domingo - 15/12/2024 - 08:28h

Refletir e sensibilizar para as questões socioambientais

Por Zildenice Guedes

Arte ilustrativa da Enel Green Power

Arte ilustrativa da Enel Green Power

Quando se trata de falar das questões ambientais, há sempre grandes desafios. Embora, nesse momento da história possamos constatar que mesmo de diferentes formas, há um consenso comum (ou não), de que o século XXI está sendo uma época de tragédias ambientais e humanas em vários sentidos. E mesmo que em outros momentos a humanidade tenha se deparado com grandes desafios, os do momento presente são potencializados no que diz respeito ao alcance e possibilidade de resposta. Nesta discussão estarei fazendo um recorte sobre algumas questões socioambientais em que o objetivo é informar e portanto, sensibilizar.

Comecemos pelas mudanças climáticas. O Brasil está entre os cinco maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa. E o setor energético é responsável por dois terços do total, além do mal uso que fazemos do nosso solo, desmatamento, queimadas em todos os biomas correspondem a quase metade das emissões (46%). Não se pode deixar de mencionar que enquanto em termos mundiais houve aumento das emissões de 1,3% em comparação ao ano de 2023, no Brasil houve redução de 12% no mesmo período (FAPESP, 2024).

É importante ressaltar que no que diz respeito às mudanças climáticas, de acordo com o professor Luiz Marques (2015; 2023), estamos em uma década decisiva para implementar mudanças e tomada de decisão em diferentes aspectos para que seja possível à humanidade a permanência de vida na Terra. Logo, as mudanças necessárias passam pelos aspectos políticos, econômicos, culturais e sociais. Tudo nos leva a entender que estamos na contramão e comprometendo a vida humana e de outras espécies no que Lovelock considera Gaia, esse grande sistema vivo do qual nós seres humanos somos uma parte, e é fato que não somos a mais importante.

O que constata-se nesse momento é que a saúde do planeta tem piorado e um estudo do ecólogo norte-americano William Ripple da Universidade Estadual de Oregon, publicou um artigo no periódico BioScience e apresenta dados em que aponta que 25 dos 35 sinais vitais do planeta estão em níveis recordes de deterioração, com potencial de piorar nos próximos anos (FAPESP, 2024). E isso está em nosso cotidiano, as tragédias climáticas têm acontecido em um espaço muito curto de tempo e aumentado em intensidade.

CONSTATAMOS que as cidades não foram pensadas para esses cenários, mas, considero que o problema está para além da compreensão muito necessária sobre o planejamento ambiental em que diferentes variáveis e cenários devem ser considerados. Penso que o problema é muito mais complexo e vai exigir muito da humanidade, e reflito se nós seres humanos estamos dispostos a refazer a rota e reconhecermos que somos natureza, somos também o planeta Terra, se ele adoece, nós também adoecemos e estaremos em risco.

A intenção do artigo é provocar e ao mesmo tempo convidar à reflexão sobre o quanto precisamos nos aproximar, revisitar e mesmo desconstruir o que por ventura aprendemos sobre natureza, no sentido de que é um convite a problematizar  a compreensão deturpada de que não somos natureza e/ou não dependemos dela, de que evoluímos e conseguiremos com todo avanço tecnológico reverter até os piores cenários. Sobre esse ponto, inclusive cientificamente está evidenciado que trata-se de uma falácia e não é suficiente para resolver e nos colocar em tranquilidade frente aos desafios que temos.

Encerro convidando-os à reflexão e à associações dessa discussão com os nossos problemas cotidianos como aumento da produção per capita de resíduos sólidos no Brasil, estamos gerando mais resíduos do que o planeta é capaz de suportar, falta de áreas verdes nas cidades e infraestrutura verde, comprometimento da qualidade das águas e regimes de chuvas, escasseamento do solo e sua capacidade produtiva, perda de biomas e importantes serviços ecossistêmicos (trata-se de tudo que fauna e flora nos proporcionam gratuitamente e por causa dos cenários de destruição e degradação ambiental, compromete-se diretamente a qualidade do meio) e muito além disso. O quanto tudo isso já está interferindo na qualidade humana e de outras espécies?

As gerações atuais já estão sofrendo e comprometemos diretamente as gerações futuras. Dialogar sobre os desafios socioambientais é sempre um desafio, mas a intenção não é nos deixar inertes com a sensação de que “o fracasso ou colapso é iminente”. Ao contrário, enquanto humanidade somos capazes de grandes feitos, a história está aí para atestar isso e termos consciência e sensibilização é um passo muito importante e que não podemos abrir mão.

Que estejamos provocados a isso!!

Zildenice Guedes é pós doutoranda em Ciências Ambientais – UFERSA, doutora em Ciências Sociais – UFRN e mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade – UFERSA

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Categoria(s): Artigo

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