O desembarque da prefeita Rosalba Ciarlini (PP) essa semana de novo feriadão, em Brasília, não tem apenas uma agenda administrativa em curso. Há uma delicada pauta política sendo cumprida distante das câmeras e do roteiro oficial. Não poderia ser diferente.
Sua citação como suposta beneficiária de Caixa 2 para a campanha estadual de 2010, com recursos proveniente do farto capital espúrio da Construtora Norberto Odebrecht (veja AQUI e AQUI), mexeu com a imagem da governante. Emocionalmente, também.
Passou a ser prioridade que sejam estabelecidas estratégias de defesa judicial e reação no marketing pessoal-institucional, em face da dimensão que toma o rolo-compressor das delações premiadas de executivos da Odebrecht. Há uma metástase na classe política do país, com alcance de Mossoró e Rio Grande do Norte.
Encontros
Ela tem encontros definidos com advogados e líderes políticos igualmente citados, como o ex-deputado federal Henrique Alves e o senador José Agripino (DEM).
Rosalba fora largada pelos grupos de Henrique e Agripino ao final do seu governo, em 2014. Depois de adernar, afundou sozinha.
Vingou-se politicamente, ao avalizar em Mossoró a candidatura ao governo do seu vice-governador dissidente, Robinson Faria (PSD), contra o próprio Henrique, que recebeu apoio e fez aliança com Agripino. Eram as eleições de 2014.
Meses depois, Rosalba refluiu do afastamento. Começou novo processo de reaproximação de ambos, nos intramuros do delicado processo que colocava seus direitos políticos em jogo no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Safou-se.
Rosalba, Henrique e Agripino juntos de novo
Recomposição política fechada, Rosalba teve apoio de Henrique em minuciosa costura política às eleições municipais do ano passado, quando se elegeu pela quarta vez à Prefeitura de Mossoró. Agripino, por fissura nas relações entre Rosalba e sua liderada e ex-prefeita Cláudia Regina (DEM), ficou equidistante do prélio eleitoral. Contudo, sem se revelar alheio.
Agora e para 2018, os três estão umbilicalmente ligados por conjunção de interesses eleitorais e por apreensões relativas à Operação Lava Jato. A delação em escala industrial dos executivos da Odebrecht é apenas parte dos problemas que bate à porta dos três.
Informações de bastidores apontam que o pior se forma no tocante a outras delações, como dos executivos da construtora baiana OAS. Ela esteve à frente do consórcio que construiu o bilionário Arena das Dunas, equipamento multiuso utilizado em escassos jogos da Copa do Mundo de 2014.
Antes de qualquer hipotético embaraço com delações da OAS, Rosalba já vive às voltas com auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que produziu relatório que lhe compromete (veja AQUI e AQUI a sua posição sobre o caso). O problema veio à tona ano passado.
AUDITORIA
(…)“Parece clara a irresponsabilidade da gestão da época (governo Rosalba Ciarlini) quando contratou sem os devidos estudos técnicos de viabilidade da PPP (Parceria Público Privado) ora em comento. Agiu tal gestão assim de forma supostamente imprudente e negligente com a coisa pública, prejudicando as finanças do Estado com um empreendimento incapaz de atender qualquer das necessidades preponderantes da sociedade potiguar”.
Segundo a auditoria do TCE, o erário estadual estaria condenado a um rombo de mais de R$ R$ 451 milhões ao longo de 15 anos, em face de negligência governamental, que teria movido o empreendimento a sobrepreço (superfaturamento).
Rosalba contou à época com o então presidente nacional do PTB, Benito Gama, como seu secretário de Desenvolvimento Econômico. Ele foi importado por ela para o cargo. Até hoje, é difícil de se justificar sua escolha, além do fato de ser baiano como a OAS.
O secretário extraordinário para Assuntos Relativos à Copa do Mundo, Demétrio Torres, esteve à frente das obras e foi uma indicação do senador José Agripino. É outro enrolado pela auditoria do TCE.
Sair desse emaranhado de suspeições, tanto no campo judicial como político, é missão hercúlea que liga Rosalba a seus tutores políticos de agora, Henrique e Agripino.
Sobreviver ao lamaçal que não para de subir, é imprescindível porque eles deverão estar próximos em 2018. Acordo está firmado assim.
Com gestão municipal se sobressaindo (o que até o momento não ocorre) e imunizada da Operação Lava Jato, Rosalba será importante indutora de voto para retorno de Henrique à Câmara Federal e à reeleição de Agripino.
Sua estada em Brasília tem razão de ser muito além das demandas da Prefeitura Municipal de Mossoró. Faz sentido.
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Ele adora Corrupinópoles. Ele não sai de Corrupinópoles. Ele tá viciado em Corrupinópoles.
– Quem?
– Ora, o $iganinho. Alguém conhece outro que tenha perdido o mandato e insiste em não sair da porta da pocilga?
Alguém ainda se lembra que ao final dos meus comentários eu cobrava o julgamento dos recursos SAL GROSSO e anunciava que EM ABRIL TEREMOS GRANDES NOVIDADES DA POLÍTICA DO RN E DE MOSSORÓ?
Mas ninguém pense que a coisa vai ficar somente nisto. Tem mais por ser revelado.
Isto é apenas a protofonia de uma grande ópera.
Depois do dia 3 de maio tudo ganhará velocidade.
Encerro perguntando se as passagens e diárias da Rosalba Ciarlini, citada na lista do Fachin, nesta sua viagem a Brasília estão sendo pagas pela Prefeitura Municipal de Mossoró.
Viajar na véspera de um feriadão a Brasília para tratar de assuntos administrativos espanta até o mais desatencioso observador.
EM BREVE VEREMOS POLÍTICOS NO RN CHAMANDO URUBU DE MEU LOURO.
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OS RECURSOS SAL GROSSO SERÃO JULGADOS ATÉ O DIA 3 DE MAIO? ACHO QUE SIM.
AS DENÚNCIAS DO EX-PROCURADOR DA CMM ESTÃO SENDO APURADAS DESDE O DIA 06/12/2016.