No início do segundo semestre de 2010 fui surpreendida com uma convocação da Universidade Potiguar (UnP) para debruçar-me sobre o plano pedagógico de um curso de graduação a ser oferecido a partir do primeiro semestre deste novo ano de 2011: Relações Públicas. Agradavelmente surpreendida, aliás.
Jornalista de formação, repórter de jornais diários por uma década e meia, eu assumi ao longo da década passada programas de comunicação integrada em empresas como Janssen-Cilag, Biotronik e Bionexo, respectivamente dos setores farmacêutico, de produção e distribuição de marcapassos e e-commerce.
Uma comunicação que ia muito além da distribuição de releases aos meios de informação, mas pensava os meios e as táticas para ‘azeitar’ a imagem de cada empresa em um cenário sociopolítico, econômico e cultural, como o que vivemos hoje, cada vez mais complexo e carente de rumos.
Nessa condição, e também como aluna de disciplinas especiais do curso de Relações Públicas da ECA-USP, já conhecera de perto os desafios da comunicação estratégica, aquela que define e norteia os pontos chaves do relacionamento de uma organização privada, pública ou do terceiro setor, com os diferentes públicos a ela relacionados. A especialização em Gestão da Comunicação consolidou esse aprendizado.
Topei o desafio de formatar este curso que surge sob o signo do novo, em um cenário potiguar marcado pela pressa, por uma velocidade de crescimento sem precedentes. O Nordeste é a chamada ‘bola da vez’ dos investimentos em infra-estrutura e comércio, e não apenas com capital nacional.
Esses novos ‘atores’ necessitam de comunicação como o investimento precisa de capital. É como uma simbiose que requer um profissional capaz de atuar eficazmente na interlocução entre a função de Relações Públicas e as demais áreas da Comunicação, incluídas o Jornalismo, a Assessoria de Imprensa, a Publicidade e Propaganda, o setor de Eventos, as interfaces com as mídias sociais etc.
Notícias, deliberações internas, anúncios e reforço de marca, imagem a ser permanentemente burilada, uma atuação sintonizada com tempos partícipes, com um consumidor ciente dos seus direitos, com poder de veto ou adesão, e com acesso à informação pelos meios mais diversificados. O curso que a UnP oferece a partir deste semestre surge, assim, como decorrência de necessidades de um mercado de trabalho também em expansão.
Para atendê-lo, o aluno será orientado a aplicar conceitos e técnicas de comunicação estratégica, comunicação dirigida, comunicação institucional e integrada. Para tanto, já a partir do 2º ano do curso poderá realizar atividades práticas, conjugadas ao conteúdo teórico, nos diversos laboratórios que a UnP oferece para os cursos de Comunicação.
Este aluno estará apto, ao término do curso, a coordenar programas de comunicação e a utilizar recursos de comunicação em diferentes meios e suportes que requeiram o exercício da função de Relações Públicas.
É da professora Margarida Kunsch, principal pesquisadora brasileira na área de Relações Públicas e autora de livros indispensáveis na área, a seguinte explicação:
“…O profissional de Relações Públicas deve ter, em primeiro lugar, uma visão estratégica. Ele tem que saber planejar e administrar estrategicamente a comunicação, colocá-la como facilitadora para que a organização atinja os seus objetivos. Isso só será possível por meio de um trabalho, de um planejamento adequado, de toda uma negociação, de um trabalho em parceria com as outras unidades. Por exemplo, a comunicação interna tem que se feita em parceria com a área de Recursos Humanos. A comunicação institucional tem que ter um link, uma sintonia com a área mercadológica. Isso só se torna realmente possível com um trabalho muito sério, muito bem administrado estrategicamente.”
Stella Galvão é professora, escritora e jornalista
É importante salientar que esse curso certamente é ofertado em Natal e não no Campus Mossoró.
Exatamente. Agradeço o esclarecimento, Anna.