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domingo - 08/06/2014 - 13:13h
Entrevista à revista Época

Rosalba Ciarlini prevê que “DEM tende a sumir”

A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) prevê que o DEM é um partido fadado à morte. “O DEM tende a sumir”, afirma ela em entrevista à revista Época, publicação do grupo Globo, com circulação nacional.

Ela também fala nesta mesma edição, da sua difícil convivência com o senador José Agripino, líder da sigla, além de deixar claro que não teme qualquer adversário numa disputa ao Governo do Estado.

Destaca ainda, sua boa relação política “republicana” com a presidente Dilma.

Veja abaixo a íntegra desse pingue-pongue ou neste link AQUI que vai direto à página virtual da revista:

Governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (Foto: Beto Barata/ÉPOCA)

ÉPOCA – Qual é a importância para o DEM da sua não-candidatura? A senhora é a única governadora do partido.
Rosalba – Eu acho que você tem de perguntar a eles.

ÉPOCA – Mas qual a opinião da senhora?
Rosalba – Só tínhamos dois (governadores). Perdemos um. A única que ficou está sem condições de colocar seu nome. O DEM tende a sumir.

ÉPOCA – Com a decisão de impedir a sua reeleição, o DEM está se apequenando?
Rosalba – Eu acho que, na realidade, era para estarmos lutando para termos mais governadores, como se luta para ter mais prefeitos, que são a base das eleições. Tendo mais governador cresce também a bancada. Muita coisa eu não posso responder por eles.

ÉPOCA – Como foi a reunião da semana passada? A senhora já percebeu um clima desfavorável?
Rosalba – Já percebi, porque na realidade o diretório vem de longas datas, ele (o senador José Agripino Maia) é o presidente do partido, sempre foi. Então, é claro que não tem se renovado muito o diretório. Teve votos nulos, votos em branco, teve abstenções – poucas, mas teve. Então, não havia unanimidade.

ÉPOCA – A votação foi aberta?
Rosalba – Não, foi secreta.

ÉPOCA – O senador Agripino Maia fez algum tipo de consideração?
Rosalba – Não, foi só isso. Ele encaminhou mostrando a necessidade de o partido crescer suas bancadas e, para isso, não poderia ficar só (na disputa eleitoral); que o governo até então não tinha montado uma arco de alianças. Eu ponderei que, para você montar um arco de alianças, você precisa que as lideranças do partido ajudem.

ÉPOCA – A senhora está desapontada com ele?
Rosalba – Eu preferia não fazer nenhuma observação.

ÉPOCA – Por que?
Rosalba – (silêncio) Deixa… Eu estou refletindo.

ÉPOCA – A senhora conversa com o senador Agripino sobre sua situação?
Rosalba – Somos do mesmo estado e o conheço há mais de 50 anos. Frequenta a minha casa e nos tratamos muito bem. Sempre houve confiança de ambas as partes. Durante todo esse período, fui tentada a trocar de partido e isso poderia até ter sido mais promissor para mim politicamente. Mas eu não mudei porque Agripino era o presidente do partido e me mantive no DEM por uma questão de lealdade e respeito a ele.

ÉPOCA – Quais partidos a convidaram para que deixasse o DEM?
Rosalba – Tive convite do PSD, PROS, PTB, PP e de partidos menores. Qual é o partido do Marcelo Crivella? PRB. Tive convite do PRB. Mas fiquei no DEM.

ÉPOCA – Mas o que Agripino disse à senhora recentemente?
Rosalba – Há duas semanas estive com Agripino na casa dele em Natal. Ele disse que se eu tivesse condições eleitorais, poderia tentar. Mas qual seria o problema se eu me candidatasse? Tem candidato que entrou derrotado numa eleição e acabou eleito; e outros que entraram eleitos e saíram derrotados. Uma vez um candidato foi dormir achando que tinha ganhado a eleição em Natal. No outro dia descobriu ter perdido para Aldo Tinoco, um sanitarista que não era muito conhecido. O candidato derrotado foi (o presidente da Câmara) Henrique (Alves) e o povo lá em Natal comenta muito sobre isso. Mas voltando, se eu me candidatasse, o que poderia acontecer? Eu poderia não chegar ao segundo turno. Mas ainda assim o partido seria o fiel da balança no segundo turno e sairíamos ainda mais valorizados. Mas a preocupação era sempre com as eleições para deputados e senador porque não poderia ir só o Democratas. Eu disse que garantiria dois partidos (na aliança) e com chance de angariar o apoio de outros. Mas eu disse a Agripino que precisava de um aceno de que eu seria candidata, porque não posso propor aliança sem saber se vou ser candidata. Aí ele disse que faríamos uma reunião para ouvir o diretório.
>> Felipe Patury: Agripino e Rosalba travam guerra no Rio Grande do Norte

ÉPOCA – Mas quais foram as condições impostas por Agripino para que pudesse apoiá-la?
Rosalba – Ele apontou com clareza as minhas dificuldades. Disse que eu precisava dessas alianças. Também se mostrou preocupado com uma questão jurídica no Tribunal Superior Eleitoral que pede minha inelegibilidade. Mas estou tranquila quanto a isso. No meu caso só cabe uma multa, não a inelegibilidade. O processo fala na chegada de um equipamento a uma semana antes da eleição. Mas eu não estive nesse local da entrega do equipamento e a presidente da comunidade beneficiada disse que eu não estava lá e que ninguém pediu voto.

ÉPOCA – O que a senhora pediu na reunião de segunda-feira?
Rosalba – Pedi que aguardássemos até a convenção do partido para eu ter tempo de costurar as alianças. Historicamente nenhum governador, por mais desgaste que teve, chega a uma eleição com menos de 25% – e eu já estava chegando perto, mesmo sem ser candidata. Aliás, se estou tão desgastada, por que todos têm tanto medo de me enfrentar? O partido cria todo tipo de dificuldade para eu ser candidata. É uma coisa incrível. Depois da reunião os jornais deram destaque que o partido tinha negado a legenda para a minha candidatura. Apesar de não ser oficial, pois o assunto deve ser tratado na convenção, isso dificultou a minha situação ainda mais.

ÉPOCA – E o que aconteceu?
Rosalba – O que me surpreendeu é que o meu apelo não foi levado em consideração. Só que na reunião só se falou sobre eleição proporcional (deputados e senador). Quando isso aconteceu, percebi que se tratava de uma cassação branca. Deixei a reunião para não parecer que estava aceitando aquilo. Fui acompanhada de algumas pessoas. Dizem que dar atenção às eleições proporcionais é uma decisão nacional do DEM com o objetivo de o partido crescer. Acho importante essa preocupação com as eleições proporcionais. Mas fica mais fácil tendo um candidato majoritário. Esse é o meu pensamento. Se na convenção eu percebesse que não teria condições, desistiria. Mas o partido chegou a antecipar as convenções.

Época – Quando será a convenção do DEM no Rio Grande do Norte?
Rosalba – Vai ser no dia 15, quando todas serão depois do dia 25. Mal começou a Copa… Era (para ser no dia) 13, é porque já gritaram lá que é o dia do primeiro jogo (da Copa) em Natal! Então, (foi) tudo montado. Assim, pareceu uma coisa muito… como se diz: não quer, não quer, não quer.

ÉPOCA – O governo da senhora tem sido mal avaliado. Numa pesquisa a senhora ficou na pior posição entre os 27 governadores.
Rosalba – Não digo que vou ganhar a eleição. Mas o nosso partido tinha chance de disputar a eleição. Minha candidatura levaria a eleição no Rio Grande do Norte para o segundo turno. Eu teria a oportunidade de esclarecer muita coisa sobre o meu governo.

ÉPOCA – Como a avaliação do seu governo chegou a esse nível? Isso foi levado em conta na reunião?
Rosalba – Não, isso não (foi levado em conta). Até porque eles sabem que isso (a avaliação do governo) vem melhorando. O governo que eu peguei, como eu disse, estava falido. Os hospitais eram o caos do caos. Com toda essa loucura, nós fizemos mutirão de cirurgias para acabar com as filas e acabamos em muitos lugares, aumentamos 88 leitos de UTI, 140 leitos de retaguarda. (o Rio Grande do Norte) É o estado que tem a maior cobertura de SAMU. Nós temos SAMU em todo estado: toda cidade com mais de 20.000 habitantes tem SAMU. Nós avançamos na oncologia, acabamos com a fila, hematologia está funcionando bem, voltamos a fazer até transplante de fígado que tinha parado. Nada é perfeito, tem muito a fazer, mas já melhorou muito. O aeroporto saiu do papel. Mérito da governadora? Luta da governadora, porque não descansei um só segundo. Teve a presença da nossa bancada? Teve e o compromisso da presidenta Dilma, mas ele vinha se arrastando há 17 anos.

ÉPOCA – Quando a senhora teve sinais de que o PMDB, que apoiava seu governo, não a apoiaria num projeto de reeleição?
Rosalba – Teve um determinado momento em que o PMDB, que chegou a ocupar sete secretarias, deixou o governo. Naquele momento, o PMDB já dizia que queria uma candidatura própria. Começamos a ver entrevistas. Havia sinalizações de que ele estava formando um acordo muito grande, inclusive com partidos que têm ideologias diferentes. A candidata dele ao Senado (Wilma Faria) é do partido do Eduardo Campos (PSB). Henrique Alves dizia que apoiava a (presidente) Dilma (Rousseff). Já outros partidos desse acordão querem apoiar o (senador) Aécio (Neves, candidato pelo PSDB).

ÉPOCA – Qual a vantagem do DEM em apoiar Henrique Alves?
Rosalba – Olha, sinceramente, eu não sei. As bases no interior reagem muito porque sempre foram partidos historicamente, adversários. Isso aí só quem pode responder é quem… Eu não discuti isso, né?

ÉPOCA – A senhora temeria confronto com Henrique Alves?
Rosalba – Não temeria confronto eleitoral com ninguém, porque era uma boa oportunidade para esclarecer muita coisa. Quem for governador do Rio Grande do Norte agora, vai encontrar um Rio Grande do Norte melhor. Nós ficamos entre os três estados, dito pelo próprio Tesouro, que fizemos o melhor ajuste fiscal. O Estado do Rio Grande do Norte conseguiu com o Banco Mundial o maior programa para ser desenvolvido da história do Rio Grande do Norte: US$ 540 milhões. Esse projeto começou comigo, começo, meio e fim. Já está andando o programa, começou este ano. (O estado) Nunca tinha conseguido. E conseguiu por que? Porque fez o ajuste fiscal, tem capacidade de pagamento, de endividamento e tem projetos.

ÉPOCA – A senhora tem um bom relacionamento com a presidente Dilma?
Rosalba – Tenho. Relacionamento republicano.

ÉPOCA – Ela ajudou a senhora?
Rosalba – Sempre que procurei, ela não se negou a ajudar. Isso aí eu tenho de lhe dizer: que a presidenta não criou nenhuma dificuldade. Por exemplo: a barragem de Oiticica, que havia uma dificuldade, vai ser, não vai, se é com Dnocs (Departamento Nacional de Obras de Contra às Seca), se é com o estado. Falei com ela, na mesma hora ela ligou para a (ministra do Planejamento) Míriam (Belchior) e mandou fazer a autorização da ordem de serviço.

ÉPOCA – Esse bom relacionamento com a presidente causou algum tipo de constrangimento para a senhora dentro do DEM?
Rosalba – Saíram dizendo que eu votaria em Dilma. Eu disse, na verdade, que poderei votar. E disse isso porque vi ações de combate à seca com as quais eu estava plenamente de acordo. Foi uma posição em cima de algo administrativo e a maneira republicana com a qual eu fui tratada pela presidente.

ÉPOCA – Houve alguma reação contrária do partido a sua manifestação?
Rosalba – Isso não deve ter agradado por eu ter elogiado tanto a presidenta Dilma. Eu disse que se estiver certo, eu aplaudo. Se estiver errado, também vou dizer.

ÉPOCA – Por que o DEM diminuiu tanto de tamanho?
Rosalba – O partido está precisando fazer uma análise de tudo isso. E acompanhar o rumo que o Brasil está tomando. É um tempo de mudanças e o DEM permaneceu muito estático.

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Categoria(s): Política

Comentários

  1. B.Aragon diz:

    Só fala assim, porque o partido não dá legenda para que a mesma seja candidata a governadora! Ambos entrarão em extinção politicamente.

  2. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Não há necessidade de nenhuma prestidigitação para tal veredito. O partido, que, com outra denominações – QUEM NÃO LEMBRA DA ARENA, PDS, PFL, PL ETC – , apenas denominações, porém com o mesmo intento e desiderato político. Mesmo porque as figuras sempre foram e são as mesmas, sejam originárias de famílias oligarcas e (ou) de matriz ideológica, política e (ou), as quais por razões de sobrevivência político-partidário-patrimonial, tentaram manter o Status quo, como sempre fizeram – desde as capitanias hereditárias – ao longo da história, ou seja, as custas do suor e lágrimas do sofrido e ignaro povo brasileiro.

    Ocorre, que o período medieval e obscurantista da velha e manjada política nacional, gradativamente logrou tornar-se aguas passadas, já não mais havendo espaço para os escravagistas da casa grande continuarem seus projetos de ordem político patrimonial e pessoal, intactos como antigamente exercitavam a luz do dia e a man cheia.

    As velhas figuras da política nacional, estas que premeditadamente sempre fizeram a confusão entre a res pública e res privada, definitivamente haverão de repensar seus métodos e seus projetos quando na vida pública, sob de serem alijados ab-eternum do espaço político tupiniquim.

    Um abraço

    FRANSUÊLDO VIERIA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  3. luis carlos diz:

    É pra rir, essa governadora considerada pior governadora do brasil, levou o rn ao caos, a segurança não existe,
    com as verbas conseguidas pelos governos passados para segurança devolvidos . O cidadão é vítima também dos infratores que estão soltos nas ruas porque essa governdora não reformou as casas de infratores mesmo o MP tendo feito retençãoa de dinheiro. Hoje a FUNDAC VIVE INTERVENÇÃO com uma Delegada a frente nde a mesma deu entrevista e falou do caos quando nem uma barra de sabão era repassada pelo governo.
    O CIDADAÕ sendo roubdo e assaltado pelos infratores soltos nas ruas porquê mesmo presos não tinha onde ficar.

  4. Samir Albuquerque diz:

    “ÉPOCA – O governo da senhora tem sido mal avaliado. Numa pesquisa a senhora ficou na pior posição entre os 27 governadores.
    Rosalba – Não digo que vou ganhar a eleição. Mas o nosso partido tinha chance de disputar a eleição. Minha candidatura levaria a eleição no Rio Grande do Norte para o segundo turno. Eu teria a oportunidade de esclarecer muita coisa sobre o meu governo.”

    Serio, em que mundo imaginário dos teletubes vive o casal que rei sou eu, porque nê.

    Serio que acreditam que caso participe do pleito que se avizinha provocaria a (Des)governadora o segundo turno e mais, iria a ele?

    Se participasse já seria uma gloria, quanto mais, levar ao segundo turno (Só lembrando que tem um processo na Justiça Eleitoral no qual o TRE/RN declarou o transito em julgado para a dona Rosa. Existe de fato, uma liminar que suspendeu efeitos do acordão do tribunal, mas se restringindo ao afastamento imediato, só lembrando.)

    Se pudesse participar, chegar em antepenúltimo lugar já seria gloria.

    Das duas uma, ou mente para os outros, ou mente para todos. Fala serio!

  5. socoromenezes diz:

    amém.

  6. Daniel Santos diz:

    Engraçado, não consegue fazer uma previsão sobre si mesma. Sabe de nada inocente, como terminaram o seus dias de politica…

  7. NÓBREGA diz:

    Reescrevendo a frase de Rosalba:
    “DEM TENDE A SUMIR….E EU TAMBÉM”!

  8. eduardo mourão diz:

    Acho que o radicalista e com um certo de derrotista, no caso o B. Aragon, (Deve ter votado toda vida contra Rosalba e nunca ganhou uma ? Isso ?).. O DEM tá perdido concordo com o revanchista. Mas a governadora, acredito que não . Se contente ou se espernei até as próximas eleições municipais. Rosalba será prefeita de Mossoró de novo. Vai ter que engolir caro Aragon. Rosalba candidata a Prefeita, é imbatívellllllllllllllll!!! Tichau.

  9. Elias diz:

    O DEM está sumindo desde 2002. O RN até ontem era um dos 2 ou 3 estados em que ainda tinha força. Agora nem isso. Agripino apenas está oficialmente declarando o “salve-se quem puder”, rifando a Rosa para salvar o mandato de Felipinho e os empregos de alguns apaniguados que precisam da sombra do próximo governador a ser eleito (se for). Se a Rosa não quiser ser extinta também tem que procurar uma outra lagoa para nadar.

  10. fernando diz:

    Quem são os coveiros do partido.Vou dá o meu palpite: Ravengar, Rosalba Ruth e Betinho.? cheguei perto?

  11. Saulo diz:

    Chamo a atenção para um determinado momento da entrevista, exatamente quando Época aponta a colocação da governadora como sendo a última no ranking nacional. Nesse momento ela, como a maioria dos nossos políticos, demonstra claramente sua real preocupação, que é o SEU futuro político, manter-se ou não no poder. Época aborda um fato alarmante e a governadora ignora, levando a discussão para o âmbito dos projetos políticos PESSOAIS…”Não digo que vou ganhar a eleição. Mas o nosso partido tinha chance de disputar a eleição.”

  12. Amauri Araújo de Moura diz:

    Já previa isto, dela voltar para Mossoró e querer a cadeira da Prefeitura novamente, Francisco José que se cuide. Ela vai deixar Mossoró pior que o Rio Grande do Norte, esperemos pra ver.

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