam para despertar através da música o povo brasileiro. E por esta tentativa pagaram muito caro.
Geraldo Vandré nunca se recuperou completamente das atrocidades sofridas. Chico sofreu menos por ser de uma família com projeção internacional. Caetano e Gil tiveram que correr para Londres. Taiguara se fez de bobo e passou a fazer apenas músicas românticas. Eram tempos negros, tempos de chumbo.
Depois estes tempos duros foram substituídos por uma corruptocracia.
E as negociatas continuaram acontecendo, só que de uma forma mais desbragada.
Perderam totalmente o pudor. Tornaram-se descarados. Passaram a roubar e a fazer questão de dizer que roubavam.
E o pão continuava a ser distribuído.
O circo continuava funcionando a pleno, com Romário e Ronaldinho fazendo gols e conquistando junto com seus companheiros títulos mundiais.
E tudo ia bem no país de faz de conta.
Mas como disse Chico na música que Milton Nascimento imortalizou:
“De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta”
A PORCA FICOU TÃO GORDA QUE JÁ NÃO ANDA.
A FACA DE TÃO USADA JÁ NÃO CORTA.
Acabou-se o PÃO E CIRCO.
Já não há pão para todos. E sem pão o circo não consegue sozinho alienar as pessoas. Uma coisa só funciona com a outra. E de forma sincronizada.
Mas ainda há os que insistem na política do PÃO E CIRCO.
Maria Antonieta perdeu a cabeça, mas fez escola.
Quantas delas não estão por aí a queimar o dinheiro do povo em festas e a dizer que se o povo não tem água que beba leite.
Os sinais estão cada dia mais claros.
Pena que nem todos consigam enxergá-los.
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)
Será que existe alguma vaga neste lugar?
Pela quantidade de omissos…
PÃO E CIRCO
Hoje pela manhã saí perambulando pelas ruas de Mossoró.
E às pessoas que ia encontrando dirigia a pergunta:
Com quem o Brasil joga hoje?
Das 32 pessoas a quem perguntei 4 responderam com uma pergunta.
O BRASIL VAI JOGAR?
Outras 15 me disseram que não sabiam com quem o Brasil ia jogar.
Das 13 restantes, 3 disseram que era com o México, 2 com a Itália e 8 que o Brasil joga hoje com o Japão.
E você que esta lendo este comentário, você sabe com quem o Brasil joga hoje?
Você sabe onde o Brasil vai jogar?
Alguém em Mossoró saber dizer de cor a escalação da seleção brasileira?
Quem atualmente é o treinador do Brasil?
Lembra-se de alguns anos atrás quando até as criancinhas sabiam que Zagalo era o treinador da seleção brasileira. E usavam aquela expressão do Velho Lobo VOCÊS VÃO TER QUE ME ENGOLIR… Anos em que todo rapazinho sabia qual era o time do Brasil.
Éramos o país do futebol e do carnaval.
E como a economia ia bem, dava para distribuir pão e usar o futebol como circo.
Assim tudo seguia tranquilamente e as tenebrosas transações aconteciam sem que ninguém delas se desse conta.
Famílias fizeram fortunas da noite para o dia.
Em cada estado da federação surgiram oligarquias.
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Taiguara e outros se esforçavam para despertar através da música o povo brasileiro. E por esta tentativa pagaram muito caro.
Geraldo Vandré nunca se recuperou completamente das atrocidades sofridas. Chico sofreu menos por ser de uma família com projeção internacional. Caetano e Gil tiveram que correr para Londres. Taiguara se fez de bobo e passou a fazer apenas músicas românticas. Eram tempos negros, tempos de chumbo.
Depois estes tempos duros foram substituídos por uma corruptocracia.
E as negociatas continuaram acontecendo, só que de uma forma mais desbragada.
Perderam totalmente o pudor. Tornaram-se descarados. Passaram a roubar e a fazer questão de dizer que roubavam.
E o pão continuava a ser distribuído.
O circo continuava funcionando a pleno, com Romário e Ronaldinho fazendo gols e conquistando junto com seus companheiros títulos mundiais.
E tudo ia bem no país de faz de conta.
Mas como disse Chico na música que Milton Nascimento imortalizou:
“De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta”
A PORCA FICOU TÃO GORDA QUE JÁ NÃO ANDA.
A FACA DE TÃO USADA JÁ NÃO CORTA.
Acabou-se o PÃO E CIRCO.
Já não há pão para todos. E sem pão o circo não consegue sozinho alienar as pessoas. Uma coisa só funciona com a outra. E de forma sincronizada.
Mas ainda há os que insistem na política do PÃO E CIRCO.
Maria Antonieta perdeu a cabeça, mas fez escola.
Quantas delas não estão por aí a queimar o dinheiro do povo em festas e a dizer que se o povo não tem água que beba leite.
Os sinais estão cada dia mais claros.
Pena que nem todos consigam enxergá-los.
A MÚSICA DO DOMINGO
Chico Buarque
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)
“Pluralidade que não se reduz à unidade é confusão; unidade que não depende de pluralidade é tirania”.
Pascal