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domingo - 15/01/2017 - 10:44h

Por que me orgulho em ser apodiense

Por Marcos Pinto

Quando nos encontramos com conterrâneos em longínquas terras e lugares, ao primeiro contato e declarada a coincidência das nossas origens telúricas, o coração já se encarrega de uma aproximação quase coercitiva. Digo coercitiva porque essa afinidade é como que um imperativo sentimental comum a todos quantos tenham a felicidade de nascer em terras do nosso amado Apodi.

Mesmo diante diferenças políticas e ideológicas, predomina uma contagiante força catalisadora que nivela diferenças e reforça sintonias. É uma afinidade tão grande que tem forças de religião.

A nossa fértil serra teve o seu batismo toponímico feito pelo elemento colonizador com o pomposo nome de “Serra Pody dos Encantos”. Nosso município é o único lugar do mundo que tem 04 tipos de solos: Arenoso, Argilo-arenoso, argiloso e pedra. Nós apodienses perseguimos preás nas quebradas da imaginação. Recebemos, alvissareiros, as primeiras chuvas nos baixios da saudade, cavalgando sonhos pelas ladeiras da infância.

Temos um linguajar autêntico e inconfundível. Nada de rebuscado, de artificial, de preciosista.

Tivemos um honrado conterrâneo (Na época em que nascera a cidade de Itaú pertencia ao município de Apodi), de nome Clementino Noronha, popularmente conhecido como Quelé, que era detentor da singularidade de vestir roupa totalmente branca, feita em linho caro, da marca Diagonal, e que desfilava garbosamente pelas ruas da nossa amada e nunca esquecida Apodi.

Por esse impecável modo no vestir, mesmo sendo de poucas posses econômicas, tinham-no como “metido a importante” – coisa que não procedia.

Por apresentar esse perfil em seu modo de vida, sempre que alguém tido como economicamente pobre “inaugurava” uma roupa nova, e botava pose para chamar a atenção durante as festas da paróquia, ao passar nos arredores da Igreja-Matriz de São João Batista e Nossa Senhora da Conceição, de bate-pronto ouvia uma chacota de metido galhofeiro, que em alto e bom tom sapecava-lhe de forma provocante:

– “Só quer ser as pregas de Quelé!”

Não precisa dizer que o “amostrado” acelerava os passos para sair, todo desconfiado, daquele “ambiente pesado” e cheio de ironias. Exportamos esse exponencial referencial para todo o Brasil, sendo certo que já foi até citado em um dos capítulos de uma novela da Rede Globo de Televisão.

Por essas e outras minudências do nosso fértil rincão, é que ufano o peito e me orgulho em ser Apodiense.

Inté !.

Apodi de São João Batista e Nossa Senhora da Conceição, aos treze dias do mês de Janeiro de dois mil e dezessete.

Marcos Pinto – Comboieiro da Saudade e Aruá do pé da Serra Pody dos Encantos.

Marcos Pinto é escritor e advogado

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Marcos Pinto. diz:

    Nesse contexto sentimental apodiense, me vem à memória um lindo fato narrado por nossa distinta conterrânea Dodora S. Maia,intelectual de escol que, do ponto de vista do boçal dito metropolitano, protagonizou uma cena provinciana que beira as sublimes e benfazejas raias da matutice, mas que reflete um lindo bairrismo e um forte sentimento de irmão-siamês que nos une. Dodora encontrava-se em movimentada avenida da capital paulista, quando vê um conterrâneo se aproximando, ao longe, da parada de ônibus. Com o peito ofegante de tremenda alegria em ver um conterrâneo na azáfama paulistana, eis que Dodora se apressa para atravessar a movimentada avenida; Por muito pouco não foi vítima de atropelamento, pelo impulso de correr para abraçar um seu também alegre conterrâneo. Pela emblemática atitude da nossa sublime Dodora S. Maia, podemos encher o peito e afirmar, altivamente: Sim senhor ! – somos bairristas empedernidos com muito orgulho!.

  2. Geraldo Fernandes diz:

    O Blog está de parabéns com esses belos texto Do Dr Marcos Pinto ,

  3. Geraldo Fernandes diz:

    Recebam meus cumprimentos Amigo Marcos Pinto pelo os belos texto . Você Carlos Santos está de parabéns por esse portal maravilhoso. Avante

  4. Aluísio Barros de Oliveira diz:

    Frequenteimuito a casa de Sêo Quelé, q ficava nos fundos da casa de seus pais. Adoro ser apodiense. Digo sempre q se tem uma roda animada é apodiense na certa q está proseando. Não vê o Luís Inácio Lula como se expressa? Vc acha q aquela desenvoltura toda vem de onde, hein? Mendengues, meu caro. O sangue do velho Inácio.

  5. Maria Vilmaci Viana dos Santos Dos Santos diz:

    O confrade Marcos Pinto nos leva a uma fantástica viagem ao mundo da saudade do nosso sertão do Apodi.
    Parabéns amigo gênio das terras tapuias paiacus do Apodi.

  6. Clenildo diz:

    Belas recordação da cidade de Apodi!
    Parabéns Dr.Marcos Ponto.

  7. Clenildo Maia diz:

    Parabéns ao Blog Carlos Santos, e ao grande pesquisador do nosso estado do Rio Grande do Norte, o Dr.Marcos Pinto, aqui vejo um grande resgate histórico das famílias e de fundação de cidades, muito gratificante estes textos, e de grande relevância para todos os potiguares, em especial nós oestanos! Mais uma vez parabéns!!

    SENHOR JESUS CRISTO Salvador 👏

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