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quinta-feira - 06/09/2012 - 15:00h
Eleições 2012

Pesquisa eleitoral sem má-fé e às claras na política

Em toda campanha eleitoral no Brasil existe sempre um vilão de plantão: a pesquisa de opinião pública. É aqui no Rio Grande do Norte, no Amapá, Rio de Janeiro ou Mato Grosso do Sul. Não importa. O vilão também se veste de panaceia. Em muitos casos é, também, “remédio” para passar imagem de vigor ou revigoramento de algum candidato.

Mas, por que ocorre tanta celeuma em torno das pesquisas? A resposta é simples: os interesses em jogo são incomensuráveis, mexendo muito mais com o emocional do que com a razão. Nesse caldeirão há muito de desconhecimento de causa, além de alta dose de má-fé.

A boa pesquisa é aquela que me serve; a pesquisa errada é a que beneficia o adversário. Esse é o raciocínio consciente ou não que mexe com a sensibilidade de muitas pessoas, em discussões que normalmente não possuem um pingo de bom senso.

Você sabe como é feita uma pesquisa com o mínimo de organização, zelo e segurança técnica? Basicamente, os entrevistados são selecionados aleatoriamente de acordo com grau de instrução, faixa etária e sexo. Os dados utilizados são obtidos através de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Justiça Eleitoral. Segue-se critério proporcional, de estamentos sociais.

As sondagens podem ter 300, 500, 600, 1.200 ou mais pessoas, dependendo do universo populacional e os recursos empregados, buscando reduzir ao máximo a margem de erro.

Margem de erro

“Todas as pesquisas têm margem de erro amostral. Esse erro é calculado em função do tamanho e da heterogeneidade da amostra e dos resultados obtidos. A margem de erro normalmente divulgada refere-se a uma estimativa de erro máximo para uma amostra aleatória simples. Assim, considerando o erro amostral, fica estabelecido um intervalo de confiança — limites para mais e para menos em relação ao valor obtido”, explica o Ibope.

Às vezes ocorre o chamado “fato novo” durante uma campanha e a pesquisa pode não refletir o acontecimento avaliado como “bombástico” e capaz de alterar o comportamento do eleitor. Não existe uma regra científica, comprovada, para determinar se o fato novo mexe mesmo com a intenção de votos. Depende de fatores como o grau de importância que o eleitor atribui ao fato, como ele evolui no plano da comunicação/marketing e o próprio tempo para ele se dissipar.

Muitos eleitores ficam atordoados com diferenças consideráveis entre uma pesquisa e outra, de institutos diferentes, para o mesmo ambiente pesquisado e campanha. Tem razão em ficar confuso, até porque é comum que muitos segmentos da imprensa e grupos/candidatos trabalhem para confundir, como forma de desmoralizar números que não são interessantes a seus propósitos.

George Gallup, fundador do grupo, dizia que um médico não remove todo o sangue de uma pessoa para examiná-la. Basta uma amostra. Da mesma forma, não é preciso entrevistar toda a população para saber o que as pessoas pensam. Uma pesquisa deve levar em conta a divisão da sociedade em classes sociais e outros aspectos demográficos. (Frank Newport, vice-presidente do grupo Gallup, o maior e um dos mais antigos institutos de pesquisas dos Estados Unidos, fundado por George Gallup, nos anos 30).

O que é uma pesquisa? Usando um lugar-comum, é bom repetirmos sem medo de estarmos sendo óbvios: é como uma fotografia. Vale aquele momento. Uma pesquisa realizada pelo mesmo instituto, uma semana depois da anterior, pode mostrar mudanças e até mesmo alterações consideráveis. Entretanto, nada é por acaso. É preciso o olho do estudioso, com distanciamento crítico, para avaliar se houve algo ou um elenco de situações para determinar alguma reviravolta. Ninguém cresce ou cai muito na intenção de votos “do nada”.

É correto se avaliar crescimento ou queda de algum candidato, num comparativo entre duas pesquisas feitas por dois institutos diferentes? Não é recomendável, nem sensato. Normalmente é adotado por quem deseja ‘vender’ ideia de crescimento de algum candidato ou queda de outro. É um sofisma levantado por estupidez ou intenção de fraude.

Também pode existir distorção por falha técnica ou manipulação criminosa. Há alguns anos, no Paraná, um candidato chegou a denunciar determinada empresa que queria lhe vender pesquisa conforme sua aspiração. Várias empresas chegaram a ser impedidas legalmente de atuar no Brasil, em face de falsificação de dados etc.

O bom acompanhamento da performance de candidatos majoritários acontece principalmente com sequência de pesquisa pelo mesmo instituto, utilizando idêntica metodologia, com intervalos mais reduzidos entre uma e outra. Campanha bem organizada faz isso com maestria.

À medida que se aproxima o dia das eleições, as pesquisas são feitas por quinzena, semanalmente ou até mesmo todos os dias. Dessa forma é possível um acompanhamento minucioso do comportamento do eleitor. Contudo o custo desse trabalho passa a ser mais elevado. O partido/candidato deve avaliar a relação custo-benefício.

Enfim, não existe comprovação de que pesquisa ganhe eleição como objeto de propaganda, mas é uma ferramenta fundamental para se navegar nesse oceano revolto das campanhas eleitorais. Boa viagem.

* (Esta postagem foi originalmente veiculada no dia 17 de julho deste ano, às 23h44. Serve para hoje, amanhã e daqui a algumas décadas. Continua e continuará atualíssima e ajuda a quem deseja realmente entender o que é pesquisa, a compreender melhor esse importante instrumento científico. Mas àqueles que se movimentam apenas pela estupidez e má-fé, ficará impossível compreender o que está escrito).

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Categoria(s): Eleições 2012

Comentários

  1. Carlúcio diz:

    Talvez pelo muitos anos que acompanho a cena política da nossa cidade (Natal), observo que estamos no período de manipulação das pesquisas eleitorais. Aniquilaram a candidatura de Rogério Marinho elevando o percentual de Hermano, e colocaram o percentual de Carlos Eduardo, indecisos e brancos e nulos dentro de uma margem de segundo turno. Acho tudo isso muito estranho.

  2. Junior diz:

    Pelo que percebo as pesquisas estão se encontrando. Desde a divulgação das pesquisas do Correio da Tarde, da Gazeta do Oeste, da TCM e agora essa do Blog Carlos Santos há uma aproximação entre ambas. Isso talvez mostre o verdadeiro quadro da tendencia do voto no momento. Acredito que nas próximas divulgações a diferença entre os diversos institutos serão mínimas. Essas empresas tem juizo e um nome a ser preservado.
    Junior

  3. Ìtalo Martins diz:

    Imagino meu ìcone do jornalismo Potiguar como deve ser “hercúleo” esse jogo de cintura em relação como colocar nas nossas mentes, incutir as verdades sobre mostragens cientificas , teóricas, aos eleitores Mossoroenses, principalmente os fanáticos de carteirinha ? Sei que fazes na mais absoluta convicção e presteza. Até por quê o sangue literário corre nas suas veias. Mas cá pra nós, Valente e guerreiro desassombrado jornalista CARLOS SANTOS, tem hora que ” APURRINHA” mesmo concorda ? Concorda, discordar, trabalhar essa volúpia desacerbada do eleito mossoroense, no minimo é dose cavalar? Meus parabéns , pela astúcia, o denodo, e maneira com que trata os “benevolentes” rsrss Blogueiros. Tens pesadê-los carissimo escriba CS ? Ah !!! Entendi. Só quado o Flusão do FRED joga. Realmente o momento é bem melhor para o torcedor Pó de Arroz, do que os litigantes desta pugna do “século” chamada, ELEIÇÃO MUNICIPAL DE MOSSORÓ. Mossoró, respira politica , inspira politica o tempo todo, mas o bicho pega quando as lutadoras entram no Ringue e vão em busca do ” nocaute” e você como Juiz , tenta amenizar e apaziguar os ânimos da platéia ensandecida, esperando a qualquer um momento”Jab”que levaria o Sparring a nocaute. rsrs. E Traçando um rapido parâmetro, não é o que acontece com o seu time de elite chamado o tricolor das laranjeiras que vive o seu melhor momento nos últimos 10 anos. Enquanto isso amigo, estou curiando diuturnamente o que acontece na politica da terrinha através da segurança da informação que seu blog nosm passa dentro dessa inteligência personificada. Você tem um atributo que poucas pessoas do meio jornalistico Tem, ainda usando o Tricolor carioca, seu time pode tá perdendo, vc torcendo, mas não distorcendo, sabe das falhas, e das virtudes. E Nessa eleição sem tomar seu Tempo, quem está para o Flumimense ? CLAUDIA REGINA OU LARISSA ROSADO ? Forte abraço, e desculpa alguns exageros quanto aos colegas bloguistas(eleitores). Eu também me incluo entre esses ” CAVALOS BATIZADOS””KKKK.

  4. Fatima diz:

    As pesquisaas são simplesmente uma forma de se avaliar, as tendencias da população,e não forma de conscientização. Não sei por que tanto desespero em dar ou não credibilidade num resultado de uma pesquisa científica. Em época de campanha eleitoral parece que algumas pessoas radicalizam os pensamentos em beneficios próprio e perdem o raciocinio normal, e olhe que não é gente sem estudo. São pessos formadas, muitas vezes com pós-graduação! Vamos lá, entender!

  5. Pedro Victor diz:

    Não adianta. A maioria absoluta das pesquisas sempre se confirma, mas SEMPRE vai ter gente (do lado que está perdendo) que vai dizer que as pesquisas são erradas, que “ninguém me entrevistou”, e que são manipuladas pelo lado adversário. Caipiras.

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  1. […] má-fé e às claras na  política” que publicamos em 2012, com enfoque em pesquisas. Clique AQUI. Categoria(s): […]

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