Acompanhei uma sÃntese de pronunciamento que o senador José Sarney fez da tribuna do Senado esta semana, Casa que preside. Emocional, vibrante, mas inverossÃmil.
Com quase 80 anos de vida, desde jovem enfronhado com o poder, Sarney deveria renunciar ao mandato e se despedir da atividade pública. Chega.
Nem a defesa do presidente Lula, feita do outro lado do hemisfério, merece ser levada a sério. Tratou o ex-presidente do paÃs como homem de biografia séria, para escuda-lo.
Esse mesmo Lula tinha opinião diametralmente oposta, sobre Sarney, há alguns anos:
– Paulo Maluf pode ser ladrão, mas é trombadinha perto do grande ladrão que é o governante da Nova República (Sarney) – afirmou o então deputado Luiz Inácio Lula da Silva, em 1987. Lá se vão 22 anos.
O tempo e as pessoas mudam.
Alegar desconhecimento de que existiam atos secretos do Senado que criavam cargos, concediam gratificações, nomeações, diárias e outras vantagens a parentes, amigos e cupinchas, é um insulto. Brinca com a inteligência de uma nação inteira.
Sarney e seus asseclas tripudiam do povo, esculacham a República e desfiguram a Constituição. Fazem do Senado um poder clandestino, afeito a atitudes baixas – como a apropriação do dinheiro público, convertido em bem pessoal.
Se o diretor de uma empresa privada fizer isso, o provável é que seja demitido e responda criminalmente pela sujeira. No Senado é diferente. Converte-se em vÃtima. Mártir.
Há poucas semanas, um parlamentar britânico renunciou a presidência da Câmara dos Comuns (equivalente a Câmara dos Deputados), porque não vira em seu entorno uma série de atos de corrupção. Ele, a princÃpio, não tinha ingerência direta sobre qualquer deslize.
Mesmo assim se sentiu incapaz de continuar no posto.
No Brasil, Sarney, Garibaldi Filho (que também nunca vê nada desde a época de governador) e tantas outras figuras preferem uma postura infame.
Já que vivem tentando copiar e transplantar normas vitoriosas em paÃses mais avançados, como voto distrital e financiamento público de campanha, deveriam xerocar também a decência: renunciem, limpem os assentos, saiam desse poleiro de pato.
Prezado Carlos Santos. O Lula é igualzinho, sem tirar nem por, ao Sarney e etc caterva. Quem acompanhou o desenrolar do esquema do MENSALÃO viu a postura dessa enganação que é, infelismente, o nosso presidente. Ele também não sabia de nada. Por isso ele hoje defende o Sarney.