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terça-feira - 11/02/2014 - 23:55h

Pensando bem…

“A consciência é a estrutura das virtudes.”

Francis Bacon

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Categoria(s): Pensando bem...

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    O QUE MAIS FALTA ACONTECER COMIGO?
    Num blog de Mossoró, escapa-me o nome no momento, leio:
    Paulo Coelho
    “Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia.”
    EU COMENTEI:
    Esta frase eu publiquei em 1979, no livro Estórias Maranhenses.
    TENHO UM EXEMPLAR COMIGO E POSSO PROVAR!
    Como todos sabem, o Paulo Coelho é useiro e vezeiro em plagiar autores regionais…
    Ele vai aos sebos e procura livros de escritores desconhecidos do grande público. Compra os livros, garimpa as frases que julga melhores e as publica como sendo suas.
    Quem observar bem a literatura do Paulo Coelho, verá que ele adapta textos bíblicos e dando-lhes uma nova roupagem, sob a forma de pequenas fábulas, publica-os como sendo de sua autoria.
    Faz isto também com o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos.
    Na verdade ele faz uma salada de tudo o que encontra pela frente e vai se dando bem
    No livro ESTÓRIAS MARANHENSES, EDITORA JUVENAL GALENO, 1979, eu escrevi:
    NINGUÉM É TOTALMENTE ERRADO, ATÉ UM RELÓGIO PARADO, DUAS VEZES POR DIA ESTÁ ABSOLUTAMENTE CERTO.
    A menos que o Paulo Coelho tenha publicado isto antes de 1979, trata-se de um plágio descarado do que escrevi.
    Se ele publicou esta frase antes, só me resta procurar um Centro Espírita para que lá alguém me explique como posso ter escrito a mesma coisa que ele escreveu sem nunca antes ter falado ou lido nada dele.
    No ano de 1979 eu desconhecia a existência de Paulo Coelho.
    Se alguém puder me explicar como isto aconteceu eu ficaria muito grato.
    EU POSSO PROVAR ATRAVÉS DO LIVRO ESTÓRIAS MARANHENSES QUE CRIEI E PUBLIQUEI ESTE AFORISMO EM 1979.
    O que mais falta acontecer comigo?
    //////
    SER BOM SEM TER SORTE É COMO TER UM CARRO SEM PNEUS.
    Inácio Augusto de Almeida

  2. Carlos André diz:

    Li este texto e achei-o fantastico, serve para refrescar a memória de alguns “socialistas-comunistas” dE momento que estão revoltadoS com as manifestações de protesto que estão ocorrendo Brasil a fora.

    A HISTÉRIA DOS COMISSÁRIOS.
    12/02/2014 03h40

    Elio Gaspari.
    Folha de São Paulo.

    Os surtos histéricos diante da violência urbana dão em nada. Se dessem, ela já teria acabado há décadas. Já os surtos de histeria política, quando dão em alguma coisa, acabam mutilando as liberdades públicas.
    O senador Jorge Viana defendeu a aprovação em regime de urgência de um projeto de seu colega petista Paulo Paim que classifica como terrorismo os atos de violência física praticados durante manifestações de rua. Depredações e mesmo desacato à autoridade policial são delitos previstos no Código Penal. Isso para não se mencionar o homicídio do cinegrafista Santiago Andrade.
    O projeto petista define assim o ato terrorista:
    “Provocar ou difundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à saúde ou à privação da liberdade de pessoas”.
    A pena iria de 15 a 30 anos de prisão. Se a ação resultar em morte, sobe de 24 a até 30 anos. Fica por aí porque esse é o limite máximo da pena de reclusão nas leis brasileiras.
    Deixando-se de lado o caráter vago do que seria “provocar ou difundir terror ou pânico generalizado” e a precisão da pena mínima (15 anos de reclusão), pode-se buscar um caso semelhante de histeria, com danos historicamente conhecidos.
    Que tal assim?
    Será crime “comprometer a segurança nacional, sabotando quaisquer instalações militares, navios, aviões, material utilizável pelas Forças Armadas, ou ainda meios de comunicação e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, depósitos e outras instalações:
    Pena: reclusão de 8 a 30 anos.”
    Essa era a redação do artigo 11º da Lei de Segurança Nacional, baixada a 21 de outubro de 1969, no auge da ditadura, pouco depois do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick.
    A pena mínima para um sabotador de quartel ou aeroporto (imputações específicas) era de 8 anos. Para assalto a banco ou sequestro de avião ela ia de 10 a 24 anos. Nos dois casos, as penas eram inferiores às que prevê o surto petista. Caso o delito resultasse em morte, a pena seria de fuzilamento. Apesar de ter havido uma condenação, ninguém foi executado dentro das normas legais.
    O comissariado quer expandir a definição de terrorismo precisamente numa época em que sexagenários que militaram em organizações da esquerda armada aborrecem-se quando alguns de seus atos são chamados de ações terroristas. O atentado do aeroporto dos Guararapes, por exemplo, quando explodiu uma bomba no saguão, matando duas pessoas e ferindo 14. Ele ocorreu em 1966, dois anos antes da edição do Ato Institucional nº 5. Oito meses antes do AI-5, um documento do Comando de Libertação Nacional, o Colina, dizia que “o terrorismo, como execução (nas cidades e nos campos) de esbirros da reação, deverá obedecer a um rígido critério político”. Assim, quatro meses antes da edição do AI-5 mataram um major alemão que pensavam ser o capitão boliviano que estivera na operação que resultou no assassinato do Che Guevara. Nessa organização militava, com o codinome de Wanda, a doutora Dilma Rousseff. Tinha seus 20 anos e nunca foi acusada de ter participado de ação armada.
    Como diria Ancelmo Gois: “Calma, gente”.

  3. naide maria rosado de souza diz:

    A consciência é o pai do cérebro e a mãe do coração. Ela conduz-nos de tal forma que, ao agirmos corretamente, acalenta nosso sono.

    Ser bom, sr. Inácio, já é uma sorte diante de uma humanidade perversa.
    Lastimo o plágio.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      O que eu lastimo. Sra Naide, é isto estar publicado, eu dizer que tenho o livro que PROVA o plágio e ninguém se interessar em divulgar isto em nenhum jornal de Mossoró.
      Nem mesmo um tópico em algum blog esta minha afrimação mereceu.
      Nem mesmo uma rádio se interessou em me ouvir e ver o livro.
      Na capa do livro esta a data da publicação.
      Se eu ficasse elogiando quem não merece…
      Hoje à tarde, deitado na minha redinha, não me deixam trabalhar, olhando nuvens carrgadas no céu, enchi os olhos de lágrimas.
      Estas nuvens que passam carregando água vão se perder no litoral.
      E o sertão precisando de tanta chuva.
      Muito obrigado pelo apoio.
      Que Deus nos proteja.
      ///
      É MAIS FÁCIL ACHAR UTILIDADE PARA A CUECA DE UM DEFUNTO DO QUE ENCONTRAR UM PRESUNÇOSO QUE NÃO SEJA ESTÚPIDO.
      Já que falando de plágio, vou plagiar o Galvão Bueno.
      Vai que é tua, PAULO COELHO.
      kkkkkkkkkkkkkkkk
      Inácio Augusto de Almeida

  4. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Meu Caro Inácio Augusto, com o devido respeito ao que leem e veem alguma qualidade nos escritos e na pretensa literatura do Sr. PAULO COELHO. Sinceramente, não sou nenhum literato, mas, já li alguns bons livros da literatura nacional e universal, mas, jamais consegui passar da orelha de quaisquer dos livros do conhecido esotérico/escrevinhador tão comemorado pelos adolescentes de todas a idades em todo mundo….chamado Paulo Coelho.

    Quanto ao plágio, já tinha notado, e, de forma bastante evidente uma série de sutilezas e peculiaridades de sua escritas , as quais denunciavam claramente uma série de plágios, sobretudo de trechos bíblicos de variadas matizes religiosas.

    Na verdade o Sr. PAULO COELHO, não foi, não é e muito menos será um escritor na acepção palavra, pois está mais para um mercador de ilusões sob uma bem instrumentalizada estrutura mercadológica e de marketing, cujo princípio, meio e fim é tão somente apenas o lucro.

    O dito escritor Paulo coelho, muito me faz lembrar do critico literário Harold Blonn que, ao analisar a cena mundial da literatura e da cultura, já, por várias vezes afirmou estarmos vivenciando o apagão da cultura, sobretudo, em virtude da profusão de escritores tipos Paulo Coelho e seus manjados livros de autoajuda.

    A incrível “performance” de vendas dos chamados livros de auto-ajuda, muito me faz lembrar máxima do biscoito Tostines…O termo autoajuda pode ser referir a qualquer caso onde um indivíduo ou um grupo (como um grupo de apoio) procura se aprimorar econômica, espiritual, intelectual ou emocionalmente. O termo costuma ser aplicado como uma panaceia em educação, negócios e psicologia, propagandeada através do lucrativo ramo editorial de livros sobre o assunto.

    Para quem não sabe Na mitologia grega Panaceia (ou Panacea em latim) era a deusa da cura. O termo Panacéia também é muito utilizado com o significado de remédio para todos os males. Pois bem apartir daqui já posso falar tudo o que penso sobre esse assunto que desde sempre tive essa ideia, a qual muitos falam ser sem sentido mais não é.

    Bem é fato que esse termo auto ajuda so ajuda a quem o escreveu sendo este o que o autor vê e acha correto afirmar que seria a tal “cura para suas aflições” e uma maneira que vamos ser sinceros de faturas belas verdinhas, as pessoas hoje em dia gastam com roupas, bolsas, sapatos, mais não gastam da maneira correta seu dinheiro em se tratando de sua saúde mental, é fato que psicólogos hoje em dia sim são procurados mais já em casos de extremo sofrimento se pessoas que tem problemas não recorressem a livros tais esses falados aqui e fossem a um bom analista evidente que a coisa em si daria mais resultado, uma vez que você sim ira se ajudar entrando então nessa questão auto ajuda, o analista ira te auxiliar nas questões que tem importância para sua melhora ou compreensão do fato angustiante.

    Mais ai claro, psicólogos e psicanalistas não se encontram em revistas de Avon e nem muito menos em bancas de jornais a vista de qualquer um, e por 10, 20, ou 30 reias claro que não, por isso cada vez mais o consumo desse tipo de bem esta a cada dia aumentando feliz esta Augusto Cury que tem seus livros sempre no topo das vendas, e você que os comprou me diga, francamente o que você levou desse livro pra sua vida? E se levou você o coloca em pratica? Bem você pode ate dizer que sim, mais no fundo você sabe que a angustia primaria aquela que estava ai antes da leitura do tal livro da cura e hoje você ainda tem ela e continua comprando livros e mais livros, mais por um lado sim e bom leitura sempre e boa independente do que for, só por isso não repudio tanto assim esses livros mais no seu conteúdo e sua eficácia como eu critico.

    A esse respeito Caro inácio, peço licença ao Jornalista Carlos Santos e demais Web-leitores para transcrever interessante entrevista com o sobredito crítico literário americano concedida a revista Época, vejamos:

    HAROLD BLOOM

    Só Shakespeare salva

    O crítico americano Harold Bloom ensina onde buscar a sabedoria e que o caminho passa longe da filosofia e da religião

    LUÍS ANTÔNIO GIRON

    O crítico americano Harold Bloom, de 75 anos, nutre o fascínio por montar listas de autores que considera fundamentais para a cultura humana. Assim publicou o ensaio que lhe deu fama internacional e o transformou no superastro da crítica contemporânea: Ansiedade da Influência (1973), traduzido no Brasil sob o título bizarro Angústia da Influência. Nesse livro, como nos que se seguiriam décadas afora, elaborou a teoria de que a história da literatura forma um emaranhado instável, no qual os poetas se influenciam das mais variadas maneiras, desde o plágio involuntário até a tentativa de superação. Em O Cânone Ocidental (1994) e Gênio: um Mosaico de Cem Mentes Criativas Exemplares (2003), o escritor releu a tradição para descobrir em cada gênio a contribuição ainda válida.

    Bloom adoeceu gravemente e, diante da perspectiva do esgotamento de suas capacidades racionais, restringiu o campo de ação para buscar um saber essencial, apropriado para consolá-lo dos traumas da velhice e da perda dos amigos. Surgiu, em 2004, o mais pessoal de seus tratados, o denso e saboroso Onde Encontrar a Sabedoria? (Objetiva, 319 págs., R$ 44,80), agora publicado no Brasil. Remexeu em tudo o que havia aprendido na longa aventura intelectual para retirar dali os textos que lhe serviram como degraus na escada do auto-aperfeiçoamento. A escolha é excêntrica e pessoal: um coquetel de textos bíblicos e obras de poetas e romancistas, ensaístas e um dramaturgo: William Shakespeare, o bardo inglês que, segundo o estudioso, está no centro do cânone ocidental. Nesta entrevista a ÉPOCA, concedida por telefone de sua casa, em New Haven, Connecticut, Bloom ensina onde qualquer pessoa pode encontrar a sabedoria e critica a situação mundial e a degradação da cultura letrada por causa da tecnologia.

    HAROLD BLOOM

    Nascimento
    Em Nova York, em 11 de julho de 1930. Morou com os pais no bairro do Bronx

    Carreira
    Dedicou-se ao ensino na Universidade de Harvard e atualmente dá aulas em Yale

    Obra mais famosa
    Angústia da Influência (1973), entre 31 livros

    Confrontos
    Na universidade, combateu as feministas. Uma delas, Naomi Wolf, acusou-o de assédio sexual

    Foto: Eammon Mc Cabe/Camera Press/Keystone

    ÉPOCA – No ensaio Onde Encontrar a Sabedoria, o senhor afirma que achou autores sábios quando se viu ‘diante dos portões da morte’. Como foi essa experiência?
    Harold Bloom – Aos 75 anos, tenho consciência de meu fim. Tive um problema sério no coração há três anos e sofri muito. Fui submetido a cirurgias, tive hemorragias e cheguei ao limite de minhas capacidades intelectuais. Percebi, deprimido, que poderia perdê-las a qualquer momento. Além disso, perdi gente querida, amigos e parentes. Eu, que tive uma atividade de reflexão, estudo e ensino, rodeado de pessoas que amava, me vi cada vez mais solitário. Quando vivemos uma crise assim, a sabedoria vai embora e perdemos o rumo de nossas reflexões. De que valeram os 31 livros que publiquei? O que sobra de tudo o que a gente aprendeu num momento-limite? Eu estava escrevendo um livro sobre o cânone da crítica, mas resolvi mudar de assunto por causa do choque. Depois de ter sido operado e de passar por uma convalescença de quatro meses, saí à procura de um tipo de sabedoria que me ajudasse a suportar a velhice e compreendê-la com serenidade. Algo que me consolasse da perda de pessoas essenciais em minha vida. Foi assim que o livro surgiu.

    ÉPOCA – É quase um livro de auto-ajuda, não?
    Bloom – Não, porque absorver os ensinamentos daqueles que considero os maiores sábios não traz consolo para ninguém. O que chamo de ‘literatura sapiencial’ colabora para que o homem se torne mais sereno e resignado, sem que com isso perca a consciência amarga e crítica em relação ao próprio fim.

    ”A nova reencarnação de Bush é um monstro e o pior presidente americano de todos os tempos. Ele governa para os ricos. Nos furacões, ele deixou os negros e pobres entregues à própria sorte”

    ÉPOCA – Que critérios o senhor usou para estabelecer o elenco de escritores do livro?
    Bloom – Estabeleci pré-requisitos bastante simples. São mais ou menos os mesmos critérios que regem minha atividade como crítico literário. As obras deviam ser esteticamente excelentes, possuir força intelectual e conter lições essenciais. Precisavam suprir as necessidades que as pessoas têm de conhecer, de sentir enlevo e chegar a alguma conclusão verdadeira.

    ÉPOCA – O senhor cita a definição de sabedoria de Michel de Montaigne, para quem o sábio é aquele que aprende a morrer. O senhor concorda?
    Bloom – Montaigne possui uma concepção serena da morte. Ele acha que aprender a morrer é ignorar a morte e vivê-la quando ela acontecer. Como jamais poderemos saber o que se passa quando morremos, o melhor é se despreocupar com a perspectiva da morte.

    ÉPOCA – Qual sua definição de sabedoria?
    Bloom – Trata-se de uma noção pessoal, fruto do sofrimento e da experiência. Sou eclético. Tomo exemplos de várias fontes, dos textos bíblicos aos dos poetas e filósofos. Em certa medida, Homero, Platão, o Livro de Jó e Shakespeare afirmam que a sabedoria deve ser austera e se equilibrar entre a ironia e a tragédia. Tal equilíbro nos leva a aceitar os próprios limites. Concordo com o verso de Stéphane Mallarmé: ‘A carne é triste, ai de mim! E já li todos os livros’. E a sabedoria não se encontra só nos livros. Muitos filósofos são capazes de dizer grandes besteiras achando que produzem saber. E vice-versa, a aparente despretensão de poetas os mais simplórios contém a sabedoria que serve para todo mundo. Qualquer grande poema contém sabedoria, mesmo que não esteja pretendendo isso. O inverso não é verdadeiro. Nem toda filosofia contém poesia. Ninguém precisa ser filósofo para obter a sabedoria. Ela resulta da meditação solitária.

    ÉPOCA – Em outras palavras, a sabedoria é um ato individualista.
    Bloom – Nem poderia ser diferente. Só o indivíduo pode meditar convenientemente. A comunidade dos sábios é impossível. Lembro-me do dinamarquês Sören Kierkegaard, que afirma que sua filosofia se dirige dele, um sujeito único, para outro indivíduo.

    ÉPOCA – E qual o caminho mais direto para chegar lá?
    Bloom – Considero os textos do Oriente mais apropriados para quem queira encontrar conforto místico. Nesse ponto, os indianos Baghavad Gîta e Mahabarata, o xintoísmo e a tradição chinesa são incomparáveis. É provável que nós, ocidentais, não tenhamos ainda absorvido a profundidade da literatura sapiencial do Oriente. Mas, como meu campo de estudo é a literatura ocidental, vejo como caminho mais rápido para a sabedoria a poesia, embora a gente possa achar valia em textos bíblicos, como o Eclesiastes – mais pela sensibilidade poética que pelo dogmatismo. Sou um velho inimigo do historicismo. Não existem superações em arte. O que existe entre as linhagens e gerações é uma batalha pela supremacia de um discurso sobre o outro. Às vezes, os antepassados vencem seus pósteros. #Q#

    ÉPOCA – Como assim?
    Bloom – É interessante que Platão hoje nos pareça menos sábio que Homero, 300 anos mais velho que ele. A República, de Platão, está ultrapassada porque postula que a música e a poesia sejam banidas de um Estado ideal, governado por filósofos. Tal utopia soa como um pesadelo. Em compensação, a Ilíada ainda hoje nos dá lições de persistência, heroísmo e ética. O que vale em Platão é a poesia do texto. Nesse campo, no entanto, Homero é bem melhor. Do Velho Testamento, o meu favorito é o Livro de Jó, pela pungência do sofrimento do protagonista. Defendo a tese de que o Livro de Jó foi escrito por uma mulher, uma sábia hitita anônima. É a obra mais densa do Velho Testamento.

    ÉPOCA – Repetir de cor poemas é um dos métodos que o senhor utiliza em suas aulas. Por quê?
    Bloom – Só encontro consolo quando recito para mim mesmo, bem baixinho, os poemas e passagens que sei de cor. A repetição é uma forma arcaica de conhecimento, ainda eficaz, sobretudo num momento de domínio da tecnologia e do consumismo. Cada aluno interessado acaba aprendendo coisas importantes para si próprio.

    ÉPOCA – Por que sua fascinação por William Shakespeare?
    Bloom – Porque Shakespeare não é apenas a figura central do cânone ocidental – ao lado de Cervantes e de Dante Alighieri. Ele criou a noção que temos do que é humano. Sua obra torna acessível a qualquer um a sabedoria que só um filósofo pode possuir, mas que o cidadão comum não pode alcançar por meios convencionais. É uma filosofia imediata, que se dá nos dramas, na mistura de tragédia e comédia, nas passagens em que Hamlet toca no problema da metafísica e Lear conclui que o mundo é irrecuperável. Hamlet é o personagem mais sábio de toda a literatura. Shakespeare escreve tudo da forma mais natural. E não basta uma vida para abarcar tudo o que o bardo ensina. Ele é o supremo artífice da sabedoria. Sempre descubro uma nova lição em poemas e aforismos embutidos em seu teatro. Só Shakespeare salva.

    ÉPOCA – Mas, conforme o senhor afirma no livro, Rei Lear lhe inculcou o niilismo. O senhor é tão niilista assim?
    Bloom – Como escrevi, sou niilista porque dou aulas. E a universidade americana virou um campo de teóricos do ressentimento, que acham que o saber pode ser reduzido a questões de sexo e minorias. Não posso ter humor diante da ignorância e dos horrores do mundo. Busco paz na literatura. Meu niilismo é paradoxal, porque reza pelo breviário do humanismo.

    ÉPOCA – Mesmo assim, o senhor não ousa imitá-lo. Seu estilo lembra mais Montaigne que Shakespeare.
    Bloom – É verdade. Até porque me devotei ao gênero que Montaigne fundou, o ensaio, para mim o veículo ideal para minhas reflexões, por causa da liberdade que ele dá.

    ÉPOCA – Qual sua opinião sobre o estado da cultura mundial?
    Bloom – O mundo experimenta uma degradação do conhecimento por causa da conversão da cultura em produto. Apesar de todas as vantagens que trouxeram, computadores, internet e televisão estão levando os jovens a se desacostumar dos livros. A longo prazo, a cultura como conhecemos hoje vai desaparecer. Por causa do mundo digital, as pessoas estão perdendo até a capacidade de compreender um texto a fundo. E ainda não inventaram veículo melhor que o texto escrito em papel.

    ”William Shakespeare criou a noção que temos do humano. Personagens como Hamlet e Lear não são apenas um papel a ser representado. Eles trazem lições para a vida. O bardo é o supremo artífice da sabedoria”

    ÉPOCA – O saber virou uma espécie de commodity?
    Bloom – Virou. Hoje o saber virou propriedade de uma certa elite, não exatamente uma elite econômica, mas intelectual. O saber atualmente é um tesouro para poucos. Considero-me um ‘penetra’ nessa elite, já que nasci num bairro pobre – o Bronx – e meus pais não eram sábios. Demorei para ler livros em inglês, porque fui criado falando iídiche em família. Comecei lendo para mim mesmo. Jamais pensei que faria no futuro parte de uma elite. O que me entristece é perceber que o conhecimento só poderá florescer em guetos de saber nos Estados Unidos, na Europa, na China e até no Brasil.

    ÉPOCA – O senhor acha que existe hoje um choque cultural entre Ocidente e Oriente?
    Bloom – Sim. Vejo isso com tristeza, pois as duas tradições deveriam se completar, mas estão envolvidas em uma espécie de confronto final. Por força do império do fundamentalismo cristão de George W. Bush e asseclas, criam-se guerras injustas como a do Iraque e se praticam monstruosidades em nome de valores que se dizem civilizados. A nova reencarnação de Bush é um monstro e o pior presidente americano de todos os tempos. Ele governa para os ricos. Ele tem um caráter vil. A Guerra do Iraque é o pior dos conflitos patrocinados pelos Estados Unidos. E olhe que tivemos a tomada de territórios mexicanos na década de 1860, a Guerra Hispano-Americana em 1898 e a Guerra do Vietnã. No Iraque, a guerra contra o terror não passa de uma cruzada contra o Islã.

    ÉPOCA – Na era do combate ao terror, como ficam os direitos civis?
    Bloom – Hoje experimentamos um enorme retrocesso em relação aos anos 60. Bush é contra tudo aquilo por que lutei: o direito ao aborto e à união entre homossexuais, a justiça social e a dignidade dos negros. Veja o que ocorreu na Louisiana. Bush não fez nada para evitar a catástrofe e deixou negros e pobres abandonados à própria sorte.

    ÉPOCA – Por que o senhor nunca veio ao Brasil?
    Bloom – Recebi inúmeros convites para viajar para o Brasil, consigo ler em português, admiro a literatura brasileira, em especial Machado de Assis, mas estou muito doente para fazer viagens longas. Gostaria de conferir o que meus amigos dizem do Brasil. Como os americanos, os brasileiros estão amargando o fim de um sonho libertário. O presidente Lula, esperança da esquerda, agora se encontra paralisado por causa das denúncias de escândalos e parece ter renunciado a seus ideais. Até o presidente do Congresso teve de se exonerar por denúncias de corrupção. Em cidades como Rio e São Paulo, crianças e mendigos continuam sendo mortas por traficantes e policiais. O Brasil não tem muito do que se orgulhar. Nós, americanos, também não. Aqui também acontece corrupção, injustiça e violência. A sabedoria provoca esse tipo de consciência – e, com ela, o pessimismo.

    Abs .

    FRANSUÊLDO VEIRIA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

    • Inácio Augusto de Almeida diz:

      Caro Fransueldo Vieira de Araújo
      Muito oportuno o seu brilhante comentário.
      Os devoradores de livros sabem quem é Paulo Coelho.
      E você me parece ser um devorador de livros.
      Paulo Coelho está na ABL, mas lá também está Sarney,..
      Cada dia Rui Barbosa se torna mais atual:
      “DE TANTO VER TRIUNFAR AS NULIDADES…”
      Um abraço

  5. naide maria rosado de souza diz:

    Sr. Fransueldo. Há comentários que entendo como aulas. O sr. deu uma aula. Obrigada!

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