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domingo - 28/07/2019 - 05:00h

Quem está mais perto de ganhar a guerra (LavaJato x VazaJato)

Por Alon Feuerwerker

A propaganda e a guerra psicológica têm seu papel nos conflitos, mas só podem ser declaradas decisivas quando um lado decide capitular apesar de ainda ter recursos suficientes para virar o jogo. Outro jeito de ganhar guerras é eliminar o inimigo. Outro desfecho é o armistício sem capitulação. A Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial do primeiro jeito, e a Segunda do segundo. A Guerra da Coreia terminou do terceiro jeito.

Ganhar ou perder depende também, e muito, do objetivo proposto. Se a meta é eliminar o inimigo mas ao final ele foi apenas contido, fica aquele gostinho ruim. Tipo a Guerra do Golfo contra Saddam Hussein. Também por isso, ninguém deveria começar uma guerra sem ter ideia de como acabar a dita cuja. Às vezes dá zebra. Só olhar as invasões inglesa, soviética e americana no Afeganistão. Errar a conta do custo de ganhar uma guerra é sempre complicado.A leitura das manchetes e #hashtags na disputa da LavaJato contra a VazaJato é divertida de ver, pois diz algo sobre quem ganha e quem perde cada batalha, mas infelizmente diz quase nada sobre quem vai ganhar a guerra. O que é preciso olhar? O objetivo de cada um, e que lado tem mais recursos, ou recursos suficientes, para atingir o objetivo proposto. Na Segunda Guerra morreram na Europa duas vezes mais militares soviéticos do que alemães. E todo mundo sabe quem ganhou no fim. #FicaaDica.

A LavaJato vinha em vantagem havia cinco anos, principalmente por causa da superioridade esmagadora em recursos. Um essencial, como a operação sempre fez questão de enfatizar, era a aliança com a imprensa. Com o controle quase absoluto dos instrumentos policiais e judiciais, a LavaJato vinha voando este tempo todo em céu de brigadeiro, navegando em mar de almirante. Mas a realidade mudou.

A LavaJato foi arrastada agora a uma guerra de atrito contra uma tropa irregular aliada a parte dos antigos aliados da LavaJato na imprensa. O que a LavaJato precisa para declarar vitória? Interromper as revelações da VazaJato e impedir eventuais efeitos judiciais. Esta segunda coisa ainda está à mão. Já a primeira, não. E do que a VazaJato precisa? Apenas sobreviver. Isso está totalmente ao alcance dela, também por a disputa envolver a liberdade de imprensa.

A linha de “caça ao hacker” faz sentido para a construção de uma narrativa, mas não mata a VazaJato. Até agora, ao contrário, apenas reforçou a autenticidade das revelações. Mesmo que as autoridades consigam levar os hackeadores a admitir algum ilícito em associação com Glenn Greenwald, isso não implicará os demais jornalistas do TheInterceptBR ou o próprio veículo, uma pessoa jurídica, em qualquer crime.

Mesmo que as autoridades conseguissem fechar o TheIntercepBR, isso não impediria os demais veículos parceiros de continuar publicando reportagens a partir do vasto material. E se a Justiça brasileira decretasse, numa hipótese hoje alucinada, a censura, a coisa poderia continuar a ser divulgada a partir do exterior. Aí a proibição teria de partir, por exemplo, do governo ou da Justiça nos Estados Unidos. Mas ali a liberdade de imprensa é ainda mais protegida do que aqui.

Onde está a brecha das defesas até agora erguidas pela LavaJato contra a VazaJato? Para matar a divulgação, a LavaJato precisa atacar e derrotar seu principal aliado dos últimos cinco anos e meio: a imprensa. E se é verdade que a imprensa gosta da LavaJato, é natural que goste ainda mais de preservar seu próprio poder. Pois ninguém sabe o dia de amanhã. Por isso a imprensa está dividida. E também por isso o objetivo da LavaJato na guerra contra a VazaJato é tão difícil de alcançar.

Claro que há sempre a hipótese de a LavaJato recooptar toda a imprensa. Mas esse haraquiri do jornalismo ainda não está no radar.

E um detalhe: se a VazaJato é uma ameaça para Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros menos visíveis, não chega a ser um problema relevante para Jair Bolsonaro ou Paulo Guedes. E à medida que os personagens principais vão se enrolando, as instituições a que pertencem são estimuladas a ir se distanciando, mesmo que esse distanciamento seja disfarçado por grandiloquentes declarações de apoio e solidariedade.

Alon Feuerwerker é jornalista e analista político

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Amorim diz:

    Lava jato X Vaza jato; o rapaz Moro cometeu algum ilicito? Se sim; culpado se não, inocente..
    É a querra da corrupçães X as faccães poiliticas .
    Agora o rapaz que ocupa a cadeira principal do Palácio do Planalto é muito inteligênte!
    Alerta feito por F.S.
    Vi o JN ontem e comprovei sua “inteligência” .
    Ps: não mais assisto jornais, exporadicamente, sim pra não alterar meus “neuvos”.
    Um bom domingo para nós terráqueos habitantes deste torrão ou gleba.

  2. Amorim diz:

    Tô chateado com Titio; vejam só: “Vamos passear de helicóptero’, diz sobrinho de Bolsonaro em voo da FAB.
    Impressa livre é mais vigilante da Democracia e Moralidade que os supostos “Pavões” togados; que rima com c……..dos!
    Tô em franca “crise exitêncial”!

    • João Claudio diz:

      Eu tô chateado pelo fato de não ter visto o ‘au! au!’ da família embarcar no helicóptero.

      – AU! AU! AU!

      – Você ficou de fora, Totó. Fazer o quê?

      – AU! AU! AU!

      – Tá bom! Tá bom! No próximo casamento você vai ao lado do piloto. Ok?

      – au au au au au au au au au au….!

      – Nada melhor do que fazer um ‘pet’ feliz.

      – Auuuuuuuuuu…,.! Auuuuuuuu..!

  3. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Não esqueçamos, tínhamos, como ainda temos, abstraindo o PT, varias e varias pessoas, quadros e partidos, então candidatos e na corrida presidencial, relativamente capazes de assumir a Presidência da Republica Federativa do Brasil, sem que ao assumir, seu único e absoluto intento e propósito, fosse tornar tudo terra arrasada, levando a nação e povo em direção à idade media tanto nos costumes quanto na economia.

    Todavia, teleguiados pelos Fak News, pela desinformação histórica, pela manipulação e pelo latente discurso de ódio disseminado pela mídia tradicional e monopolista, com apoio indiscutível do sistema punitivo mais conhecido como judiciário, não esqueçamos, a maioria optou pela eleição do pior dos piores, essa coisa bitolada, asquerosa e nazifascista chamada Jair Messias Bolsonaro, cercada de milicos, pastores picaretas, Yotuber’s descerebelados. empresários reacionários e o grande Capital Financeiro sempre ciceroneando e patrocinado os golpes daqui e de alhures.,

    A história que, infelizmente, poucos conhecem, está ai para demonstrar, na falta de votos, a cínica e mentirosa cantilena do suposto combate à corrupção, sempre foi e será estratagema da extrema direita na volta ao poder….!!!

    Quem sabe o Amorim, dentre muitos Burro Narianos, um dia cia na real…!!!

    Um baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

    • Amorim diz:

      “E então quando ele crescer
      Vai ter que ser homem de bem
      Vou ensina-lo a viver
      Onde ninguém é de ninguém
      Vai ter que amar a liberdade
      Só vai cantar em Tom Maior
      Vai ter a felicidade de
      Ver um Brasil melhor”
      Uma boa noite e um “baraço”!
      Ps: sou curto das idéias; mas…..

  4. Pedro Rodrigues diz:

    É surreal, um jornalista publicar vazamentos de um juiz infringindo a lei, e ter gente querendo colocar de vilão O JORNALISTA!

    Ê Ô Ô, vida de gado!

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