Por Marcos Ferreira
Preciso dizer que não é rotina, algo corriqueiro. Mas, a exemplo de muita gente, tenho pensamentos negativos. Às vezes minha cabeça é um poço escuro, solitário, nebuloso. Os motivos, embora alguns considerem tolos, são complexos. Há sensações que os meus ombros nem sempre conseguem suportar. Então, como quem busca um alívio, eu reflito. E, mesmo sem muito entusiasmo, recordo que o Sol brilha e aquece nossos corações e sonhos. Por mais pessimistas que sejamos.
É necessário que a gente lute, reaja. Ainda que tudo pareça desfavorável ou perdido. Que o vento desta manhã radiante carregue as sombras, o pessimismo, o desânimo. Ora desejo a cantoria dos pássaros, o macio e distante passeio dessas poucas nuvens branquinhas que pontilham o infinito azul do céu. Hoje estou de bem comigo, com a vida, com o mundo. Não quero conflitos. Somente paz.
Logo mais à noite teremos a Lua e toda uma infinitude de estrelas cujo brilho nos é dado gratuitamente desde que o mundo é mundo, sem nos cobrar um centavo por isso. Ao contrário das companhias de luz elétrica, as estrelas, o Sol e a Lua não exigem taxa de iluminação pública. Você já parou para olhar o espaço em uma noite estrelada? Quanta vastidão! Quanto poder sobre as nossas insignificantes cabeças! Nossa geração cabisbaixa está habituada demais ao asfalto e paralelepípedo.
Você tem se permitido ler ou ouvir um bom poema? Não sei dizer. Porque a poesia, assim como o pipilar e o voo dos passarinhos, não é prioridade, não se vincula ao seu campo de interesses, ao seu percurso nem à sua vida apressada. O trabalho, os eventos sociais e os bares talvez sejam sua única busca e destino. Quando foi a última vez que você tomou um banho de chuva, hein? Não sabe.
Ninguém é obrigado a nada. De jeito algum. Não vim aqui dizer o que você deve fazer ou deixar de fazer. Cada um procura por aquilo que lhe é mais importante.
Quanto a mim, no entanto, preciso dessas pequenas grandes coisas que a vida e a Natureza têm a nos oferecer. Lembrar desses aspectos de nossa existência me fortalece até quando a minha alma se encontra de joelhos. É preciso que todos busquemos as nossas razões para seguirmos em frente. Tenho buscado as minhas.
Marcos Ferreira é escritor
Lembro do meu último banho de chuva: era criança, véspera de Natal, vestido novo (ganhava sempre roupa nova no final de ano. Como sou a primeira, meus pais iam comprando pela idade até chegar ao mais novo), era vermelho com bolinhas pretas. Costurado pela minha mãe. A chuva nos surpreendeu à tarde quando estávamos pelos parques, lá em Toritama. Chegamos em casa todos ensopados. Que delícia ficar debaixo da bica que pegava a água das telhas para um tanque. Nunca esqueci essa tarde, começo de noite! Da mesma forma que você, tenho pensamentos sombrios; tenho muitos receios e preocupações, o que acaba, às vezes tirando a alegria de alguns momentos. Desde criança, por ser a primogênita, carreguei muitas responsabilidades; a cobrança de dar bom exemplo aos mais novos era muito severa, daí, sempre me cobrei perfeição. E perfeição é uma corda no pescoço; tira o oxigênio e pode estrangular. Aos poucos, com a maturidade, fui aprendendo a pegar leve e não me responsabilizar por tudo! A vida é linda; o sol nasce para todos; o oxigênio que nos mantém vivos, é gratuito! Podemos encontrar beleza em tudo que nos cerca! Hoje o sorriso dos netos me provocam sensações maravilhosas de que a vida é linda e se propaga! Que muitas de nossas apreensões não se concretizam! São pura perda de tempo e energia. Então o que fazer? Deixar-se levar flutuando na onda da vida quando percebermos que perderemos o fôlego e nos afogaremos se insistirmos no debate infrutífero! A vida é curta! Então, CURTA! Ofereça o seu melhor sorriso! Abrace o dia! Ele é seu!!!😘
Querida Bernadete Lino,
É sempre encantador ler o que você expõe aqui nos seus comentários.
Muitíssimo obrigado por sua participação e inteligência fulgurantes.
Abraços.
Essas pequenas coisa ?
Sim pode ser para alguns, amigos fazem parte de nossa paz!
Um abraçaço
Prezado Amorim,
Saudades de você.
Precisamos nos reencontrar.
Dê notícias.
Abraços.
Ditos imprescindíveis, querido poeta. Na vida, devemos buscar marcar cada segundo com sentimento, ainda que não consigamos. Mas viver é sentir. Afinal, há mortos que respiram.
Meu prezado Lázaro Amaro,
Que beleza, que poético esta sua sentensa: “há mortos que respiram”.
Um grande abraço, meu amigo.
Ótimo final de semana.
Parabéns, feliz dia dos pais, está é uma grande coisa, as pequenas coisas são dadas aos loucos, que fazem a vida ter sentido, pois os normais, olham para os paralelepípedos sonhando com a riqueza, eita vida pequena. Grande Abraço.
Prezado Valdemar Siqueira,
Obrigado pelo comentário e carinho.
Um ótimo final de semana para vocês.
Abraços.
Que texto saboroso!
Retrato de muitas vidas nossas, seres que necessitam da simplicidade grandiosa da natureza para viver.
Os pensamentos sombrios se desmancham com um belo dia de sol. Eles fazem parte da existência humana, assim como os pensamentos iluminados, que te fazem escrever tão bem. É a dualidade da vida necessária ao nosso crescimento pessoal.
Parabéns pelo texto e pelo dia dos pais!
Amiga escritora e poetisa Fátima Feitosa,
Grato, mais uma vez, por sua presença e opinião neste espaço.
Fico muito feliz que tenha gostado da crônica.
Um ótimo final de semana para você.
Abraço.
O autêntico Marcos Ferreira nos presenteia com mais uma pérola do seu pincel mágico de ilusões necessárias. É um apanhado sentimental das pequenas grandes coisas que a gente vê mas não percebe… Aí me vem à lembrança ” Velhas árvores” de Bilac, que agasalham e frutificam, homens, feras , insetos e tantos outros.
Mesmo assim nos chega o cidadão dizendo ter arrancado aquele velho ficus por dá tão somente sombra…
Meu caro amigo Nolasco,
Poeta indo e voltando,
Apareça para um café.
Pode dizer para quando.
Seja em verso, prosa , seja considerada uma crônica ou artigo, análise ou mesmo ou mesmo divagações de fundo existencial Caro Douto Marcos, sempre e sempre a nos brindar com oportunas reflexões, sobretudo quando sabemos telúrica e verdadeiras.
Especialmente nesse dias dos pais, seja porque nossos pais são parte intrínseca das nossas raízes não só biológicas, mas, também existenciais.
Quanto ao imenso e provável peso das sensações sobre seus
ombros , maduro e contemporâneo corpo Caro Marcos…
Não se avexe não, pois a vida é feita de assombros e desassombros, em especial para quem tem a capacidade de pensar, refletir e ponderar acerca do imponderável, tendo a capacidade , também, de enxergar luzes , vislumbrar sombras e desânimos nessa caminhada existencial chamada vida.
Em resumo esse enigmático e ilusório amálgama chamado vida, por si só, é combustível e combustão, sofrimento e sofreguidão a nós levar ter momentos de alegrias tão eterias quanto tristes decepções…!!!!
Prezado Fransueldo Vieira,
Grato pela leitura e comentário.
Sua opinião é sempre uma honra.
Abraços e ótimo final de semana.
O voo dos pássaros, nada mais é que um instante de sua vida em que ele pequeno ou grande faz a opção para onde quer seguir, e as vezes nos deixando com no sentimento da fragilidade e saudade no nosso mundo de incertezas. Tem momentos em nossas vidas, em que mais vale um pássaro em nossas mãos do que dezenas deles voando.
Você hoje, amigo Marcos Ferreira, nos entregou um presentão através da bela crônica em tela.
Um abraçaço, (plagiando)o nosso grande Amorim.
Inté domingo.
Querido Rocha Neto,
Saudades de você, do travesso Odemirton Filho e do nosso Editor Carlos Santos à volta de uma mesa (talvez aqui em casa) para mais um daqueles nossos bate-papos saborosos. Grato por sua leitura e opinião.
Abraços.
Poeta e amigo, ainda estou me permitindo ouvir, ler e assistir poesias diversas, sem as artes, voltaríamos a barbárie, ao animalesco.
Contudo, estamos juntos nas angústias, mas pois a mesma sensibilidade que nos permite vivenciar e absorver poemas, é a mesma que nos causa dor, inclusive do outro!
Forte abraço! Tô em débito contigo, mas devagarinho ficarei em dias!
Caro professor Tales Augusto,
Obrigado por sua letura e opinião.
Não se preocupe com essa coisa de débito.
Você está mais que em dia.
Ótimo final de semana.
Abraços.
Infelizmente, o ser humano é, por natureza, pessimista. Claro, salvo às exceções. Um exemplo é sobre quando ele acorda… a primeira coisa que ele pensa: será que o dia será bom? Pronto. Porém, como tudo na vida, seguir em frente, curtir o momento e aproveitar cada fase, um banho de chuva debaixo de uma bica não tem Credicard que pague. Chupar um picolé (raiz) de morango, também. Deitar e ler um livro, de prosa ou de poesia, nem o banco central paga. Enfim, bela crônica. Parabéns!
Meu caro amigo e escritor Raí Lopes,
Você não perde a viagem. Sempre nos brinda com sua inteligência e opinião relevantes.
Muitíssimo obrigado. Abraços e um ótimo final de semana para você.