Nos primeiros dias do Governo Rosalba Ciarlini (DEM), pelo menos dois assuntos monopolizam o noticiário. Como previsto.
Um deles é a formação de sua equipe de auxiliares, haja vista que até o momento não conseguiu fechar todo o elenco. Dificuldades políticas e técnicas que são normais.
O outro tema é a questão da suposta falência do erário, que poderia ser explicada por malversação dos recursos públicos. A governadora e outros porta-vozes do governo falam em "rombo" e conjeturam que possam ter ocorrido desvios cavilosos de numerários.
O enredo, sejamos sincero, não é novo. É recorrente, sobretudo na política do Rio Grande do Norte, quando o poder muda de mãos e lado.
É o caso de agora, pois Rosalba assumiu a gestão das mãos adversárias. A sua postura inicial, pelo que tem ficado claro, é de procurar dissecar o problema financeiro, encaminhando pedido de providências aos órgãos fiscalizadores institucionais, de controle externo, caso necessário.
Vai evitar simplesmente fazer uma auditoria, com contratação de empresa etc.
A experiência de promover auditoria com utilização de auditores da esfera privada, não é bem-sucedida entre nós. Uma até favoreceu sobremodo Rosalba, em seu início de vida pública, nos anos 90. Outra é mais recente.
Vou resumir como foram ambas.
Em 1993, logo que retornou à Prefeitura de Mossoró para o terceiro e último mandato, o ex-senador Dix-huit Rosado (PDT) era um poço de ressentimento em relação à Rosalba e ao sobrinho e então deputado estadual Carlos Augusto Rosado. Apoiara Rosalba em 1988, mas depois foi escanteado no governo.
Contratou a empresa Marpe de Fortaleza para auditoria nas contas da gestão de Rosalba (1989-1992), que teria encontrado um sem-número de irregularidades, desde superfaturamento de obras a licitações viciadas etc. Tudo deu em nada.
Em sua defesa, Rosalba atestou que a Marpe teria sido contratada em concorrência fraudulenta. Terminou se livrando do problema.
Já em 2003, Wilma de Faria (PSB) elegeu-se governadora do Rio Grande do Norte pela primeira vez. De saída, ela promoveu auditoria sob atuação da conceituada consultoria Trevisan de São Paulo.
O caudaloso relatório indicou incontáveis deslizes do ex-governador Garibaldi Filho (PMDB) e do seu vice e depois governador Fernando Freire (PMDB). O material terminou sendo guardado pela própria governadora e ninguém foi punido pelos supostos desvios de recursos públicos.
Como se vê, nos dois exemplos, o caminho do rosalbismo é outro. Faz barulho, mas em seguida pisa no freio. Aposta na cautela.
Mas com certeza não pode ignorar e ser conivente com eventuais excessos da gestão anterior, tanto por razões administrativas, morais e políticas.
Vamos aguardar pra ver.
Mas ontem ela estava fazendo “barulho” em rede nacional via CBN…