No silêncio turvo e gélido,
espelhos e sorrateiros passos melódicos,
fundem-se em enigmática noite.
Serenata indesejada à janela,
assobios de ventos são augúrios
a arrepiar a epiderme da madrugada
Com gotas de claridade,
vaga-lumes,
sintagmas-luzes,
ponteiam o manto negro
do cio da escuridão.
E surgem
murmúrios de brisa
a balançar o escuro véu,
soprando vida,
despedaçando a solidão,
em tímidos veios de cor.
O dia avança, com a liberdade de um condor,
sabendo que outra vez morrerá.
Púrpuras tardes, prelúdios e presságios,
que outros passos e espelhos
urdirão de mistérios
outras noites sem estrelas…
David de Medeiros Leite – david.leite@uol.com.br
* Poesia vencedora do III Prêmio de Poesia em Língua Portuguesa da Universidade de Salamanca (Espanha). Veja postagem sobre o assunto AQUI.
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