quinta-feira - 15/05/2025 - 11:22h
Polêmica

Salinor pode perder na Justiça áreas ocupadas ilegalmente

Processo de herdeiros das terras pode ter desfecho com fortes consequências econômicas
Salinor produz mais de 2,5 milhões de toneladas/ano de sal (Foto: Site da empresa)

Salinor produz 2,5 milhões de toneladas/ano de sal (Foto: Site da empresa)

Do Diário do RN

Esse poderá ser um dos casos mais ruidosos dos últimos tempos na justiça do Rio Grande do Norte, pois envolve quase toda a área de produção da Salinas do Nordeste S/A – Salinor, em Macau, considerado o maior parque salineiro da América Latina.

A questão é movida pelos familiares de Feliciano Ferreira Tetéo, nascido em 12 de novembro de 1871, tendo ele ocupado funções na Guarda Nacional e também na condição de Intendente de Macau. Há cerca de 20 anos familiares de Feliciano Tetéo iniciaram questionamentos jurídicos sobres terras que comprovadamente em cartório se encontram em nome de seus ancestrais, que poderão representar o maior questionamento jurídico envolvendo área territorial no Estado.

Representam valores vultosos, mas ainda não definidos, por se tratar de áreas da empresa salineira que tem capacidade de produzir até 2,5 milhões de toneladas de sal por ano e que hoje abastece o mercado nacional e exporta parte de sua produção para os Estados Unidos.

Justiça

O processo nº 0000426-83.2005.8.20.0105 está tramitando na 1ª Vara da Comarca de Macau e segundo o advogado Érick Pereira, que defende os interesses dos herdeiros de Feliciano Tetéo, “esse processo lança luz sobre uma disputa que pode mexer com a história da exploração de salinas no Rio Grande do Norte. Trata-se de inventário dos bens deixados por Feliciano Ferreira Tetéo e Hermínia Dantas Tetéo, entre os quais se destacam valiosas salinas em Macau, patrimônio de grande importância para a economia local e para a memória da família”.

A empresa salineira Salinor, sucedânea das empresas Companhia Comercio e Navegação (CCN) e da Cirne, é considerada a maior produtora de sal do país, mas ainda não se pronunciou quanto aos questionamentos feitos na justiça pelos herdeiros de Feliciano Tetéo e Hermínia Dantas Tetéo, que por sua vez disponibilizam de documentos passados em cartório comprovando a compra das áreas de salinas.

Um dos documentos que atesta a propriedade dos imóveis é a Certidão Vintenária expedida em 02 de outubro de 2001, pela oficial Substituta do Registro Geral de Imóveis, Maria Neuza de Oliveira Carmo. De acordo com o documento, após revisão de arquivo existente no Primeiro Cartório Judiciário da Comarca de Macau, se constata a propriedade da Companhia Nacional de Salinas Mossoró pertencente a Feliciano Ferreira Tetéo, em registro de 23 de maio de 1898.

Além disso, em 14 de novembro de 2000, uma Certidão de Registro certifica as mesmas propriedades em nome de Feliciano Tetéo. Uma planta georefenciada, elaborada pela própria empresa de sal, revela os locais onde a Salinor explora o mineral. E é justamente essa planta que comprova que a empresa usa os mesmos locais que estão escriturados em nome de Feliciano Tetéo.

Uma outra certidão cartorial reforça que, apesar de não ter documentos que comprovem sua real propriedade, a Salinor nunca entrou com nenhum tipo de ação contra o espólio de Feliciano Tetéo, evidenciando que a propriedade das terras pertence a Feliciano, cujos documentos comprovam que essa situação nunca sofreu nenhum tipo de mudança. Ou seja: A empresa Salinor explora suas salinas em terras que nunca lhe pertenceram de forma legal. Ela se apossou de áreas gigantes da cidade sem nunca ter adquirido oficialmente nenhum lote de terra.

Posse indevida

Os herdeiros afirmam que as áreas ocupadas pela empresa teriam sido apossadas de maneira indevida, sem apresentar justo título que legitime a ocupação e o uso do bem. A denúncia de uso irregular das áreas legalmente passadas em cartório e pertencentes aos herdeiros de Feliciano Tetéo e Hermínia Tetéo apontam para anos de exploração sem autorização dos legítimos sucessores.

Reportagem especial de hoje no Diário do RN de Natal (Reprodução do BCS)

Reportagem especial de hoje no Diário do RN de Natal (Reprodução do BCS)

Para o advogado Érick Pereira, “Embora o processo trate da partilha dos bens deixados pelos falecidos, a constatação da exploração sem amparo jurídico pode desencadear efeitos relevantes para o setor salineiro local, além de abrir margem para novas medidas judiciais pelos herdeiros, como ações de perdas e danos”.

Sobre o desdobramento da ação judicial envolvendo o maior parque salineiro da América Latina, o advogado dos herdeiros sintetizou assim: “O caso segue em tramitação, cercado de expectativas tanto pelo valor econômico das terras quanto pela possibilidade de desdobramentos judiciais futuros que podem ganhar destaque regional e nacional”

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Categoria(s): Gerais

Comentários

  1. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAUJO diz:

    Infelizmente , situações como essa, não são exceções no estuário da nossa longa história de concentração de terras, patrimônio e poder em nosso país. Dado que, se realmente fosse realizada pesquisas e investigações acerca do assunto, verificaríamos que parcela majoritária dos latifúndios em nosso país, sem contar, CLARO, COM A POLÍTICA INSTITUCIONAL DE CONCENTRAÇÃO DE RENDA E PODER, tem origem exatamente à partir de grilagens, pilhagens e invasão de terras e outros patrimônios, contando, inclusive com a cumplicidade, licenciosidade e aquiescência dos poderes instituídos, sobretudo cartórios e outros a corroborara com a ilegalidade em favor de uns poucos de sobrenomes pomposos e aristocratas.

    A MAISA E A FAZENDA SÃO JOÃO, ambas, outrora objeto de assentamento de Reforma Agrária patrocinado pelo poder público, IGUALMENTE NASCERAM À PARTIR DESSAS ESTRUTURAS FUNDIÁRIAS MAIS QUE VICIADAS E CORRUPTAS QUE HISTORICAMENTE FAVORECEM A MEIA DÚZIA DE SEMPRE EM DETRMIMENTO DA MAIORIA QUE, NÃO SÓ FORAM EXPULSAS DO CAMPO E NÃO TEM ACESSO A TERRA PARA PRODUIZE E ATÉ MESMO PARA POSSUIR UM TETO QUE SEJA, NA ZONA URBANA DAS NOSSAS CIDADES, GRANDE PARTE DELAS COM IMENSAS E REDIVIVAS FAVELAS.

    Essa realidade, desde sempre faz parte da nossa história. Todavia se aprofundou e tornou-se endêmica à partir do Golpe de 1964 patrocinado pelos Americanos do Norte. Quando efetivamente, o pouco de soberania que o país respirava, gradativamente passou a ser corroída e solapada, a ponto de Eleger um Presidente Espantalho e Genocida, que fazia questão de demonstrar absoluta subserviência aos interesses do Império Militar Americano do Norte, inclusive, fazendo saudações e se ajoelhando perante à bandeira Estadunidense…!!!

    • Hermiro filho diz:

      Eu tinha plena certeza que no final desse comentário Bolsonaro era o culpado.
      Tem que internar em um manicômio e urgente kkkkk

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