Por François Silvestre
Primeiro ano, Faculdade de Direito, na Ribeira dos tempos idos. À direita, o Teatro; à esquerda, o largo D. Bosco e o Colégio Salesiano. Defronte da Praça do baloneiro e após ela, a Rodoviária.
Cadeira de Economia PolÃtica, professor Manoel Varela de Albuquerque. Fora polÃtico, candidato a governador, perdeu para Dix-sept Rosado, em 1950 (59,77% a 40,23%). Advogado brilhante, mau orador, falava baixo.
Eu, Leonardo e poucos outros sentávamos na fila de trás. Nas quartas-feiras, ele fazia perquirição. A caderneta de chamada quase encostando no nariz. Começava chamando pelo sobrenome, depois o nome completo, sempre tratando de senhor.
Naquele dia foi Leonardo.
“Senhor Trindade, Leonardo Trindade Cavalcanti”.
Resposta: “Presente, professor”.
E ele: “Senhor Trindade, o que é Mercado”?
Leonardo: “Mercado seria”… foi interrompido por ele: “Não, meu filho. Mercado não seria…Mercado é. É”.
Leonardo, “Tudo bem, professor, mercado é o âmbito de atuação do comércio”.
E ele, “Não, meu filho, não venha com baboseira marxista. Mercado é o lugar onde se fazem as trocas, só isso”.
AÃ eu inventei de me meter. “Professor, eu gostaria…”
Ele me interrompeu: “Você não gostaria de nada, meu filho. A hora de dizer besteira é do seu colega. Quando chegar sua hora você diz sua besteira”!
François Silvestre é escritor
Segundo registram os que viveram a contemporaneidade da pÃfia gestão do Dix-Sept Rosado, não ocorreu nenhum fato digno de nota. A minha saudosa genitora residia em Martins-RN e tinha 15 anos de idade quando testemunhou pessoalmente o desespero tristonho e alarmante de uma humilde Professora do Ensino Primário. ao receber, no dia 11 de Julho de 1951 um telegrama assinado pela Secretária particular do então governador mossoroense, a enrustida vitalina velha Izinha Negócio (filha do truculento todo poderoso Secretário-Chefe do Palácio do governo Sr. Mário Negócio, natural do Aracati-CE, mas criado em Mossoró) comunicando sua transferência. Desenrolou-se yriste cena, em que a humilde Professorinha, vendo perdido o seu Emprego, uma vez que o seu modesto Salario só daria mesmo pra pagar o frete de um caminhão para conduzir seus modesros móveis doméssticos resumidos em uma humilde me sa e vsris tamboretes de couro de boi e um surrado baú coberto de couro , onde conduzia as humildes vestes. A Professorinha ajoelhoy-se e dirigiu os olhos ao Ceu dizendo em tristonha voz :” Tenho fe em DEUS que vc. DIX-Sept Rosado ha de pagar essa cruel injustiça !”. Coincidência ou não, no outro dia (13 de Julho/1951) o Avião em que Dix-Sept viajava com alguns Secretarios, caiy no Rio do Sal, em Sergipe, matando todos vos ocupantes. Misterios do Sr. Tempo.
Saudades de suas crônicas, mestre François. Escreva mais, por favor.
Um forte abraço.
Uma retificação : O acidente aviatório ocorreu a 12 de Julho de 1951, e não 13 de Julho. Obsrve-se que em Maio do mesmo ano falecera de acidente automobilÃstico em Tacima-PB o maior amigo de Dix-Sept o Sr. Mário Negócio. Duz-se que no ato do sepultamento do Mário Negócio em Mossoró, dois meses antes da morte de Dix-Sept, este segurando a alça do Caixão, quase caÃa dentro da cova, tendo sido segurado,em tempo , por um circunstante que providencialmente agarrou-o, evitando um incidente. Teria sido um aviso, um prenúncio ?.