Há poucos dias, através da rede de microblogs Twitter, o vice-governador Iberê Ferreira (PSB) perguntava: qual a prioridade para o futuro governador do Rio Grande do Norte?
Pré-candidato a governador e eventual governador em 2010, com a iminente renúncia da titular Wilma de Faria (PSB), Iberê sabe com a experiência de mais de 40 anos de vida pública, que há muito a ser feito. Pena que vários governantes eleitos e biônicos tenham passado pelo cargo executivo com alguma boa vontade, mas pouca ousadia.
Minha sugestão a Iberê é a mesma a qualquer outro pré-candidato: é preciso interiorizar o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Do contrário, continuaremos assistindo o funcionamento de dois estados distintos e excludentes: a Grande Natal com cerca de 76% da receita/mês do RN e o interior dividindo a sobra. De cada R$ 10,00 do meio circulante, quase R$ 8 transitam em Natal e seu entorno.
Nos últimos 50 anos, talvez apenas AluÃzio Alves e Cortez Pereira tenham enxergado à frente do seu tempo, pensando de forma macro o território potiguar. Fora eles, acompanhamos gestores afeitos ao convencionalismo gerencial e se entregando à politicalha, além do assistencialismo patológico.
Muito pouco foi desencadeado para propiciar a autonomia do cidadão e alavancar o surgimento de pólos econômicos, a partir do potencial de cada microrregião.
Falou-se em “choque de gestão”, “reforma administrativa”, “superintendências regionais de desenvolvimento” etc. mas tudo não passa de sofisma. No máximo tudo serviu como retórica.
Com pouco mais de 3 milhões de habitantes e arrecadação/mês da ordem de 220 milhões, enormes riquezas naturais e posição geopolÃtica estratégica, o Rio Grande do Norte é um gigante espoliado. Rosna, mas não morde ninguém.
Sobram apenas migalhas à maioria de seu povo, sobretudo porque a concentração de riqueza amplifica seus problemas. Boa parte deles derivada de uma cultura patrimonialista-espoliadora que conservamos multissecularmente.
O próximo governador não fará nada além do que a maioria produziu, se repetir o que tem sido feito até aqui. Saúde, educação, segurança pública e outros benefÃcios continuarão no imaginário popular e na propaganda oficial. Faz-de-conta.
Estamos distantes de promover uma réplica da grande revolução que o Ceará começou há tempos, apesar de possuir quase 9,2 milhões de habitantes, boa parte do território no semi-árido e histórico de mandonismo colonial. Por lá se aposta numa “gestão para resultados”, descentralizando investimentos e modernizando a relação entre Estado-servidor público, Estado-setor produtivo, Estado-sociedade.
Não chegam à excelência, porém saÃram do primitivismo politiqueiro. Nós seguimos nesse “oito”.
Vibramos com construção de um estádio faraônico, mas não possuÃmos um porto à exportação das riquezas nativas; damos tÃtulos de cidadania a cantor de axé e não temos dinheiro para núcleo de neurociência; deliramos com a Miss Brasil potiguar e esquecemos o Walfredo Gurgel em frangalhos.
Reitero: o próximo governador (a) não será melhor do que seus antecessores, se apenas sequenciar erros e acertos de quem já passou. Será apenas mais uma fotografia na parede das repartições públicas, com sorriso de orelha a orelha por seu êxito pessoal em chegar ao topo do poder, em cima da miséria e ignorância da massa.
Retrato por retrato, eu prefiro o de Dorian Gray, do gênio Oscar Wilde. Esse é imortal. O que os polÃticos norte-rio-grandenses costumam utilizar não dura mais do que alguns anos. Logo perde o foco.
O problema é que nossos polÃticos vivem eternamente nos palanques e não sobra tempo para trabalhar e gerir com dignidade o cargo que receberam através do voto popular.
Observemos: Rosalba foi eleita em 2006 para senadora da república, antes da posse já se lançava e iniciava campanha para governadora; Vilma reelegeu-se governadora, mas queria mesmo era ser senadora, não desmontando o palanque para o novo embate; João Maia, Deputado Federal, Robson Farias, Deputado Estadual, Iberê Ferreira, Vice-governador, todos em campanha contÃnua pelo governo do estado há muito tempo.
O vereador de Natal ou de Mossoró se elege hoje, no dia seguinte se lança candidato aos cargos a serem disputados nas eleições imediatamente posteriores.
Temos assim excelentes polÃticos e péssimos gestores da coisa pública.
Carlos, concordo plenamente contigo quando voce afirma que o(a) futuro(a) governador(a) do RN, deverá tentar reduzir o enorme fosso econômico que separa a grande Natal do restante do Estado. Sinceramente não dá para acreditar que haja desenvolvimento do nosso Estado, enquanto os nossos governantes continuarem a olhar do Rio Grande do Norte somente da reta Tabajara prá lá.
O Rio Grande do Norte, não se resume só em Natal e a Grande Natal(Panamirim,Macaiba,S.Gosalo,Extremoz), o Interior também faz parte do RN…