Por Bruno Ernesto
O que você pensa em fazer nos próximos cinco anos?
A depender de sua resposta, pode ser um tempo curtíssimo ou infinitamente longo. Depende apenas de sua perspectiva.
Não se preocupe: o tempo se carregará de muita coisa. Ninguém o para, nem o avança, nem muito menos o retrocede.
É como uma flecha lançada, uma palavra dita e uma oportunidade perdida.
Da mesma forma que este ano, há exatos cinco anos, o dia 13 de dezembro também caiu numa sexta-feira.
Nunca tive superstição, como já falei diversas vezes. Porém, aquela sexta-feira do dia 13 de dezembro de 2019, me marcou eternamente.
Era dia de Santa Luzia, padroeira da minha querida Mossoró. Enquanto todos comemoravam o dia da nossa Santa padroeira, eu me despedia do meu pai.
Após meus irmãos e minha mãe se despedirem do meu pai naquele final de tarde, entrei na UTI e fiquei minhas últimas duas horas ao seu lado, enquanto meus irmãos, também desesperados, amparavam minha mãe na antessala.
Pus o meu ouvido e minhas mãos em seu peito repetidas vezes, escutando e sentindo o seu coração pulsar nos últimos instantes. Sua mão estava morna.
Chamei pelo seu nome repetidas vezes ao pé do ouvido. Escutei a sua voz quase como se estivesse falado. Não falou.
Tive a dolorosa missão de autorizar desligar os aparelhos que o mantinha vivo.
Naquele instante, de fato, para mim, o tempo ficou eternamente relativo.
Tal qual acontece num dia de muito sol quando se abre uma porta de uma sala escura para a rua iluminada, tanto quem está dentro da sala, quanto quem está na rua, são ofuscados pela mesma luz.
O que muda, é apenas a perspectiva.
Bruno Ernesto é advogado, professor e escritor
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