Inácio Augusto de Almeida
A um sábio foi perguntado:
– Senhor, o que se dizer de um homem que ao ser procurado pelos irmãos respondeu que eles não eram seus irmãos?
O sábio ficou calado, pensando, pensando.
E uma outra pergunta lhe foi feita:
– Senhor, e se a própria mãe procurar o filho e ouvir deste filho que ela não é a sua mãe? Veja, senhor, ele negou os irmãos e negou a mãe. Não reconheceu neles nenhum parentesco.
O sábio permaneceu calado. E mais uma pergunta lhe foi feita
– Senhor, e se este homem achar-se mais conhecedor das leis do que todos os outros homens?
O sábio apenas baixou o olhar, como se procurasse no chão de terra batida alguma resposta.
– E se este mesmo homem que negou a mãe, não reconheceu os irmãos, armar-se de um grande cinturão e passar a espancar pobres camelôs que tiram seu sustento da venda de umas bugigangas? E o que é pior, senhor, quebrar as barraquinhas desta gente humilde e sem nenhum outro meio de vida, o que se dizer de um homem assim?
Levantando a cabeça, passando a mão direita na longa barba, o sábio permaneceu em silêncio.
– Senhor, este mesmo homem chegou a dizer que ele era a verdade.Ele encarnava em si a própria verdade.
O sábio respirou fundo e quando pensava dizer alguma coisa, ouviu:
– Senhor, eu não preciso lhe dizer que este homem teve uma morte humilhante. Foi escarnecido, flagelado. E morreu de uma maneira cruel, muito dolorosa. Teve uma morte que sempre se reservava para os piores bandidos.
O sábio soltou todo o ar que estava nos pulmões. Levantou-se, deu alguns passos e parou para ouvir mais uma fala do homem:
– Foi justo o que aconteceu a ele?
Numa voz bastante pausada, respondeu:
– Os anjos do senhor não vieram para ser compreendidos, vieram para compreender. Não estão no meio de nós para ser amados, mas para nos amar. Não buscam o perdão, mas sim perdoar.
O homem assustou-se com aquela fala do sábio. E num quase gaguejo, perguntou:
– O senhor conhece o homem de quem estou falando?
O sábio abriu os braços e com um enorme brilho nos olhos, disse:
– Quem não sabe, quem não sabe…
O HOMEM E O SÁBIO
Inácio Augusto de Almeida
A um sábio foi perguntado:
– Senhor, o que se dizer de um homem que ao ser procurado pelos irmãos respondeu que eles não eram seus irmãos?
O sábio ficou calado, pensando, pensando.
E uma outra pergunta lhe foi feita:
– Senhor, e se a própria mãe procurar o filho e ouvir deste filho que ela não é a sua mãe? Veja, senhor, ele negou os irmãos e negou a mãe. Não reconheceu neles nenhum parentesco.
O sábio permaneceu calado. E mais uma pergunta lhe foi feita
– Senhor, e se este homem achar-se mais conhecedor das leis do que todos os outros homens?
O sábio apenas baixou o olhar, como se procurasse no chão de terra batida alguma resposta.
– E se este mesmo homem que negou a mãe, não reconheceu os irmãos, armar-se de um grande cinturão e passar a espancar pobres camelôs que tiram seu sustento da venda de umas bugigangas? E o que é pior, senhor, quebrar as barraquinhas desta gente humilde e sem nenhum outro meio de vida, o que se dizer de um homem assim?
Levantando a cabeça, passando a mão direita na longa barba, o sábio permaneceu em silêncio.
– Senhor, este mesmo homem chegou a dizer que ele era a verdade.Ele encarnava em si a própria verdade.
O sábio respirou fundo e quando pensava dizer alguma coisa, ouviu:
– Senhor, eu não preciso lhe dizer que este homem teve uma morte humilhante. Foi escarnecido, flagelado. E morreu de uma maneira cruel, muito dolorosa. Teve uma morte que sempre se reservava para os piores bandidos.
O sábio soltou todo o ar que estava nos pulmões. Levantou-se, deu alguns passos e parou para ouvir mais uma fala do homem:
– Foi justo o que aconteceu a ele?
Numa voz bastante pausada, respondeu:
– Os anjos do senhor não vieram para ser compreendidos, vieram para compreender. Não estão no meio de nós para ser amados, mas para nos amar. Não buscam o perdão, mas sim perdoar.
O homem assustou-se com aquela fala do sábio. E num quase gaguejo, perguntou:
– O senhor conhece o homem de quem estou falando?
O sábio abriu os braços e com um enorme brilho nos olhos, disse:
– Quem não sabe, quem não sabe…