“Arrependimento é mais o medo das consequências do que remorso pelo que nós fizemos.”
François La Rochefoucauld
Jornalismo com Opinião
“Arrependimento é mais o medo das consequências do que remorso pelo que nós fizemos.”
François La Rochefoucauld
Caro Jornalista Carlos Santos, caso seja possível, peço publicar interessante artigo sobre as declarações da jornalista natalense acerca da “cara das empregadas domésticas”, ei-lo:
O mal “de não ter cara de médica”
30 ago 2013/0 Comentários/ Espaço do Leitor
Por Cassandra Renault Pisco
Engraçado e triste, mas ao ler a declaração de que seres humanos por serem negros não têm cara de médico, e sim de empregada doméstica, senti em mim essas palavras e o choro me acompanhou.
Não choro porque sou negra de cor, mas … Sou de raiz, de história, de cultura, de família, de alma. Chorei porque apesar de branca, sou de origem humilde, de “cabelo duro”, sou à margem dessa sociedade. E mais, sou médica formada por negros, brancos e pardos cubanos e já sofri e às vezes sofro deste mal: “de não ter cara de médica”.
Sou fruto de uma revolução que excluiu o preconceito de suas palavras cotidianas, de seu prato principal. Porém nasci nas entranhas dessa sociedade capitalista e sei o que é sofrer por não ter recursos, sejam financeiro ou material, seja você branco, negro, índio, mulato, mameluco… Seja você Brasileiro de origem pobre. E que me provem se digo algo errado!!
Choro todas as vezes que vejo essas imagens, porque essas pessoas também são mulheres, mães, têm dignidade e autoestima tanto quanto a Senhorita repórter declarante de tais asneiras. Porém, diria EU, que são pessoas mais capacitadas ainda, pois suas convicções pessoais, seus ideais, seu internacionalismo vão além de qualquer pretensão salarial, bem-estar próprio ou defesa de e da classe.
Essas pessoas com cara de empregadas são as que sabem/saberão as dores que uma doméstica tem, pois elas estão aptas a escutar a outros seres humanos, estão aptas a discernir o trabalho por amor do trabalho por subsistência, estão amparadas por uma população de empregadas, pedreiros, cozinheiros, professores, assistentes sociais, entre outros. São pessoas as quais não lhes interessa qual a cor ou origem das pessoas, apenas que sejam capacitadas em ajudar na resolução de algum problema ou dolência, sem falar nas vezes que somente querem atenção pura e simples.
Fico realmente entristecida e tocada com tais asneiras dessa senhora, que apesar de sua formação em nível superior, o máximo que alcança é o atestado de burrice com ênfase a Xenofobia e Discriminação Racial. Porém, fico feliz, pois existe uma parcela de outros médicos e grande parcela da população brasileira que se indignaram com essa postura e posicionamento de alguns mercantilistas da Medicina.
E, sinceramente, espero que comecem a procurar mais informações sobre essa Ilha tão mitificada, crucificada, hostilizada, excluída do resto do Mundo, pois se os EUA não falam com ele, ninguém mais pode falar!!
Enfim, NOJO, indignação, mas uma verdade muito maior: ”Quantas vidas serão salvas, quantas vidas se prolongarão, quantas crianças nascerão em boas condições de saude, quantas mulheres darão a luz de forma segura, quantas pessoas se livrarão da dor e de doenças – em suma, quanto bem será produzido por esses médicos que atenderão a brasileiros até aqui desamparados?” – Emir Sader.
E fica aqui um dado a mais: Cuba não apenas formam pessoas com cara de domésticas, mas filhos de campesinos, de taxistas, de donas de casa, de mestre de obras, índios e “até” favelados de diferentes nacionalidades!
#soycubana #soycubano
Cassandra Renault Pisco, 28, é médica graduada pela ELAM..
Um baraço
FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
OAB/RN. 7318.