Voltando nosso olhar para a disputa paroquia, na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, Mossoró, em tese o tempo parece uma eternidade. Não é bem assim.

Para o governismo, por exemplo, ele passou a ser uma corrida de obstáculos, haja vista que existem vários fatores pesando contra sua continuidade.

O governo da prefeita de direito de Mossoró, enfermeira Fátima Rosado (DEM), a "Fafá", há muito dá sinais de fadiga.

Os altos índices de reprovação, a minoria na Câmara de Vereadores, arengas com categorias funcionais, perseguições contra setores da imprensa e a crise de gestão (fornecedores e prestadores de serviço com atrasos em pagamento) depõem contra o governo. Há um agravante: não existe um pré-candidato competitivo à disputa municipal do próximo ano.

A campanha vai começar no início de julho de 2011, sem que até o momento desponte alguém com perfil vencedor. Há apenas uma insistência pessoal do prefeito de fato, agitador cultural Gustavo Rosado (PV), em fazer do seu lugar-tenente e guru, Chico Carlos (PV) – secretário da CIdadania – o sucessor de Fafá.

Apenas ele e o próprio Chico acreditam no projeto, além de uma entourage paga para jogar incenso sobre ambos, incapaz de bocejar uma frase por vontade própria. Não pensa, replica

Alguém combinou com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e seu marido, o ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado (DEM), líderes do grupo, que Chico será o candidato? Não.

Gustavo & família tentaram até hoje fazer um grupo político, mas nunca passaram da condição de subgrupo. Revelam-se amadores no exercício da política. Agem como uma centrífuga, espalhando tudo em sua volta.

Fafá está no seu sexto ano consecutivo na prefeitura. O período é uma mistura de equívocos com desatinos. Da parte administrativa à política, um caos. A "Era das trevas".

Como enfrentar o que restou da oposição, personificada pela deputada estadual Larissa Rosado (PSB)? Hoje, a grosso modo, a parlamentar é favorita.

Por dois motivos: primeiro, por ter se tornado mais sólida eleitoralmente, mesmo após duas derrotas para a própria Fátima Rosado. A performance de Fafá é seu principal cabo eleitoral. Segundo, pela ausência de um contendor à altura.

A esperança do governismo é Rosalba, a "Rosa". Acredita-se que seu beneplácito a Chico Carlos seja capaz de içá-lo ao poder.

A restrospectiva da hoje governadora, como apoiadora, não é de infalibilidade.

Em 1992, não conseguiu fazer do seu vice-prefeito Luiz Pinto (PFL, hoje DEM) o seu sucessor. Em 1994, ingressou como candidata a vice-governador de Lavoisier Maia (PDT), porém fora derrotada por Garibaldi Filho (PMDB).

Em 2006, eleita ao Senado, não conseguiu puxar a irmã Ruth Ciarlini (DEM) à reeleição à Assembleia Legislativa  e viu o cunhado Betinho Rosado (DEM) ficar apenas na primeira suplência à Câmara Federal, quando tentava a reeleição.

Bom sublinhar, que em 2012, Rosalba terá 167 municípios para trabalhar candidatos com seu apoio. Não poderá fazer plantão full-time em Mossoró. E, pelo caminhar do andor, é pouco provável que tenha o Estado azeitado para ser força-motriz de campanha.

Sua missão é titânica, bem diferente do que tangeu em 2004 e 2008: a própria Fafá, que tinha sido sua adversária em 2000.

Nessas duas campanhas, Rosalba promoveu o maior estelionato político de Mossoró, garantindo que a enfermeira seria sua "continuidade administrativa". Sabia que estava vendendo gato por lebre.

Simpática, com carisma pessoal e sem maiores arestas, foi relativamente fácil para Fátima Rosado, a Fafá, ser digerida pela massa-gente. E Chico, quem engole a seco?

A Rosa pode muito, já provou. Entretanto não pode tudo, como – por exemplo – eleger um "poste".

Foto (Carlos Costa: 03-10-10) – Rosalba precisará mais do que força humana e estrutura para eleger Chico, se ele for escolhido.