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quinta-feira - 18/06/2009 - 10:34h

Sarney, Garibaldi e o poleiro de pato

Acompanhei uma síntese de pronunciamento que o senador José Sarney fez da tribuna do Senado esta semana, Casa que preside. Emocional, vibrante, mas inverossímil.

Com quase 80 anos de vida, desde jovem enfronhado com o poder, Sarney deveria renunciar ao mandato e se despedir da atividade pública. Chega.

Nem a defesa do presidente Lula, feita do outro lado do hemisfério, merece ser levada a sério. Tratou o ex-presidente do país como homem de biografia séria, para escuda-lo.

Esse mesmo Lula tinha opinião diametralmente oposta, sobre Sarney, há alguns anos:

– Paulo Maluf pode ser ladrão, mas é trombadinha perto do grande ladrão que é o governante da Nova República (Sarney) – afirmou o então deputado Luiz Inácio Lula da Silva, em 1987. Lá se vão 22 anos.

O tempo e as pessoas mudam.

Alegar desconhecimento de que existiam atos secretos do Senado que criavam cargos, concediam gratificações, nomeações, diárias e outras vantagens a parentes, amigos e cupinchas, é um insulto. Brinca com a inteligência de uma nação inteira.

Sarney e seus asseclas tripudiam do povo, esculacham a República e desfiguram a Constituição. Fazem do Senado um poder clandestino, afeito a atitudes baixas – como a apropriação do dinheiro público, convertido em bem pessoal.

Se o diretor de uma empresa privada fizer isso, o provável é que seja demitido e responda criminalmente pela sujeira. No Senado é diferente. Converte-se em vítima. Mártir.

Há poucas semanas, um parlamentar britânico renunciou a presidência da Câmara dos Comuns (equivalente a Câmara dos Deputados), porque não vira em seu entorno uma série de atos de corrupção. Ele, a princípio, não tinha ingerência direta sobre qualquer deslize.

Mesmo assim se sentiu incapaz de continuar no posto.

No Brasil, Sarney, Garibaldi Filho (que também nunca vê nada desde a época de governador) e tantas outras figuras preferem uma postura infame.

Já que vivem tentando copiar e transplantar normas vitoriosas em países mais avançados, como voto distrital e financiamento público de campanha, deveriam xerocar também a decência: renunciem, limpem os assentos, saiam desse poleiro de pato.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Eriberto Suassuna diz:

    Prezado Carlos Santos. O Lula é igualzinho, sem tirar nem por, ao Sarney e etc caterva. Quem acompanhou o desenrolar do esquema do MENSALÃO viu a postura dessa enganação que é, infelismente, o nosso presidente. Ele também não sabia de nada. Por isso ele hoje defende o Sarney.

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