A longa entrevista da senadora Rosalba Ciarlini (DEM) à tarde de ontem (segunda, 12), à FM 93 (com retransmissão da TV Mossoró), ofereceu sinais quanto aos princípios de linguagem de sua campanha. Retórica e simbologias estão muito claras.

Seu marketing trabalhará com pelo menos três canais de foco-informação, usando os mais diversos recursos de comunicação.

No primeiro, a tentativa de incensar a candidata.

Será vendida a ideia de uma política moderna e labororiosa, potencializando sua passagem pela Prefeitura de Mossoró (três gestões). Ao mesmo tempo, haverá esforço para superdimensionar sua estada no Senado.

O segundo alicerce a levará ao ataque.

Ficou translúcido, que no confronto com o adversário Iberê Ferreira (PSB), a estratégia é o uso do recurso da "associação". Tentará vinculá-lo à imagem da ex-governadora e pré-candidata ao Senado Wilma de Faria (PSB).

"Ele participou de todo o governo", repetiu Rosalba durante toda a entrevista, numa referência ao governador Iberê.

Wilma de Faria

Quanto à Wilma, a proposta visível é descredenciá-la aos olhos do eleitor, lhe impondo a pecha da desconfiança: "Há um sentimento de descrédito, desesperança", citou.

Na campanha, a linguagem não deve ser diferente. "O que ela (Wilma) trouxe foi um presídio", adesivou a senadora, condenando a ex-governadora e jogando parte do ônus pela obra do Governo Federal ao próprio Iberê.

O terceiro ponto é defensivo.

Em momento algum Rosalba quis se imiscuir com os problemas da gestão da prefeita Fátima Rosado (DEM), a quem apoiou e apóia. "Mossoró tem dificuldades e torcemos que supere", disse a senadora na entrevista – olhando a prefeitura de fora para dentro.

Tomou distância do caos, para não ser confundida com ele ou responsabilizada por colocar "Fafá" na prefeitura. Por isso não faz qualquer avaliação do governo e esquiva-se de um endosso aberto.

Nesse caso, para que Rosalba não se "contamine" com o desgaste da prefeita, o processo é de distanciamento calculado e blindagem. Associação, nem pensar. No máximo, as mensagens subliminares vão falar de comparativos, nunca de continuidade administrativa, como fora pregado nas campanhas municipais em relação à sucessora.

A princípio, é isso que foi possível colher da entrelinhas da entrevista da senadora. Mas tudo pode ser ajustado ou ter mudanças radicais, dependendo da necessidade de campanha.  É o "show" da política, com suporte do marketing.