Por Bruno Ernesto
Diz o velho adágio popular que é melhor lidar com bicho do que com gente.
Quem é cordato, normalmente é tido como uma pessoa amigável. Não se impor é sempre mais atraente para os outros, que se impõem.
Quando a imposição se dá por meio de argumentos, ainda que refutáveis, talvez seja mais fácil digeri-la.
Quem aceita tudo calado, talvez já tenha desistido da vida, pois são as pequenas atitudes que nos faz resilientes.
Toda pessoa sempre tem duas chances de dar alegria aos outros: quando chega ou quando vai embora.
A despeito da dualidade humana, ou seja, essa coexistência de dois elementos opostos, como raiva e alegria, simpatia e antipatia; no que diz respeito aos bichos, mais uma vez eles têm vantagem em relação à gente, pois a simpatia deles é genuína.
Admiro enormemente o que o filósofo Mário Sérgio Cortella ponderou sobre o comportamento humano, ao dizer que gente excessivamente simpática é chata e dissimulada e que nessas horas, a sinceridade maior vem dos antipáticos.
Em outra vertente, diametralmente oposto, também é pertinente o que Idi Amin, ex-ditador de Uganda, disse sobre liberdade de expressão: “Aqui tem liberdade de fala. Só não tem liberdade após a fala.”
Nesse contexto, um interlocutor queixou-se que hoje há poetas demais e poesia de menos e, um tanto reticente, disse que não via mais graça em certas ocasiões e em alguns encontros literários, e que tais encontros se restringiam a elogios recíprocos sobre coisa alguma.
Ponderei que talvez o problema não fosse apenas de composição; quem sabe de leitura ou interpretação.
Como não sei interpretar um poema como fazia Antônio Abujamra, e o fazia de uma forma inigualável, fico apenas com a minha sinceridade, pois não desejo o mal a ninguém.
Que fique bem, claro! Quando digo que não adianta desdizer, é porque o que foi dito não pode ser desouvido, ainda que seja verdade.
Que fique bem, claro! Admiro a maior característica dos deuses do Olimpo. Tudo é extremo, bom ou ruim.
Que fique bem, claro! Mozart tinha razão ao dizer que a música não está nas notas musicais, mas no silêncio entre elas.
Que fique bem, claro! Se não falei, não significa que não tenha pensado.
Mas que fique bem, claro!
Bruno Ernesto é professor, advogado e escritor
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