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domingo - 06/10/2013 - 09:54h

Reflexões sem dor

Por Millôr Fernandes

Quando uma aeromoça manda apertar o cinto, muito bem. Mas quando quem manda é o ministro da Fazenda?

Pensar. Eis um verbo reflexivo.

Um homem está definitivamente velho quando aponta para o próprio sexo e diz: “Isto é um símbolo fálico.”

Chato é o sujeito que não pode ver um saco vazio.

Todo dia leio cuidadosamente os avisos fúnebres dos jornais; às vezes a gente tem surpresas agradabilíssimas.

Nunca deixe para amanhã o que pode deixar hoje.

Se a morte é fatal, por que será que todo mundo deixa o enterro pra última hora?

Tem o cérebro de um verdadeiro computador: comete erros inacreditáveis!

É preciso ter coragem. É preciso dar pseudônimo aos bois.

Ah, se a gente pudesse empenhar as bodas de prata!

Televisão — um veículo eletrônico com tração animal.

Fofoca a gente tem que espalhar rápido porque pode ser mentira.

Quando muita gente insiste muito tempo em que você está errado, você deve estar certo.

Tempo é dinheiro. Contratempo é nota promissória.

Eu só não sou o homem mais brilhante do mundo porque ninguém me pergunta as respostas que eu sei.

Essa gente que fala o tempo todo contra a corrupção está apenas cuspindo no prato em que não comeu.

De madrugada, o melhor amigo do homem é o cachorro-quente.

O cara que gosta de arranjar encrenca cada vez tem que andar menos.

O maior teste da dignidade é um trambolhão.

Se eu não soubesse o valor do dinheiro não vivia botando ele fora.

A ostra pode ser pai num ano e mãe no outro. Andrógino é isso aí.  O resto é bicha mesmo.

Quem se mata de trabalhar merece mesmo morrer.

Antes de entregar sua declaração de Imposto de Renda verifique bem se você omitiu tudo.

Uma linda mulher de quarenta anos: cara e coroa.

Millôr Fernandes (1923-2012) – Foi um desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista brasileiro.

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Categoria(s): Crônica / Grandes Autores e Pensadores

Comentários

  1. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Millor Fernandes como sempre dissecando a alma humana e mostrando o quão somos – em sua grande maioria – cínicos, hipócritas e mentirosos.

    Escritor, poeta, Jornalista, dramaturgo, chargista, teatrólogo e o que mais se possa colocar no bojo do seu grande talento e imaginação, Millor infelizmente já se foi, deixando imensa lacuna praqueles que realmente leem e gostam de um jornalismo, de uma arte e de um pensar reflexivo e libertador.

    Infelizmente o brasileiro não lê, pois se assim fosse o contrário e conhecesse a fundo a obra do Millor, com certeza teríamos um país e uma nação bem mais consciente do seu papel de cidadão e de cidadania na política da vida e na vida da política.

    Para aqueles que realmente desejam conhecer um pouco de sua obra, recomendo a leitura da BÍBLIA DO CAOS. Em sua extensa produção literária, uma das obras mais significativas é SEM DÚVIDA, “Millôr Definitivo: A Bíblia do Caos”. O volume traz 5.142 das frases elaboradas pelo autor.

    Um abraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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