Por Ney Lopes
Resolvi não disputar a vaga de senador nesta eleição.
Sinto-me abalado emocionalmente, pelas perdas do meu filho e de minha mãe.
Além dessas circunstâncias, influíram os “acordos mudos” da mídia em geral, com o objetivo de exaltar uns candidatos e de outro lado desconhecer, omitir e isolar, quem não lhes convém.
Tal estratégia silente é montada às escondidas, por interessados dissimulados e ocultos.
Fui vítima desse isolamento.
Acreditei em vão, que como pré-candidato ao senado seria possível mostrar a experiência legislativa e serviços prestados, que acumulei durante 24 anos como deputado federal.
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), durante 13 anos (até a minha saída em 2006) escolheu os 100 parlamentares mais influentes do país e apenas oito estiveram sempre na lista, entre eles o meu nome.
Vi que não teria como fazer uma prestação de contas e alcançar a credibilidade necessária para buscar o voto.
O meu nome era absolutamente inconveniente ao “establishment”, comprometi
No processo eleitoral, quando se tem propostas em benefício coletivo e não é possível passá-las à opinião pública, elas não chegam a lugar nenhum.
As pressões e o controle do poder político e econômico anulam quem tenha estilo inovador e independente de campanha.
Realmente, causa perplexidade a atual cooptação no quadro eleitoral do estado.
Exemplo emblemático foi de uma velha amiga do oeste potiguar, que me ligou e disse ter sido procurada por uma pesquisa, quando estava na feira.
Preferiu não citar a preferência pelo meu nome, com medo de ser denunciada e o prefeito demitir a sua filha.
Outro fato: propus um debate aberto, no qual se radicalizaria com propostas concretas em benefício do estado e do país, além de mostrar que o papel do senador é “legislar” matérias relevantes, como foram a reforma trabalhista, reforma previdenciária e outras.
Entidade de classe expressiva considerou “inconveniente” a proposta, certamente para proteger do confronto o seu candidato preferencial.
Guimarães Rosa teve razão ao afirmar: “Inútil fugir, inútil resistir, inútil tudo”.
O RN se transformou num “clube privado”, com acesso restrito aos apoiados pelos governos federal, estadual, municipal, grupos econômicos e partidos, que disponham de milhões do Fundo Eleitoral. Na Constituição Federal é previsto o direito a reivindicações, manifestações e protestos, em defesa de direitos ou contra o abuso de poder.
Se por acaso existir uma “maioria silenciosa”, que reaja e leve o eleitor ao voto livre em 2 de outubro, esses “acordos mudos” serão derrotados.
Do contrário, nada mudará.
Mais uma vez, agradeço aos que acreditarem na minha mensagem.
Mesmo diante de tantos obstáculos, acredito no Brasil.
Sócrates, o filósofo grego, repetia: “O segredo da mudança é não focar toda sua energia em lutar com o passado, mas em construir o novo”
Ney Lopes é jornalista, advogado e ex-deputado federal
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