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domingo - 03/03/2024 - 09:10h

Quero morrer de manhã

Por Ronaldo Cunha Lima

Imagem ilustrativa da Freepik

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Quero morrer de manhã.
Janelas abertas.
Contemplando o sol e a vida.
Quero morrer de manhã.
Deve ser bonito um ocaso numa aurora.
Não quero camas brancas, cadeiras brancas
que fazem pensar que a gente vai morrer.
Quero morrer de manhã.
Os galos cantando.
O sol na vidraça,
e a vida passando lá fora.

Quero morrer de manhã.
A interminável noite virá depois
claro-escuro, de madrugada,
quero morrer de manhã.
Deve ser bonito um ocaso numa aurora
haverá sol, haverá luz, haverá vida
e ninguém há de pensar que eu vou morrer.

Ronaldo Cunha Lima (1936-2012) Nascido em Guarabira-PB, ele foi vereador e prefeito de Campina Grande-PB, deputado, senador e governador, além de advogado, poeta e escritor

*O autor faleceu com câncer no pulmão, numa manhã de 7 de julho de 2012.

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Categoria(s): Poesia

Comentários

  1. Amorim diz:

    Emocionei!
    Um abraçaço

  2. Inacio Rodrigues diz:

    Lindo demais! Lembrei do poeta no programa sem Limites, da extinta Rede Manchete, onde em dez programas respondeu, em versos, sobre a vida e a obra de Augusto dos Anjos! Infelizmente também ficou marcado pelo episódio que ficou conhecido como Tragédia do Guliver, quando atirou em Tarcísio Burity, que se alimentava no restaurante. Não o matou, mas o ataque deixou sequelas que levaram Burity a morte tempos depois. Grande homem e político! Eu também quero morrer de manhã!

  3. Guilherme Victor diz:

    Não sei como morreu, mas passará a eternidade como o homem que tentou matar outro, por motivos banais, e passou o resto da vida fugindo da justiça, através de chicanas jurídicas que só servem aos políticos poderosos e demagogos, como ele o foi.

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