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domingo - 08/05/2022 - 06:38h

Pingos da infância

Por Odemirton Filho 

“Uma noite de tempestade, o vento sacode as telhas, faz tremer portas e janelas. A chuva tamborila no telhado, fustiga as vidraças. Relâmpagos clareiam o quarto, trovões rasgam o silêncio”(…). (Fragmento do livro Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo).

brincando na chuva,Nos últimos dias a chuva tem caído com força nesta terra de Santa Luzia e em algumas cidades no nosso sofrido Rio Grande. O inverno será dos bons, com as benções de Deus, pois os açudes e reservatórios sangrando trazem esperança ao sertanejo.

A chuva cai como nas biqueiras dos meus tempos de menino, ali, nas ruas Tiradentes e José de Alencar, no centro de Mossoró, quando molhava a minha infância.  Hoje, eu vejo a chuva cair, e sobram lembranças. Às vezes, faz até um friozinho em Mossoró, já pensou?

Aliás, dia desses eu li uma crônica de Antônio Maria. “O bom Maria”, como chamavam seus amigos, dizia que, quando criança, brincava com os seus carrinhos na chuva. Ao contrário do cronista, eu “andava” de bicicleta e ficava com a roupa toda “ensopada”. E feliz. Muito feliz.

Naqueles tempos, para mim, inexistiam problemas. Tudo era motivo para brincadeira. Curtia a minha infância com minhas irmãs, primos e amigos. Não tínhamos medo dos raios e trovões. Meu pai, de vez em quando deixava o trabalho de lado e nos acompanhava nesses banhos de chuva, e eu achava “massa” vê-lo alegre como nós, crianças.

Lembro-me de uma bela crônica de Paulo Menezes, colaborador do “Nosso Blog”, que nos deixou no ano passado. Narrou o cronista que seu pai ficava sentado na calçada da casa, escutando um rádio de pilha, à espera dos raios cortarem o céu do sertão.

Pois é, uma chuvinha faz bem, mas falta-me a coragem dos meus tempos de criança. Aqui ou acolá me arrisco a tomar banho no meu quintal, e fico igual a pinto no lixo. Vez ou outra, saboreio um café ou uma dose de uísque para esquentar a alma, vendo a chuva cair, porque, com os pingos d´água, vem à memória os meus tempos da infância.

Diria o saudoso Paulo Menezes:

“Tempos bons. Saudades. Muita”.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Amorim diz:

    Da minha adolescência; reza a lenda que Seo Migas Fonseca em uma das viajem a Mossoró foi ao Restaurante Umuarama, lá chegando procurou uma mesa bem localizada onde corria o* vento nordeste e pediu uma cerveja ao garçom; que lhe disse prontamente; tá bem gelada!
    Prá espanto do garçom, ele sem nada dizer levantou-se e foi embora!
    PS, ele só tomava cerveja “quente”!
    Um abraçaço

  2. Rocha Neto diz:

    Caro Odemirton, mais uma vez tu consegue me remeter aos velhos, sadios e saudosos tempos de nossa velha Mossoró, imagino o quanto Odemirton (pai) e Albinha procuraram o filho peralta e não tinham noção aonde o mesmo se encontrava, se na calçada da Igreja de São Vicente, na praça do Codó, na praça do Pax ou na beira do hoje finado rio Mossoró; o bom de tudo isto é que o procurado retornava pra casa molhado pelas águas das biqueiras existentes nas faixadas das casas dos vizinhos Tibúrcio Soares, Sebastião Vieira, Paulo Lúcio, Zé Cesário, Zé Hilton e seu Luiz Paula e outros mais… mas como todo dia não chove em nossa cidade, quando Odemirton chegava em passava velozmente na grande sala de visitas e pegava a rampa que dava acesso aos dormitórios, e alí terminava mais um dia de danação, tomando banho para tirar o cheiro da água de chuva ou o suor produzido pelos esforços físicos ou até pelo astro rei solar que em nossa cidade daqui a pouco tempo fará ferver nossos miolos, ou massa encefálica. Bem depois de tantas peraltices, Odemirton iria se dedicar aos deveres de casa impostos pelo professores, e no dia seguinte após aula no seu colégio, começar tudo de novo.
    E os santos pais Odemirton e Albinha, abraçar o filho e dizer… é muito medonho.
    E assim caro Odemirton, estamos nós cá, a viver e agradecer a Deus por tudo, especialmente as nossas boas recordações.
    Inté a próxima, e grato pela bela crônica.

    • Odemirton Filho diz:

      Valeu, meu caro Rocha Neto. Você complementou muito bem a crônica, trazendo pessoas e fatos que fizeram parte da minha infância. Lembrou até da rampa que dava acesso aos quartos.
      Abraços, amigão!

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