Alemanha 4 x 0 Argentina. Fim de jogo na África do Sul.
A vitória é incontestável. Surpreendente? Talvez o placar. Talvez.
Veja o que escrevi sobre esse time da Alemanha, logo após golear a Inglaterra por 4 x 1, em postagem do dia 27 de junho, às 13h30:
"O time de Neuer, Podolski, Müller, Özil, Klose e Schweinsteiger é um misto da disciplina, frieza e solidez alemã, com a alma sulamericana: técnico, inventivo, ousado, habilidoso. A vitória de hoje na Copa do Mundo da África do Sul, que leva o time às quartas-de final, contra México ou Argentina, inquieta qualquer brasileiro e faz transpirar de alegria os amantes do bom futebol em qualquer parte do mundo (…)".
O comentário sobre a vitória deste sábado (3), é praticamente o mesmo. A Alemanha é exatamente isso.
Fez 1 x 0 com apenas 3 minutos de jogo e a partir daí manteve-se inabalável diante dos "hermanos". No segundo tempo, mais três gols.
O time alemão passou o primeiro tempo marcando a Argentina a partir da intermediária adversária, dificultando a saída de bola e obrigando-a a sair com seus zagueiros ou o cabeça-de-área Mascherano. Até Messi e Tevez tiveram que voltar na tentativa de organização de jogadas.
Só por volta dos 15 minutos finais, no primeiro tempo, a Argentina encontrou o caminho para o gol em cima do lateral-esquerdo Boateng. O canhoto Di Maria foi deslocado para esse espaço de campo, numa atuação parecida à de Robben da Holanda, no confronto de ontem com o Brasil. O resultado, nem tanto.
No segundo tempo, com 1 x 0 no placar, a Alemanha passou a apostar no contra-ataque e na redução de espaço para a Argentina de sua própria intermediária para trás. Apesar de algumas brechas que mesmo assim surgiram, o time sulamericano não chegou a causar pânico no contendor.
Com o passar do tempo, a Alemanha ajustou sua ala esquerda no reforço de marcação ao trabalho de Boateng. Além disso, reapareceu o futebol do meia Özil, que não jogara bem na primeira etapa.
Entretanto, o grande nome do jogo foi o meia Schweinsteiger. Defendeu, alimentou o ataque e virou atacante.
Já a Argentina não teve o brilho do craque Messi e viu Tevez sempre se enroscar com a defesa adversária. Di Maria foi o que mais apareceu, mas sem maiores chances de finalização.
Quanto à sua defesa, a Argentina foi o que se esperava e se cantava há tempos: incapaz de suportar quem é competente. Frágil e com dois laterais limitados.
A Alemanha não é apenas uma boa seleção: é uma máquina de jogar futebol. É um monobloco quase perfeito da defesa ao ataque; sem chutões, sem violência e fria. Possui talento e técnica de fazerem inveja a brasileiros e argentinos.
Não será fácil parar esse "panzer".
Veja AQUI o comentário anterior sobre Alemanha 4 x 1 Inglaterra.
Carlos Santos: Realmente é difícil parar o “panzer” alemão de hoje. Mas o panzer de hoje já foi o todo-poderoso bismark de ontem torpedeado pela Argentina em 1986, pelo Brasil em 2002 e pela Itália em 2006. Quem sabe se a frágil capa do toureiro espanhol não atrapalhe a visão do condutor do panzer? Ou mesmo o suco da laranja não enferruge a engrenagem do panzer? Ou, ainda, os valentes tupamaros uruguaios não possam destruir essa máquina tão bem azeitada? Difícil é muito, mas…
Vamos esperar o novo “dia D” (11/07/010), agora em vez da Normandia teremos Johanesburgo como “campo de batalha”, para ver se os aliados(?) da “tríplice entente” (Espanha, Holanda ou Uruguai), terão forças para derrotar o “4º Reich” do “führer” Joachim Löw.
Grande Carlos: Futebol tem os seus mistérios: em 1950, como seus ouvidos estão rotos de ouvir, a grande seleção brasileira, “a máqina de fazer goals”, como dizia Ary Barroso, depois de golear a Suécia por 7 x 1 e a Espanha por 6 x 1, caiu frente ao time uruguaio, no dia mais negro para o futebol brasileiro, 16 de julho. Também, numa tarde de julho, de 1954, a Hungria, que talvez tenha formado o selecionado mais poderoso de todos quantos já se fizeram neste Mundo, depois de suplantar a Alemanha por 7 x 3 na fase eliminatória, perdeu na final para o próprio time germânico por 3 x 2, depois de estar ganhando por 2 x 0. No mesmo campeonato de 1954, o time magiar, nos dez minutos iniciais de cada partida, enfiava dois goals nos seus adversários: foi assim com o Brasil, com o Uruguai e com a própria Alemanha.
Vinte anos depois, em 1974, a Alemanha, nos seus domínios, levantava o “caneco” desmitificando o “carrossel holandês”. Já vimos muitos risos e abraços em cinco ou seis partidas de futebol para assistirmos as lágrimas de derrotas numa final. São coisas do esporte bretão.
Torcerei, porque estarei torcendo pelo Brasil, pela Espanha ou Holanda na final, se for o caso, ambas sem o título mundial. Torci, após a derrota do Brasil, pelo time de Gana e queria vê-lo campeão. Inteligente, você sabe o porquê.