Por Aluísio Barros
Na Rua Moreno, no Abolição I, nesta quarta-feira de cinzas (05), Virgílio Pinheiro Neto, aos 77 anos, nos deixou. Que a boa luz ilumine os novos caminhos dele. Amém.
Para o ‘Acontece’ – folhetim que mostrava a #MossoroCultural de outrora (Gestão #FafáRosado) escrevi:
Toque, Virgílio!
Dentro da cidade que se mostra aos olhos do passante, uma outra se faz em fios que se entretecem todos os dias tão logo o Sol se levanta. Ou a Lua desponte… se ele for um notívago.
Virgílio Pinheiro Neto, o pianista, faz parte dessa cidade quase invisível, mas ainda presente na memória de raros.
Rapaz de fino trato, o conheci quando ele atuava como discotecário na Rádio Difusora ZY20, no finalzinho dos 70.
Moonlight Serenade.
(Um tema ressurge entre os fios: Pinheiro era o responsável pela trilha sonora dos programas que a cronista Ivonete de Paula realizava – sempre ao meio-dia-e-meia – naquele prefixo, onde cada canção traduzia a emoção do dia da “Pequena Notável”, como assim costumava chamá-la o inesquecível jornalista Nilo Santos.)
Dos dedos talentosos de Virgílio saia a trilha que nos fascinava nas noites do Moinhos, da Panizaria Hut, do Kiko’s ou do Rabbit’s – fase sublime da expert Mary Saboia, em endereço chique da Presidente Dutra.
Mendelssohn… Gounod… Algumas histórias de amor, outras noites tantas, foram consagradas em trilhas de Virgílio Pinheiro.
Requinte das cidades, os pianos (a sanfona era a rainha do campo) já não costumam compor os points de Mossoró…
Certamente, ficaríamos encantados se, desses fios que entretecem cidades e sonhos, pudéssemos adentrar num Rick’s (o Cafezal é a cara de Pinheiro) e, ao invés do pianista Sam, de Casablanca, fosse possível pedir:
“As times goes by, Virgílio Pinheiro Neto! Toque, mais uma vez…”
Virgilio Pinheiro Neto era funcionário aposentado da Universidade do Estado do RN (UERN) e Prefeitura de Mossoró.
Foi também do Bandern.
Aluísio Barros é professor, poeta, cronista e escritor
Pinheiro, quando estava ao piano, tocava a nossa alma. Lembro de noites agradáveis da minha infância/adolescência quando ia a algum restaurante com os meus pais, e ele lá estava. Era uma pessoa educada e discreta.
Que o bom Deus o acolha na eternidade. Deixo consignado meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos.
O avô do saudoso Pinheiro, de quem herdou o nome, era Cearense e irmão de João Pinheiro, de quem era Sócio em um bar situado na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Felipe Camarão, onde se reuniam alguns ditos da elite econômica local.